O designer gráfico Gabriel Herculano Lopes, de 29 anos, passou em primeiro lugar no vestibular de medicina do Hospital Israelita Albert Einstein, mas ainda não tem certeza se conseguirá
concretizar o sonho. Ele não pode pagar a mensalidade de quase R$ 6 mil ao mês do curso e depende de bolsa para integrar a primeira turma do curso de medicina do Einstein.
"Nunca fiz distinção sobre a universidade que iria estudar. Queria que fosse de boa qualidade e que não me desse gasto. Eu dependo de bolsa para estudar no Einstein, mas me informaram que tenho uma chance muito boa", afirma.
A instituição informou serão oferecidos descontos de 25% a 100% na mensalidade, de acordo com critérios socioeconômicos, mérito e desempenho dos candidatos. Este foi o primeiro vestibular da da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein e teve 215 candidatos por vaga.
Gabriel também foi aprovado na Faculdade de Medicina de Marília (Famema), mas tem preferência por estudar em São Paulo. Ele mora em Santo André, no ABC e quer ficar próximo da família. A mãe é professora de educação física aposentada e o pai é dentista e trabalha na Prefeitura de Mauá. Como médico, ele também quer atuar no serviço público.
“Tenho uma preocupação com as questões sociais, do serviço público. Há uma necessidade de humanizar a medicina, de tornar o contato mais humano.”
Seleção diferenciada
Para conseguir uma das 50 vagas na primeira turma do curso de medicina do Einstein foi preciso mais do que ser bom em ciências exatas. Na primeira fase, os alunos fizeram uma prova escrita, formada por testes, perguntas dissertativas e redação. Na segunda etapa, tiveram de passar por uma dinâmica onde foram avaliadas características como liderança, empatia, capacidade de expressão, de argumentação, entre outras. Nada que fosse um problema para Gabriel.
“Achei o processo todo interessante porque analisou características interessantes para um bom médico. O que me ajudou foi a maturidade, a experiência de vida, de trabalho.”
Na segunda etapa os candidatos tinham uma hora para passar por uma espécie de circuito em oito salas. Em cada uma delas, tinha de reagir perante a uma situação que poderia ser provocada por uma imagem, um texto, um vídeo e até pela presença de um ator.
“Em uma das salas tínhamos de comunicar a um colega que ele não havia passado no vestibular. Em outra, aconselhar um amigo que estava usando drogas”, diz.
Para Gabriel, esta segunda fase foi tranquila, pois nunca sentiu dificuldade de articular as ideias e se comunicar. Entretanto, para ele, os tímidos podem ter sido prejudicados. “Em um primeiro momento eu fiquei nervoso, depois foi natural. Quando cheguei na última sala, nem tinha percebido que já estava acabando. Mas acho que havia pessoas geniais que podem não ter conseguido se expressar.”
Troca de profissão
Gabriel trabalhou por seis anos como designer gráfico. Ele se formou pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e entrou na universidade assim que concluiu o ensino médio. Na época, já cogitava estudar medicina, apesar de gostar da área de design.
“A medicina sempre esteve presente, sempre tive esse sonho. Mas, aos 18 anos, é difícil lidar com as habilidades e vontades que você tem. Faltou o amadurecimento que a vida me trouxe depois.”
Para se focar nos estudos, Gabriel pediu demissão do trabalho e em 2014 fez cursinho. Foram dois anos, o último no Poliedro. Como ele já havia concluído o ensino médio há dez anos, foi preciso reaprender o conteúdo.
“Não lembrava absolutamente nada. Comecei a ver vídeos no YouTube de como fazer soma e divisão. Saí do zero, foi muito difícil. Tinha de ser bom em exatas e biológicas e não tinha o conteúdo.”
Fonte: G1
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