A economia brasileira não vislumbra um dos seus melhores momentos. Atingida diretamente pela crise política que se instalou no país, a economia deverá seguir
esse tom pelo resto deste ano. Previsões mais pessimista indicam que a recessão deve durar pelo menos até o segundo semestre de 2018, quando ocorre a eleição nacional e a mudança de governo.
Um dos economistas que defendem isso é o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Ricardo Valério Menezes, que reconhece que o tom parece extremamente negativo, “mas realista”.
“O ano de 2016 está sinalizando que será um ano perdido para a economia. Tudo indica que será um ano pior que 2015, e a nossa expectativa é de que o início da estabilidade venha somente no segundo semestre de 2018. É uma previsão pessimista, mas realista”, comentou o economista.
Segundo Valério, os sinais estão na oscilação que o mercado sofre nos últimos meses e que ganhou ainda mais destaque nesta semana que começou com a publicação da delação premiada do senador Delcídio Amaral, e seguiu com as divulgações das escutas telefônicas da presidente Dilma Rousseff com o ex-presidente Lula, além da nomeação dele como ministro. Tudo isso influencia o setor econômico.
“O mercado é muito dinâmico e a tendência é que ele acompanhe o mercado internacional e a política. Delações, gravações, tudo isso é o termômetro do mercado. Pelo menos em relação aos assuntos desta semana, a tendência dessa instabilidade é se manter nos próximos 20 dias”, avaliou.
Ricardo Valério explica que as consequências dessa instabilidade no dia a dia podem ser vistas por meio dos índices de demissões ou a inflação, que neste ano deve ficar na faixa dos 7,5%. Numa reação em cadeia, o consumo cai e a desconfiança do setor econômico a nível nacional e mundial com a economia brasileira se mantem em alta.
Mudança no governo
A solução, para o representante do Corecon, é a mudança no governo federal, de preferência por uma renúncia porque na visão dele, a primeira opção sairia mais caro para os cofres públicos.
“A solução vem via impeachment ou renúncia e acredito que a resposta será imediata. Tanto a bolsa sobe como o dólar se estabiliza, acredito que entre R$ 3,50 e R$ 3,60”, afirmou Ricardo Valério.
Apesar de concordar que a estabilidade deve vir com a saída de Dilma do Palácio do Planalto, o professor de economia da UFRN, William Eufrásio, acredita que caso se encontre um apaziguamento político, o país sai da crise.
“Precisamos encontrar um apaziguamento na política para que o Congresso volte ao trabalho. O Congresso é o motor de desenvolvimento do país e no momento está parado com essa crise política”, opinou.
Para ele, a aquisição de Lula na equipe presidencial pode trazer essa trégua pela capacidade de negociação do ex-presidente. Eufrásio ainda diz que que oscila é o mercado secundário, aquele que envolve acionistas e investidores. O professor universitário afirma que o mercado na bolsa de valores é como uma banca de apostas e que é tão instável por causa disso.
“Os investidores se beneficiam com isso e aproveitam a situação política para ‘apostarem’. A população vê na televisão essa oscilação e se assusta, começa a comprar menos e a economia vai caindo. Com isso o governo aumenta a taxa Selic e quem se prejudica é exatamente a classe trabalhadora”, concluiu Eufrásio.
Fonte: Portal Noar
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