Uma nova campanha lançada por um partido de esquerda de Portugal para celebrar a recente aprovação da lei que permite a adoção por homossexuais está causando polêmica no país por
utilizar a imagem de Jesus Cristo.
"Jesus também tinha dois pais", se pode ler no cartaz, que inclui a data de 10 de fevereiro, dia em que o parlamento português aprovou esta nova legislação.
A campanha é do Bloco de Esquerda, o terceiro grupo parlamentar com mais deputados no plenário (19 das 230 cadeiras).
O partido é, junto com o Partido Comunista e Os Verdes, aliado do atual governo socialista, e teve um papel fundamental na sua chegada ao poder.
Todos eles votaram a favor da legalização da adoção por casais homossexuais, embora a legislação ainda deva ser promulgada pelo chefe do Estado, o conservador Aníbal Cavaco Silva.
O presidente português - que deixa o cargo no próximo dia 9 de março, após dois mandatos - usou seu poder de veto e devolveu ao parlamento em primeira instância a lei, por considerar que ainda precisa ser comprovado que ela "promova o bem-estar dos menores, cujos interesses devem prevalecer" sobre outras questões.
No entanto, depois de a legislação ser novamente aprovada pela maioria dos deputados, Cavaco Silva não terá outra opção além de sancioná-la, já que a Constituição portuguesa permite o "veto absoluto" somente para leis aprovadas diretamente pelo governo, mas não pela câmara.
O cartaz com a imagem de Jesus Cristo é só um dos desenhados para esta campanha, que deverá ser divulgado em áreas públicas de várias cidades lusas.
O Bloco de Esquerda explicou que também haverá outros cartazes com a palavra "Igualdade" acompanhada de imagens de diferentes tipos de família.
Em declarações publicadas pelo "Diário de Notícias", a deputada deste partido, Sandra Cunha, descartou que a campanha busque provocar polêmica ou "confrontar a Igreja", e lembrou que o lema "Jesus tinha dois pais" já foi usado em outras iniciativas semelhantes no mundo.
No entanto um porta-voz oficial da Conferência Episcopal portuguesa já qualificou o cartaz de "confronto para os fiés" e considerou que seu conteúdo representa "uma analogia sem sentido".
Fonte: G1
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