A ação dos criminosos presos na praça de pedágio da Rodovia Marechal Rondon, em Agudos (SP) seria frustrada mesmo se os nove homens não tivessem sido detidos. Isso porque as gavetas retiradas
pelos criminosos dos caixas automáticos explodidos em Cabrália Paulista (SP) na quinta-feira (4) estavam vazias. Elas foram apreendidas pela polícia no ônibus que foi fretado pela quadrilha e utilizado na fuga e estavam lacradas.
No entanto, após a abertura feita pela polícia foi constatado que não havia dinheiro nas gavetas e também em nenhum lugar do ônibus. A informação de que as gavetas estavam vazias e não havia dinheiro nos caixas foi confirmada pela gerência da agência bancária assaltada.
Dois equipamentos foram explodidos em uma das agências de Cabrália Paulista e os criminosos ainda tentaram explodir os caixas de outra agência, que fica a 200 metros da primeira, mas o explosivo falhou. Após a ação eles fugiram em dois carros que foram abandonados no horto florestal, onde a quadrilha havia deixado o ônibus fretado para a fuga.
O veículo foi interceptado na rodovia que liga Piratininga a Bauru e como os homens não respeitaram o sinal de parada de uma viatura da Polícia Rodoviária, foi montado um cerco policial no pedágio da Marechal Rondon em Agudos. Oito homens se entregaram no momento que foram parados no pedágio. Já um nono criminoso permaneceu dentro do ônibus por mais de 3 horas. Fortemente armado, ele chegou a atirar nos policias militares, mas ninguém se feriu.
Todo o armamento foi jogado pela janela antes do criminoso se entregar. Como havia explosivos com a quadrilha, uma equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionado para desarmar os artefatos. Eles foram recolhidos pela equipe e levados em caixas especiais para um local seguro. O mesmo trabalho foi realizado nas agências bancárias de Cabrália Paulista.
Nesta sexta-feira (5), as agências bancárias permanecem fechadas. E quem precisa utilizar os serviços bancários precisa procurar os três correspondentes bancários que existem na cidade. Em uma das agências, onde não houve a explosão, a assessoria informou que os danos estão sendo avaliados e a previsão é de retorno das atividades na segunda quinzena de fevereiro. Já a agência onde houve as explosões ainda não deu uma previsão de retorno do serviço.
A ação
Nove homens foram presos na ação policial. Eles chegaram à Cabrália Paulista em dois carros e explodiram dois caixas automáticos de uma agência bancária, conseguiram pegar todo o dinheiro e ainda tentaram explodir caixas em outra agência, mas não conseguiram.
Para fugir, eles abandonaram os veículos e seguiram em um ônibus de turismo fretado pelos próprios criminosos. O veículo foi interceptado pela Polícia Militar Rodoviária na Rodovia Marechal Rondon, próximo da praça de pedágio de Agudos. As placas de Sumaré, o horário e também o fato de todas as cortinas estarem fechadas chamou a atenção dos policiais que estavam em uma viatura e deram sinal de parada, que não foi respeitado.
“Um dos policiais lembrou que indivíduos e tempos passados fizeram um roubo a caixa eletrônico utilizando um ônibus na fuga e desconfiaram que os indivíduos no ônibus poderiam ser os que efetuaram o estouro do caixa eletrônico”, explica o major Ordival Afonso Júnior, da Polícia Rodoviária.
No pedágio de Agudos, a polícia conseguiu cercar o ônibus. Oito criminosos se entregaram na hora e desceram do veículo. Mas quando os policiais foi vistoriar o ônibus, foram surpreendidos por tiros de fuzil. “Eles disseram que não havia mais ninguém no ônibus e no momento que entramos para fazer a vistoria fomos recebidos a tiros”, afirma o sargento Gustavo Acosta Jorge.
O criminoso continuou no ônibus e durante quase quatro horas negociou com a polícia para sair do veículo. Por volta das 8 horas, o trânsito na Rodovia Marechal Rondon sentido capital já passava de 7km. O criminoso primeiro jogou as munições. Depois, os carregadores, colete a prova de bala, uma pistola, uma escopeta calibre 12 e dois fuzis. A tensão só terminou depois que ele se entregou.
Segundo as investigações, os integrantes da quadrilha vieram das cidades de Campinas e Sumaré. O ônibus usado na fuga teria sido alugado pelos criminosos e para não levantar suspeita, depois de explodirem os caixas eletrônicos primeiro eles fugiram em dois carros e depois pegaram o ônibus no horto florestal de Cabrália Paulista.
Suposta extorsão
O último criminoso a se entregar fez denúncias de uma suposta extorsão praticada por policiais do Deic - Departamento Estadual de Investigações Criminais do Estado de São Paulo. Ele disse que o dinheiro do assalto seria para pagar uma extorsão a dois policiais do departamento. "Os caras me deram prazo para estar pagando eles até sexta-feira agora, depois do carnaval. Se não os caras iam jogar, ia prender eu, jogar um monte de B.O e eu nem estava (sic)”, disse.
O criminoso falou ainda o valor da suposta propina que deveria pagar. “Pediu R$ 400 mil, nós já demos R$ 150 mil sendo que eu não tinha dinheiro. Eles prendem meus carros, eu pedi os carros para eu poder vender e pagar, os caras não quiseram dar prazo, certo, por isso que eu estou aqui, vim roubar para poder pagar os caras”, completou.
A Corregedoria da Polícia Civil vai investigar o suposto caso de extorsão envolvendo os policiais. "Esse é um bandido com um grande histórico criminal e é comum, até para desviar o foco, que tem policiais envolvidos. O importante é o seguinte, a Corregedoria vai investigar, mas a gente vê com muita reserva e preocupação, porque é fácil jogar nomes de policiais. Esse bandido não tem nada a perder, mas os policiais sim", explica o delegado do Deinter 4, Marcos Mourão.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública confirmou que a Corregedoria da Polícia Civil de Bauru apura a denúncia. Informou ainda que um dos suspeitos presos e os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos nesta quinta-feira sobre o caso.
Fonte: G1
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