Ainda na segunda-feira (30), quando foi deflagrada a Operação Gol Contra, realizada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, foi revelado que o deputado
Mário Jardel (PSD) é investigado por cometer diversas irregularidades na Assembleia Legislativa, entre elas exigir parte dos salários dos servidores. O político e ex-jogador de futebol foi afastado por 180 dias do cargo em decisão da Justiça. Nesta terça-feira (1º), a Assembleia anunciou que vai recorrer de decisão judicial que suspende o deputado Jardel.
Novas escutas, as quais a reportagem da RBS TV teve acesso, mostram que um dos assessores, o chefe de gabinete Roger Foresta, comenta por telefone com uma mulher, que o MP diz ser uma funcionária fantasma do deputado, que Jardel fica com R$ 4 mil reais de seu salário todo mês.
Assessor [Roger]: Me toma uns 4 [mil reais] por mês.
Mulher [Flavia Feitosa]: Ahn?
Assessor [Roger]: Me toma uns 4 [mil reais] por mês.
Mulher [Flavia Feitosa]: O que tá aí ou o que tá fora?
Assessor [Roger]: Não, aqui.
Mulher [Flavia Feitosa]: Não acredito. Que absurdo.
Nem o 13º dos servidores ficava fora do esquema. Uma outra escuta obtida pela investigação, com autorização da Justiça, revela a situação.
Assessor [Roger]: Sabe o que eu fiquei sabendo agora? Que ele [Jardel] vai querer do 13º das pessoas também, sabia?
Mulher [Flavia Feitosa]: É mesmo, é?
Mulher [Flavia Feitosa]: E ele tem direito?
Assessor [Roger]: Não, não tem direito a nada, né? Nem o que ele pega não tem direito. Ele tá pegando porque ele...
Flávia, que seria funcionária fantasma do gabinete, já trabalhou na residência do deputado. A investigação ainda apontou que ela recebia diárias por viagens não realizadas a cidades como Santana do Livramento, Pinhal Grande e São Francisco de Paula.
É o caso de uma das notas frias obtidas pelo MP, de R$ 160, apresentada na Assembleia para justificar R$ 647 em diárias, dinheiro que era repassado ao deputado. De acordo com a investigação, Flavia teria feito a viagem no carro cadastrado para receber na Assembleia R$ 0,89 por quilômetro rodado. A planilha de controle mostra que o veículo teria viajado a São Francisco de Paula no dia 11 de setembro e retornado no dia 13.
Porém, no dia 12, o mesmo veículo foi abastecido em um posto de combustíveis em Porto Alegre. Nesse dia, a planilha de controle da Assembleia informa que Jardel estaria participando de um evento da Apae de São Francisco de Paula.
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão pelo MP e pela Polícia Civil no apartamento de Jardel, o chefe de gabinete, Roger Foresta, esteve no local. À reportagem, ele negou envolvimento no esquema.
Jardel também nega que tenha praticado fraudes. E avisou que iria estudar recorrer da decisão da Justiça sobre o afastamento.
Diante dos acontecimentos, o PSD, partido de Jardel, decidiu convocar uma reunião para tratar sobre o assunto e tomar as medidas cabíveis.
A partir de toda a apuração, o procurador Marcelo Dornelles ressalta que, no mínimo, será possível denunciar o deputado pelos crimes de concussão, peculato, lavagem de dinheiro e, talvez, por tráfico de drogas. A investigação também descobriu que Jardel comprava drogas com dinheiro desviado da Assembleia.
Fonte: G1
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