Os blocos de cimento estão equilibrados em uma pilha de três metros na areia da praia. Seria arte? Um enorme marcador de
distância?
Carlton Hall, cientista-chefe do programa ecológico do Centro Espacial Kennedy, disse que quando começou a trabalhar aqui, há algumas décadas, o bloco estava enterrado. Agora, a areia que o cobria desapareceu, levada pela força da erosão costeira e das tempestades. "A praia tinha pelo menos mais 45 metros."
Do outro lado das dunas, a 400 metros, há duas estruturas artificiais de uns 15 metros de altura. Elas são as maiores plataformas de lançamento da Nasa. E ao sul, existem várias outras, menores.
Este é o porto espacial mais movimentado dos EUA e a água está subindo.
Como em muitas partes da Flórida, a Costa Espacial –um trecho de 115 quilômetros ao longo do Atlântico– sente a ameaça das alterações climáticas. Parte da erosão é causada pela força das correntes oceânicas ao longo da costa.
O aumento do nível do mar trará riscos ainda maiores com o tempo, talvez mais cedo do que a maioria dos pesquisadores esperava. De acordo com um estudo recente, o aquecimento do manto de gelo da Antártica poderia ajudar a elevar os níveis do mar entre 1,5 e 2 metros até o final deste século.
A Nasa não é apenas uma vítima da mudança do clima. Ela contribui para a ciência climática de muitas maneiras e não apenas com os dados dos muitos satélites que orbitam o planeta ao serem lançados daqui.
A agência, que tem pelo menos US$ 32 bilhões (cerca de R$ 112 bilhões) em estruturas e instalações por todo o país, vem considerando os possíveis efeitos das alterações climáticas há quase uma década, disse Kim W. Toufectis, estrategista que lidera o programa de planejamento da agência espacial.
Na verdade, o risco para a Nasa vai muito além da Flórida. Cerca de dois terços da terra que a agência ocupa estão no nível do mar e grande parte disso fica perto do litoral.
Um grupo de trabalho da agência, o Investigadores da Ciência de Adaptação Climática, que avalia riscos para todas as agências federais, previu que um aumento de 13 centímetros do nível do mar para mais de 60 centímetros em 2050 pode causar problemas generalizados para as cinco localizações costeiras da Nasa.
As inundações litorâneas que agora podem ocorrer uma vez a cada dez anos podem dobrar de frequência em Johnson, ser entre duas e três vezes mais frequentes no Kennedy e dez vezes mais frequente em Ames.
"Os centros litorâneos da Nasa que já estão em risco de inundação certamente ficarão mais vulneráveis no futuro", diz um relatório de 2014 do grupo de trabalho.
Fonte: Folha de São Paulo
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