O Ministério Público da Bahia (MP-BA) apresentou denúncia à Justiça contra o pastor Edimar Brito e outros dois homens, suspeitos de matar a também pastora e
professora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), Marcilene Oliveira Sampaio, e a prima dela, Ana Cristina, na cidade de Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia. A informação foi divulgada ao G1, nesta quarta-feira (17), pelo promotor de justiça José Junceira, responsável pela denúncia.
O crime ocorreu em janeiro deste ano. As duas mulheres foram mortas a pedradas. O pastor Edimar e os outros dois suspeitos, Fabio de Jesus Santos, 34 anos, e Adriano Silva dos Santos, 36, já foram presos pela polícia.
De acordo com a investigação, o crime teria sido motivado por vingança, após as vítimas, que eram colegas do pastor suspeito, terem saído da igreja dele, depois de um desentendimento, para fundar um novo templo, e levado a maioria dos fiéis. O marido da professora morta, Carlos Eduardo de Souza, era outro alvo dos criminosos, mas conseguiu escapar após ser espancado.
Os três suspeitos foram denunciados pelo MP-BA por duplo homicídio triplamente qualificado - por motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa das vítimas.
"Foram denunciados Edimar, Fábio e Adriano. Edimar foi o idealizador de todo o crime, organizou o grupo de criminosos, porque teve esse desentendimento com as vítimas e teria perdido os fiéis. Fábio conduziu o carro usado no crime, que era dele mesmo, e deu apoio moral. Enquanto Adriano, pelo que consta nos autos do processo, foi quem desferiu as pedradas nas vítimas. Ainda não ficou claro se o pastor também participou da execução. A gente sabe que ele estava presente no momento do crime", disse o promotor José Junceira.
O promotor também informou que solicitou à Polícia Civil uma investigação mais detalhada para entender o por quê do marido da pastora também não ter sido morto junto da companheira e da prima dela. "No caso do Carlos Eduardo, eu devolvi o inquérito para a polícia para saber por que ele não foi morto também. Devolvi para a polícia continuar investigando. Também falta a conclusão de alguns laudos para esclarecer por completo o que ocorreu no dia do crime. Mas que os três [suspeitos presos] têm participação na ação não resta dúvida", destacou.
Após a ação do MP-BA, o promotor afirma que o próximo passo é a Justiça decidir se aceita ou não a denúncia. Caso seja aceita, os réus serão citados e terão prazo de 10 dias para apresentar defesa.
"A Justiça recebe a denúncia e manda citar. Depois, os réus precisam se defender e, a partir disso, começa instrução do processo, quando as testemunhas serão ouvidas. A reprodução simulada do crime seria importantíssimo, assim como a acariaçaão deles durante a instrução. A pena é de acordo com participação de cada um, varia conforme a intensidade do dolo", disse o promotor.
O advogado do pastor Edimar, Antônio Rosa, disse que o cliente é inocente e que nega ter participado das execuções. "Ele nega e a defesa fundamenta sua base de sustentação no depoimento do Carlos Eduardo [marido da pastora morta], que disse que meu cliente esteve o tempo todo ao lado dele [em outro carro] e não com as vítimas no momento do crime. Meu cliente sustenta que estava sob ameaça de Adriano, com quem foi encontrada uma camisa ensanguentada", destacou.
O advogado também afirmou que a defesa entrará nesta semana com um pedido de revogação da denúncia. "A denúncia não significa que temos provas definitivas e acabadas. As provas só existem quando há o contraditório e a ampla defesa, e isso ocorrerá na fase de instrução processual. A defesa continua afirmando negativa de autoria e por isso vamos entrar com pedido de revogação. Caso o juiz negar, iremos pedir um habeas corpus para que Edimar possa responder ao processo em liberdade. Ele não tem conduta delitiva e nem passagens pela polícia", afirmou. O G1 não conseguiu contato com os advogados dos outros suspeitos.
Fábio e Adriano foram presos logo depois do crime, em Vitória da Conquista. (Foto: Michele Damasceno/TV Sudoeste)
Crime
O pastor Edimar Brito negou o crime ao ser conduzido para a delegacia. Ele foi preso após sete dias de buscas da polícia, no município de Ibicuí, a cerca de 130 quilômetros de Conquista. Ele também disse ter sido agredido por Adriano dentro do Presídio Nilton Gonçalves, em Vitória da Conquista. A informação foi divulgada pelo advogado do pastor, Antônio Rosa. Os outros dois homens apontados como comparsas foram presos logo depois do crime.
Os corpos de Marcilene e Ana Cristina foram encontrados em uma estrada que liga a cidade de Conquista ao município de Barra do Choça.
A professora, o marido e Ana Cristina tinham acabado de sair da igreja, na noite de terça-feira (19), e estavam a caminho do sítio onde moram, quando o carro em que estavam apresentou um defeito na estrada que liga ao município de Barra do Choça.
Carlos Eduardo disse à polícia que desceu do veículo e abriu o capô para verificar o que tinha acontecido quando foi abordado por três homens que chegaram em outro carro. Entre os suspeitos estava o pastor Edimar, apontado como mandante do crime.
O marido da professora morta, Carlos Eduardo de Souza, era outro alvo dos criminosos, mas conseguiu escapar após ser espancado. Segundo a polícia, a intenção dos criminosos era matar toda a família no sítio em que as vítimas residiam. A suspeita é de que Marcilene e os parentes já estavam sendo seguidos desde o momento em que deixaram a igreja.
A prima da pastora, Ana Cristina Sampaio, 37 anos, morava no estado de São Paulo e estava na Bahia para descansar após enfrentar a morte da mãe, conforme disse o cunhado dela, Mizael Moreira.
Fonte: G1
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