Antes da Operação Sodoma, o ex-secretário de Indústria, Comércio, Minas e Energia e da Casa Civil, Pedro Nadaf, teria sido supostamente avisado pelo
delegado Anderson Garcia, ex-diretor-geral da Polícia Civil, sobre a ação, que prendeu, além de Nadaf, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e o secretário de Fazenda do estado, Marcel de Cursi, em setembro do ano passado, em Cuiabá.
A pedido da Justiça, essa suspeita contra a conduta do delegado está sendo apurada pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil, segundo informou a própria instituição. O procedimento administrativo não tem data para ser concluído, de acordo com a assessoria.
A Justiça mandou investigar com base numa solicitação do Ministério Público Estadual (MPE), que, durante as investigações, viu conversas no WhatsApp entre o ex-diretor e o Nadaf, que tinham sido apagadas e foram recuperadas.
Em um dos diálogos, o ex-diretor da Polícia Civil disse ao ex-secretário que queria conversar com ele e marcaram um encontro na sede da Academia de Polícia, pouco tempo antes da operação. Nadaf disse que iria com o celular desligado para não ser identificada a sua localização.
Ao G1, o delegado afirmou que deve ter ocorrido uma má interpretação e que o relacionamento dele com Nadaf era estritamente profissional.
Segundo ele, o único contato que teve com Nadaf depois que deixou a função de diretor-geral da Polícia Civil e Nadaf o comando da Casa Civil, ocorreu em agosto do ano passado.
"Depois que deixei o cargo, ele me procurou umas três vezes para tirar dúvidas sobre uma arma para um sítio. Não me lembro se era para ele ou para um amigo. Expliquei para ele que isso era feito pela Polícia Federal e não mais pela Polícia Civil", afirmou.
Ele estava respondendo a três apontamentos na prestação de contas do Tribunal de Contas do Estado (TCE), do período em que era gestor e, para tirar dúvidas sobre essa questão, ele disse ter procurado o ex-secretário no ano passado. "Não tem nada a ver com a Operação Sodoma", alegou. Ele disse ter 28 anos de serviço e que, nesse período, não houve nada que pudesse denegrir a sua imagem.
Nadaf e Cursi foram presos no dia em que operação comandada por agentes da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz) havia sido deflagrada. Já Silval Barbosa, apontado como líder do esquema de fraudes na concessão de incentivos fiscais, se entregou dois dias depois.
Segundo a Polícia Civil, o delegado continua trabalhando e, se houver necessidade, a Corregedoria pedirá o afastamento dele até a conclusão das investigações. Garcia está lotado na Academia de Polícia Civil de Mato Grosso (Acadepol).
A denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) aponta, entre outras irregularidades, que Nadaf teria cobrado propina de um empresário em troca da concessão do benefício ilegal. Teriam sido entregues a ele 246 cheques, totalizando mais de R$ 2,5 milhões.
Inclusive, conforme o MPE, Nadaf, que também presidia a Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio), teria utilizado o prédio da entidade para se reunir com integrantes do esquema e uma funcionária da entidade, que também foi denunciada, em uma das etapas de lavagem do dinheiro arrecadado mediante o pagamento de propina.
Fonte: G1
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