A Secretaria de Estado da Saúde informou nesta segunda-feira (14) que investiga seis casos de microcefalia (malformação cerebral) em recém-nascidos que
podem estar relacionados à infecção pelo zika vírus, que é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Entre eles, cinco são tratados como autóctones, quando a doença é contraída no estado.
Os casos investigados são de bebês nascidos em Campinas, Guarulhos, Mogi Guaçu, Ribeirão Preto, São Paulo e Sumaré. O recém-nascido da capital paulista é o único que a mãe tem histórico de viagem para o Nordeste. Ela chegou a São Paulo com 37 semanas de gestação.
De 17 de novembro até 10 de dezembro os municípios do estado notificaram 46 casos de microcefalia ao Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria.
Segundo a secretaria, todos os seis casos preenchem os requisitos clínicos para a ligação com o zika vírus: as gestantes apresentaram exantema (manchas avermelhadas pelo corpo) durante a gestação e tiveram exames negativos para rubéola, toxoplasmose, sífilis, herpes e citomegalovírus. Em quatro dos casos, uma tomografia computadorizada mostrou presença de calcificação no cérebro, o que pode sugerir infecção pelo zika.
A secretaria diz que monitora a circulação do vírus pelo estado com exames feitos pelo Instituto Adolfo Lutz em amostras que deram negativo para a dengue. Até o momento, nenhum teste deu positivo para o zika vírus.
Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da secretaria, diz que a infestação do mosquito Aedes aegypti, que causa a dengue, o zika e a febre chikungunya é preocupante. "Vai chegar em janeiro provavelmente com quase 600 municípios [do estado] infestados, alguns em quantidades grandes. São Paulo está em elevação na infestação, o que acontece sempre na época de chuva e de verão. A situação do Aedes vai piorar. Até fevereiro nós vamos ter uma situação muito difícil."
Dentro da média
O secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip, disse na semana passada que o número de casos de microcefalia está dentro da média dos registros nos últimos 5 anos.
"A minha opinião pessoal é que se o zika vírus estiver ocorrendo no estado de São Paulo, seguramente não é em nível epidêmico a semelhança de outros estados. Eu acho também que não tem porque eu imaginar que isso não vai ocorrer. Nós temos o vetor, que é o mosquito, e pessoas que vem e vão", afirmou Uip.
Microcefalia e causas
A microcefalia é condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Ela é diagnosticada quando o perímetro da cabeça é igual ou menor do que 33 cm – o esperado é que bebês tenham pelo menos 34 cm, mas isso vale apenas para crianças nascidas a termo (com 9 meses de gravidez).
No caso de prematuros, esses valores mudam e dependem da idade gestacional em que ocorre o parto. Na maior parte dos casos, as causas da microcefalia são infecções adquiridas pela mãe, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, que é quando o cérebro do bebê está sendo formado.
Toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus são alguns exemplos. Outros possíveis causadores são abuso de álcool e drogas ilícitas na gestação e síndromes genéticas como a síndrome de down.
Relação com o zika
Identificado pela primeira vez no país em abril, o zika vírus tem provocado intensa mobilização das autoridades de saúde no país. Enquanto a doença costuma evoluir de forma benigna – com sintomas como febre, coceira e dores musculares – o que mais preocupa é a associação do vírus com outras doenças. O Ministério da Saúde já confirmou a relação do zika com a microcefalia e investiga uma possível relação com a síndrome de Guillain-Barré.
Assim como os vírus da dengue e do chikungunya, o zika também é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Os principais sintomas da doença provocada pelo zika vírus são febre intermitente, erupções na pele, coceira e dor muscular. A evolução da doença costuma ser benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente em um período de 3 até 7 dias. O quadro de zika é muito menos agressivo que o da dengue, por exemplo.
A relação entre zika e microcefalia foi confirmada pela primeira vez no mundo no fim de novembro pelo Ministério da Saúde brasileiro. A investigação ocorreu depois da constatação de um número muito elevado de casos em regiões que também tinham sido acometidas por casos de zika.
Perímetro cefálico
O perímetro cefálico é usado para a triagem e identificação de bebês possíveis portadores de microcefalia. O procedimento faz parte do “Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika” que considera, como medida padrão mínima para a cabeça de recém-nascidos, 32 centímetros.
Segundo o Ministério da Saúde, o perímetro cefálico varia conforme a idade gestacional do bebê. Assim, na maioria das crianças que nascem após nove meses de gestação, o perímetro de 33 cm é considerado normal para a população brasileira, podendo haver alguma variação para menos, dependendo das características étnicas e genéticas da população.
Fonte: G1
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