O delegado da Polícia Federal Marlon Cajado informou à Justiça Federal em Brasília que há um inquérito em curso para investigar a eventual participação do ex-
presidente Luiz Inácio Lula e de outros agentes públicos no suposto esquema de compra de medidas provisórias.
Cajado sustenta que a apuração é necessária para identificar se outros servidores, além dos já denunciados, foram "corrompidos e estariam associados a essa organização criminosa ou se esta estaria 'vendendo fumaça', vitimando-os e praticando tráfico de influência com relação aos mesmos", justifica.
Além de Lula, ele exemplifica os casos dos ex-ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-geral), Erenice Guerra (Casa Civil), Nelson Machado (Previdência), assim como o do secretário-executivo do Ministério da Fazenda Dyogo Oliveira, entre outros.
A informação consta num ofício enviado ao juiz Vallisney de Souza Oliveira, responsável pela ação penal oriunda da Operação Zelotes.
O documento é uma resposta ao um pedido de esclarecimentos feito pelos advogados dos réus. Eles acusavam a Polícia Federal de manter um "inquérito paralelo" sobre os fatos investigados, mesmo após a instauração do processo judicial.
O delegado refutou a tese das defesas. Disse que concluiu a parte da investigação que dizia respeito à atuação de dois servidores: a ex-assessora da Casa Civil Lytha Spíndola e o ex-diretor de Comunicação Social do Senado Fernando Cesar Mesquita.
De acordo com Cajado, a denúncia que deu origem à ação em curso foi apresentada para respeitar prazos legais, uma vez que alguns dos acusados estavam presos.
"A instauração de novos inquéritos para apurar outras condutas ilícitas atribuíveis à organização criminosa, e até a participação de novos indivíduos à mesma não se trata de nenhuma ilegalidade", escreveu o delegado.
AUTORIDADES
Cajado, no mesmo ofício, rebateu outra crítica recorrente de alguns dos advogados.
Para eles, o caso deveria tramitar no STF (Supremo Tribunal Federal), desde que a Zelotes identificou citações aos nomes do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AÇ), e de Romero Jucá (PMDB-RR), que possuem foro privilegiado, além do de Gim Argello, ex-senador.
No diário de João Batista Gruginski, um dos investigados, havia referências a um suposto pagamento "milionário" de propina ao trio.
O delegado afirmou, porém, que as citações não são suficientes para abertura de novo inquérito com o objetivo de investigá-los e, por isso, não há razão para que o processo passe à competência do Supremo.
A reportagem ainda não conseguiu contato com o Instituto Lula para comentar a reportagem.
OUTRO LADO
Em nota divulgada nesta quinta-feira, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, argumentou que "em nada justifica a conduta do delegado Marlon Cajado ao afirmar que o ex-presidente seria investigado no inquérito".
MartinS acrescenta que Lula já foi ouvido, na condição de informante, "sem a possibilidade de fazer uso das garantias constitucionais próprias dos investigados".
Concluiu, dizendo que "não há nenhum elemento que justifique a mudança de tratamento".
Fonte: Folha de São Paulo
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