O ministro da Cultura Juca Ferreira, 67, se pronunciou nesta sexta-feira (18) sobre o escândalo de superfaturamento no Theatro Municipal de São Paulo. Ele era secretário municipal de cultura
quando José Luiz Herencia, agora investigado por lavagem de dinheiro e superfaturamento de óperas, foi nomeado diretor-geral do espaço.
Em delação mantida em segredo pelo Ministério Público Estadual de SP desde o início de março e parcialmente divulgada na quinta (17), Herencia citou o maestro John Neschling, diretor artístico do Municipal, como beneficiário de um esquema responsável por um rombo de até R$ 20 milhões nas finanças da instituição.
O secretário de comunicação do prefeito Fernando Haddad (PT), Nunzio Briguglio Filho, foi implicado de forma menos direta, por ter se empenhado em defesa da realização de "Alma Brasileira", peça multimídia do grupo catalão La Fura dels Baus.
O advogado de Neschling, Eduardo Pizarro Carnelós, negou que o maestro tenha cometido irregularidades. Briguglio negou participação na decisão de contratar ou realizar o espetáculo.
Em nota do MinC, Juca Ferreira parabenizou a Controladoria Geral do Município de São Paulo (CGM) pela investigação "realizada dentro da lei e dos referenciais do Estado democrático de direito", se dizendo "estupefato e indignado" com as descobertas da operação.
"[Os responsáveis pelos desvios] são pessoas que traíram um importante projeto de valorização da música sinfônica, construído dentro de uma gestão cultural vitoriosa e de alto nível, com grande repercussão no país e em várias partes do mundo", escreveu.
Ele defendeu que o projeto não pode e nem deve ser interrompido em função das irregularidades.
"O Ministério da Cultura via o projeto 'Alma Brasileira', proposto pela Fundação Theatro Municipal, como importante para a divulgação da obra de Villa Lobos e havia decidido apoiá-lo por meio de convênio com a Fundação", declarou.
Segundo Ferreira, os realizadores se negaram a detalhar pagamentos da ordem de R$ 3,3 milhões à empresa Old and New Montecarlo.
"Nós, do MinC, nos recusamos a firmar o convênio sem que houvesse o detalhamento de tais gastos", argumentou.
De acordo com o ministro, o impasse só foi resolvido quando a Fundação Theatro Municipal, sob a gestão do atual diretor-geral, Paulo Dallari, desistiu do convênio.
Fonte: Folha de São Paulo
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