O Ministério Público Federal (MPF) arrolou como testemunha no processo contra o pecuarista José Carlos Bumlai, por engano, um
capoteiro de Belo Horizonte (MG). Na audiência, ao perceber o engano, o procurador encerrou brevemente as perguntas e passou a palavra ao juiz Sérgio Moro, que encerrou o depoimento afirmando se tratar de um caso de homônimo.
Capoteiro é o profissional que trabalha com restauração e estofamento de bancos de automóveis. No diálogo, o procurador chega a questionar se a testemunha trabalho no Banco Schahin.
A audiência ocorreu na manhã de sexta-feira (4). Nos pouco mais de dois minutos do depoimento, o juiz, como de praxe, advertiu a testemunha que ela poderia manter-se em silêncio, e que não poderia mentir durante a oitiva.
Na sequência, passou a palavra ao procurador Diogo Castor de Mattos, que começou a questionar Jorge Washington Blanco, natural de Belo Horizonte, e que estava em contato com a Justiça Federal em Curitiba através de videoconferência com Minas Gerais. Veja a transcrição do diálogo:
Procurador: “Bom dia senhor Jorge, tudo bem?”.
Testemunha: “Bom dia, tudo bem”.
Procurador: “O senhor pode esclarecer a sua atividade profissional durante o ano de 2009?”.
Testemunha: “Eu sou capoteiro”.
Procurador: “Capoteiro?”
Testemunha: “É”.
Procurador: “O senhor trabalhou durante algum período no Grupo Schahin?”
Testemunha: “Não”.
Procurador: “O senhor esteve alguma vez com Jorge Luiz Zelada?”.
Testemunha: “Não conheço”.
Procurador: “Sem mais perguntas, excelência”.
Juiz: "Assistente de acusação tem perguntas?"
Assistente de acusação: "Sem perguntas".
Juiz: "Os defensores têm alguma indagação?".
Defensor não identificado: "Se trata de outra pessoa, seria um uruguaio, ou argentino"
Juiz: "Eu não tenho ideia, doutor, a testemunha é da acusação. Bem, talvez o senhor tenha sido chamado por engano, por alguma questão de homônimo. Eu declaro encerrado o seu depoimento, não tenho indagações”.
O G1 procurou o MPF e aguarda retorno.
Outro caso
Esta não é a primeira vez que testemunhas são arroladas por engano em processos derivados da Operação Lava Jato. Em março de 2015, a defesa do doleiro Alberto Youssef convocou por engano um funcionário do Banco Safra. Na ocasião, o próprio doleiro percebeu o equívoco ao ver a fisionomia de Américo Esteves Neto.
“Se tratava de fato de uma pessoa chamada Américo, a defesa tentou diligenciar perante o Banco Safra quem poderia ser eventualmente o Américo pretendido pela defesa para ser ouvido. Chegamos à pessoa do Américo Esteves, mas, agora olhando no link, o meu cliente não reconheceu a fisionomia dele como sendo ele. Eu gostaria de desistir da oitiva da testemunha”, afirmou o advogado.
Fonte: G1
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