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sábado, fevereiro 27, 2016

PF investigará FHC por envio de dinheiro a ex-amante

Fernando Henrique Cardoso e Miriam DutraA Polícia Federal abriu nesta sexta-feira (26) um inquérito para apurar declarações de Mirian Dutra, que foi amante do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso.

A PF investigará se houve crime de evasão de divisas.

A jornalista disse, em entrevista à Folha, que o ex-presidente custeou parte de despesas dela e do filho, Tomás, no exterior, por meio da Brasif, empresa que administrava free shops em aeroportos brasileiros.

Ela contou que foi contratada pela Eurotrade, que era da Brasif, por US$ 3.000 mensais, entre 2002 e 2006, mas que nunca trabalhou para os free shops.

Em nota, o ex-presidente disse que todas as suas operações financeiras internacionais foram feitas a partir de contas bancárias declaradas, com recursos próprios.

"A empresa citada no noticiário já esclareceu que o presidente não teve qualquer participação na contratação da jornalista. Apesar de não haver nada de que possa ser incriminado e de o assunto ser de âmbito privado, o presidente prestará todos os esclarecimentos que se fizerem necessários."

POLIMÍDIA

Segundo Dutra, o lobista Fernando Lemos acertou os detalhes da remuneração.

A Brasif contratou os serviços da empresa de Lemos, a Polimidia, entre 1993 e 2010, período que abrange o tempo de FHC no Palácio do Planalto.

Lemos, que faleceu em 2012, foi casado com a irmã de Mirian Dutra. Sob seu comando, a Polimidia floresceu na década de 90 e se tornou uma das mais influentes empresas de gestão de crise da capital federal.

RELACIONAMENTO

Mirian e o ex-presidente tiveram relacionamento extraconjugal por seis anos, nas décadas de 1980 e 1990.

FHC reconheceu a paternidade de Tomás Dutra em 2009. Na época, declarou à Folha que sempre cuidou dele.

Em 2011, dois exames de DNA revelaram que FHC não é o pai biológico do rapaz.

FHC, no entanto, seguiu pagando os estudos dele e o presenteou com um apartamento de 200 mil euros em Barcelona.

Depois de um estudo preliminar, a PF verificou que crimes possam ter sido cometidos na transferência de dinheiro a ela.

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse que análises do tipo são comuns na área técnica do ministério sempre que denúncias são publicadas pela imprensa.

REAÇÃO

Em nota, o deputado Carlos Sampaio (SP), vice-presidente do PSDB, afirmou não haver "um único fato que possa, mesmo em tese, configurar conduta criminosa" por parte de FHC. "Jamais ocorreu remessa ilícita de recursos ao exterior, mas sim pagamento de valores a título de contribuição para sustento do filho da jornalista", diz.

Sampaio critica ainda a atuação do Ministério da Justiça.

"Em recentes episódios envolvendo Rosemary Noronha, pessoa da relação íntima de Luiz Inácio Lula da Silva, sobre quem pesa investigações por desvio de recursos públicos, a omissão do Ministério da Justiça foi aviltante. [...] O PSDB registra que já não há mais dúvidas de que o ministro José Eduardo Cardozo se tornou instrumento de atuação política do Partido dos Trabalhadores, perdendo sua legitimidade para continuar no cargo."

Fonte: Folha de São Paulo

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