O ex-diretor financeiro do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema), Clebson José Bezerril, afirmou que o valor da fraude investigada pela
operação Candeeiro deve chegar a casa dos R$ 30 milhões. Após assinar acordo de delação premiada com o Ministério Público, Clebson prestou depoimento à Justiça na manhã desta sexta-feira (19). De acordo com o réu, sete empresas que ainda não estavam sendo investigadas pelo MP estariam envolvidas com o esquema desde o começo.
"O valor deve passar da casa dos R$ 30 milhões porque tem mais sete empresas que estavam desde o começo até o final do esquema. Elas não estavam sendo investigadas, mas depois da minha delação o Ministério Público conseguiu chegar até elas”, afirmou Clebson. Antes da delação, o Ministério Público estimava que a fraude no Idema havia desviado R$ 19 milhões.
Antes do depoimento do ex-diretor, as defesas de sete réus arrolados no processo chegaram a pedir o adiamento dos depoimentos dos clientes, a fim de tomar conhecimento dos novos fatos apresentados. No entanto, três advogados voltaram atrás, de forma que apenas quatro réus mantiveram o pedido de adiamento.
Segundo Clebson, todas as denúncias feitas durante a delação já foram comprovadas pelo MP, inclusive com provas documentais. “Todas as denúncias que eu fiz eu tenho como provar e o Ministério Público já foi atrás e sabe de tudo”, afirmou durante entrevista exibida no RN TV 1ª Edição (veja acima). Ainda de acordo com o ex-diretor, o acordo inclui a remissão da pena pela metade.
Esquema
No dia em que foi preso, durante depoimento ao MP, Clebson adintou que o esquema consistia em efetuar pagamentos por serviços que nunca foram prestados. Esses pagamentos eram feitos a empresas de fachadas e o dinheiro era dividido entre o diretor administrativo do Idema, Gutson Johnson Giovany Reinaldo Bezerra, o dono de uma empresa de fachada e os funcionários do Idema envolvidos na fraude.
O dinheiro que entrava no Idema e não era cadastrado no Siafi era usado para pagar as empresas de fachada através de ofícios assinados pelo diretor administrativo Gutson Bezerra, segundo Clebson. Com esses ofícios, o banco autorizava a transferência do dinheiro para as contas das empresas sem saber que se tratava de uma fraude.
"O dinheiro era dividido entre Gutson e o restante do pessoal. Era 90% para Gutson e 10% para o dono da empresa que recebeu o pagamento e para o restante", explicou Clebson.
No depoimento, Clebson foi questionado porque o Tribunal de Contas não teria percebido a fraude. Ele responde que a fiscalização do TCE é falha. "Na verdade esse balanço aqui eu não sei nem como eles analisam, isso é muito falho. Era para eles pedirem isso aqui muito mais detalhado. O sistema é muito frágil. Eles só pedem a conciliação do último mês do ano que é dezembro, o restante eles não pedem, o restante é só saldo. Eu posso roubar em janeiro, fevereiro e eles não vão saber", disse.
Operação Candeeiro
Quatro pessoas foram presas na operação Candeeiro, deflagrada pelo Ministério Público Estadual no dia 2 de setembro de 2015. Um dos detidos foi o filho da ex-procuradora-geral da Assembleia Legislativa do RN, Rita das Mercês. Segundo o MP, Gutson Johnson Giovany Reinaldo Bezerra, ex-diretor administrativo do Idema, é o principal responsável pelo esquema, que teria desviado mais de R$ 19 milhões do órgão. A mãe dele foi presa no dia 20 de agosto na operação Dama de Espadas por suspeita de desvio de recursos públicos na AL. Ela foi solta três dias depois por força de um habeas corpus.
Os demais presos da operação Candeeiro são: Clebson Bezerril, ex-diretor financeiro do Idema; João Eduardo de Oliveira Soares, também funcionário do setor de contabilidade do órgão; e Renato Bezerra de Medeiros. O quinto mandado é contra Antônio Tavares Neto.
Foram emitidos cinco mandados de prisão temporária, 10 mandados de condução coercitiva e 27 mandados de busca e apreensão em Natal, Parnamirim, Santana do Matos e Mossoró. De acordo com o MP, os desvios dos cofres do Idema aconteceram entre os anos de 2013 e 2014. O juiz da 6ª Vara Criminal de Natal decretou ainda sequestro de bens e valores de pessoas físicas e jurídicas.
Enquanto o MP cumpria mandados de busca e apreensão na sede do Idema, que fica na Zona Sul de Natal, os funcionários foram impedidos de entrar no local. O prédio foi liberado após o cumprimento dos mandados.
Fonte: G1
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