Convocada pelo presidente Barack Obama, a quarta cúpula sobre segurança nuclear começou nesta quinta-feira (31) em Washington com a agenda concentrada na
Coreia do Norte, país que também é tema de reuniões de alto perfil entre Estados Unidos, Japão, China e Coreia do Sul.
O dia começou com uma reunião tripartite entre Obama, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, e a presidente da Coreia do Sul, Park Geun-Hye.
No final desse encontro, Obama disse à imprensa que é necessário "respeitar firmemente as duras medidas de segurança adotadas pela ONU" contra Pyongyang, que fez testes nucleares e de mísseis consideradas provocadores.
De acordo com Obama, a Coreia do Norte dominou a agenda da reunião.
"Estamos unidos em nossos esforços para conter e nos defender das provocações da Coreia do Norte, e temos de trabalhar juntos para alcançar este desafio", disse o presidente.
Esse país realizou um teste nuclear em janeiro e, em fevereiro, fez experiências bem-sucedidas com um foguete de longo alcance, em um cenário que provocou intensa preocupação em todo o Sudeste Asiático.
Washington e Seul já iniciaram inclusive as discussões sobre a eventual aplicação na Coreia do Sul do sofisticado sistema antimísseis americano THAAD.
Em 2010, o presidente Obama lançou, em Washington, a primeira dessas cúpulas sobre segurança nuclear. Depois, houve encontros similares na Coreia do Sul e na Holanda, dedicados à segurança das reservas de urânio e de plutônio, assim como medidas para evitar o contrabando.
Papel da China
A Casa Branca se propõe a manter as pressões sobre a Coreia do Norte, com o objetivo de aumentar o custo econômico e diplomático da decisão de Pyongyang de ignorar os apelos da comunidade internacional em favor da suspensão de seus testes nucleares.
Para o governo americano, a China tem um papel fundamental nas sanções contra a Coreia do Norte e - muito especialmente - para convencer Pyongyang a moderar sua agressiva retórica para a região.
Em contrapartida, Pequim não esconde sua preocupação com a possibilidade de que Washington decida aplicar o sistema THAAD na Coreia do Sul.
Preocupação por 'bomba suja'
A presença que atraiu as atenções nesta quinta-feira foi, porém, a do presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Opositores a Erdogan e membros de sua equipe de segurança protagonizaram choques sem maiores consequências nos arredores da Brookings Institution, o mais prestigiado "think tank" americano. No instituto, o líder turco faria uma palestra sobre segurança.
Essa conferência de Erdogan começou pouco depois da confirmação de um atentado na cidade turca de Diyarbakir, que deixou pelo menos seis mortos.
Esta quarta cúpula também tem como pano de fundo a preocupação de que grupos radicais como o Estado Islâmico (EI) possam obter uma "bomba suja" (de dispersão radioativa).
A reunião acontece apenas alguns dias depois dos atentados em Bruxelas, na Bélgica, nos quais foram usados explosivos convencionais. Além disso, dois dos suicidas foram relacionados a possíveis esforços por parte do EI para obter acesso a materiais para uma "bomba suja".
Poucos técnicos consideram realista que o EI vá desenvolver uma arma nuclear, mas, se tiver acesso a material radioativo, pode construir uma bomba suja.
Ausências notáveis
De qualquer forma, a reunião não contará com atores fundamentais para qualquer discussão global sobre segurança nuclear: a ausência de Rússia, Coreia do Norte, Bielarrússia e Irã, por exemplo, mostra alguns dos obstáculos na frente que a Casa Branca busca consolidar.
Além da Rússia, que conta com um enorme potencial nuclear, a Coreia do Norte conseguiu desenvolver armamento atômico e o Irã firmou um histórico acordo com países ocidentais para o controle de seu programa de energia atômica. Por isso, a presença dessas nações era considerada fundamental.
Os presidentes Mauricio Macri (Argentina), Michelle Bachelet (Chile) e Enrique Peña Nieto (México) confirmaram sua presença na reunião. Na terça-feira, Dilma Rousseff cancelou sua viagem aos EUA diante do agravamento da crise política que ameaça seu governo. A presidente será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.
Fonte: G1
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