Embora a reunião do diretório nacional do PMDB tenha decidido nesta terça-feira (29) romper com o governo e entregar todos os
cargos ocupados pelo partido na administração federal, até a noite, a maioria dos seis ministros do partido ainda não tinha anunciado uma decisão. Mas, segundo informou o Jornal Nacional, três deles permanecerão no governo.
O único que já anunciou publicamente que não sairá do governo e não deixará o partido – o que confronta com a deliberação do diretório nacional – é Celso Pansera (Ciência e Tecnologia), deputado pelo PMDB-RJ.
Segundo apurou o Jornal Nacional, além de Pansera, Marcelo Castro (Saúde) e Kátia Abreu (Agricultura) pretendem permanecer no governo. Eduardo Braga (Minas e Energia), Mauro Lopes (Aviação Civil) e Helder Barbalho (Portos) devem sair, mas querem um prazo.
No caso de Kátia Abreu (PMDB-TO), da Agricultura, ministra muito próxima da presidente Dilma Rousseff, há possibilidade de ela deixar o partido para permanecer no governo. Um possível caminho para a ministra é voltar para o PSD, do ministro Gilberto Kassab (Cidades), ex-prefeito de São Paulo.
Henrique Alves deixou a pasta do Turismo nesta segunda-feira (28), um dia antes da reunião do diretório nacional do partido.
O presidente nacional do PMDB, Michel Temer, continuará como vice-presidente da República porque foi eleito na mesma chapa de Dilma Rousseff.
Veja abaixo a situação de cada um dos ministros do partido.
Celso Pansera, ministro de Ciência e Tecnologia
Após participar de evento nesta terça em Salvador (BA) com secretários estaduais de Ciência e Tecnologia, Pansera afirmou que permanecerá no cargo e, mesmo assim, não deixará o PMDB.
Kátia Abreu, ministra da Agricultura
Segundo a assessoria, a ministra ainda não decidiu o que fará, mas pode ser que ela anuncie uma decisão nesta quarta (30). Uma hipótese é a de ela deixar o PMDB para permanecer no governo.
Mauro Lopes, ministro da Secretaria de Aviação Civil
Conforme a assessoria, o ministro, deputado federal licenciado, só anunciará sua decisão após se reunir com o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB, com a presidente Dilma Rousseff e com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ). Mas a tendência é ele deixar o governo.
Marcelo Castro, ministro da Saúde
Ainda não há definição por parte do ministro e não há previsão sobre quando Castro anunciará sua decisão, informou a assessoria. Segundo informou o JN, ele vai permanecer.
Helder Barbalho, ministro da Secretaria de Portos
A assessoria do ministro de Portos disse que ele ainda não tem uma posição a respeito. De acordo com o Jornal Nacional, ele deixará o governo.
Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia:
A assessoria não se pronunciou sobre o assunto, mas Braga também deve sair, segundo informou o JN.
A reunião do diretório
Marcada há cerca de duas semanas pelo presidente nacional do PMDB, Michel Temer, a reunião do Diretório Nacional do partido nesta terça foi marcada pela rapidez. Em menos de cinco minutos após o início, o encontro já havia decretado o rompimento da legenda com o Palácio do Planalto.
Comandado pelo primeiro-vice-presidente do PMDB, senador Romero Jucá (RR), o encontro ocorreu em um dos plenários da Câmara dos Deputados e decidiu, por aclamação (sem contagem de votos), que a legenda desembarcaria do governo da presidente Dilma.
Caciques da legenda, como Temer e o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), não compareceram.
A reação do governo
No início da noite, o chefe de gabinete da presidente Dilma, Jaques Wagner, convocou a imprensa para uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto na qual avaliou que a saída do PMDB ocorreu em “boa hora” – por ter sido antes da votação do impeachment – e permitiu à presidente fazer uma “repactuação” com a base aliada.
"O governo recebe com naturalidade a decisão interna do PMDB, agradece todo esse tempo de colaboração que tivemos ao longo desses cinco anos no governo da presidente Dilma, e creio que a decisão chega numa boa hora, porque oferece à presidente Dilma ótima oportunidade de repactuar seu governo", disse Wagner em sua fala.
‘Efeito dominó’ na base
Desde os últimos dias, diante da iminente saída do PMDB da base, integrantes da alta cúpula do governo passaram a agir junto a partidos da base aliada a fim de evitar o chamado “efeito dominó”, causando o rompimento de mais partidos com o Palácio do Planalto.
Entre as estratégias, informou o colunista do G1 e da GloboNews Gerson Camarotti, está a adoção das negociações em “varejo”, por meio das quais o Planalto trata de nomeações em cargos e liberação de emendas diretamente com os parlamentares, e não mais com o conjunto dos partidos.
Mas já nesta terça, por exemplo, horas após o PMDB anunciar o desembarque, o PP também informou que as bancadas na Câmara e no Senado se reunirão nesta quarta (30) para decidir se também rompem com o Palácio do Planalto – atualmente, a legenda tem o controle do Ministério da Integração Nacional.
Fonte: G1
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