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terça-feira, março 22, 2016

Piloto ucraniana pega 22 anos de prisão por morte de repórteres

Nadezhda Savchenko foi condenada pela morte de dois jornalistas russos (Foto: Maxim Shemetov/Reuters)A piloto ucraniana Nadezhda Savchenko foi condenada nesta terça-feira (22) por um tribunal da Rússia a 22 anos de prisão pela morte de dois jornalistas russos no
leste da Ucrânia.
"O tribunal chegou à conclusão de que a reabilitação de Savchenko só é possível em condições de isolamento da sociedade", disse o juiz Leonid Guerasimenko ao ler a decisão no tribunal de Donetsk, cidade russa homônima da que fica na Ucrânia.
Além disso, Savchenko foi multada por atravessar ilegalmente a fronteira, embora seus advogados argumentem que ela foi sequestrada pelo Serviço Federal de Segurança russo (FSB, antiga KGB) quando estava retida por separatistas pró-Rússia na região ucraniana de Lugansk.
O juiz, que considerou que o álibi de Savchenko foi desmontada pelos depoimentos de milicianos separatistas, levou em conta que a piloto já está há 20 meses na prisão, por isso ficará atrás das grades até 2028.
"O tribunal não encontrou confirmação do álibi de Savchenko. A ré mudou várias vezes seu depoimento durante o julgamento", afirmou.
Além disso, o magistrado explicou que os argumentos apresentados pela defesa têm várias contradições e que não viu "atenuantes" que aliviem a pena de prisão, como doença, admissão de culpa, remorso, filhos menores de idade ou pais idosos.
A justiça russa também não avaliou o fato de que Savchenko tinha imunidade parlamentar desde outubro de 2014 como deputada ucraniana e como membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.
A promotoria, que pedia 23 anos de prisão, se mostrou "satisfeita" com a decisão, levando em conta a gravidade dos crimes cometidos: "participação no assassinato de civis e cruzamento ilegal da fronteira".
Fontes oficiais admitiram a possibilidade de que Savchenko, que está em greve de fome desde 4 de março e afirmou que deixará de ingerir líquidos quando entrar em vigor a decisão judicial - dentro de dez dias -, seja entregue à Ucrânia ou trocada por outro prisioneiro, embora só no caso de Kiev reconhecer a decisão condenatória.
Segundo a decisão, a piloto revelou às forças ucranianas em 17 de julho de 2014 as coordenadas de um posto de controle das milícias pró-Rússia na região de Lugansk onde estavam os dois repórteres da rede estatal de rádio e TV russa que acabaram mortos em um bombardeio.
Os Estados Unidos - cujo secretário de Estado, John Kerry, chega na quarta-feira a Moscou - e a União Europeia exigiram na segunda a imediata libertação de Savchenko, mas o Kremlin rejeitou qualquer ingerência no trabalho da justiça russa.

Fonte: G1

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