A marca da discriminação racial está representada nas estatísticas da violência no Rio Grande do Norte. O perfil majoritário das vítimas não mudou entre 2014 e 2015: homem, jovem, pobre, negro
ou pardo. Este ano, o número de pessoas negras mortas é quase o dobro dos assassinados de cor branca. Somados, negros e pardos representam 82,71% das vítimas de homicídios neste ano - ou seja, oito em cada dez mortos, segundo levantamento da Informações Estatísticas e Análise Criminal (Coine) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social. No Estado, aponta mapa da Secretaria da Igualdade Racial e do IBGE, 5,2% das pessoas se declaram negros e 52,5%, pardos.
O mesmo levantamento mostra que apenas as mortes violentas de pessoas pardas cresceram em comparação com o ano passado: 14%. Nos outros segmentos étnicos houve alta redução. Por outro lado, das 1.649 mortes violentas deste ano, 44,75% são de jovens entre 12 e 24 anos - ou seja, quatro em cada dez assassinatos. O percentual se manteve praticamente estável se comparado com 2014: 44,60%.
Pelos dados oficiais da Sesed, a quantidade de crimes violentos, letais e intencionas assassinatos (contabilizados até o dia 28/12) reduziu 6,4%, no RN, de 2014 para 2015. No ano passado, o Estado registrou 1.762 mortes contra 1.649 mortes este ano.
O coordenador de Informações Estatísticas e Análise Criminal (Coine/RN) da Sesed/RN, Ivênio Hermes, lembra que a identificação da etnia não se baseia apenas no laudo do Instituto Técnico e Científico de Polícia (Itep/RN). Com o modelo de organização de informações em metadados, a confirmação de uma informação deve antes ser resultado de cruzamento entre, pelo menos, seis fonte diferentes, oficiais ou não.
Como a vitimização dos jovens é uma situação persistente, a Coine prepara um estudo mais aprofundado sobre os jovens potiguares para um trabalho do Ministério da Justiça com informações de todos os Estados do Brasil. Dentre os jovens, a faixa de idade entre 19 e 24 é a mais afetada pelos crimes violentos, letais e intencionais. Só neste ano, foram 483 assassinatos apenas nesse grupo. Entre jovens adolescentes, há menos mortes violentas. Dos 16 aos 18 anos, 233 foram mortos em 2015. Dos 12 aos 15 anos, 22 foram assassinados.
Em paralelo ao estudo sobre jovens, está em andamento na Coine um levantamento que inclui a renda, profissão, área de atuação, a geolocalização do local do crime dentre outras informações que detalham a vida e a situação da morte violenta.
Apesar da redução dos crimes violentos em Natal, Parnamirim, Macaíba e São José de Mipibu, municípios da Região Metropolitana, registraram crescimento. Nísia Floresta registrou 15 assassinatos no ano passado e 24 este ano, um aumento de 60%. São Gonçalo do Amarante e Extremoz tiveram, cada um, dois assassinatos a mais que no ano passado. O município que abriga o aeroporto teve 75 mortes violentas em 2014 e neste ano teve 77. No caso de Extremoz, o número de homicídios subiu de 33 para 35.
Assassinatos no Rio Grande do Norte 2015 - 1.649 mortes
2014 - 1.762 mortes
6,4% é a redução dos crimes violentos, letais e intencionas (CVLIs) do ano passado para este ano
Cidades com mais assassinatos no RN em 2015 1) Natal 499
2) Mossoró 162 * ( nº diverge com o da Secretaria de Segurança do Municipio que contabiliza 161)
3) Parnamirim 134
4) Macaíba 67
5) São Gonçalo do Amarante 77
6) Ceará-mirim 55
7) Caicó 45
8) Extremoz 33
9) Baraúna 29
10) São José de Mipibu28
11) Nísia Floresta 24
Assassinatos por etnia Parda 816 (49,48%)
Negra 548 (33,23%)
Branca 278 (16,85%)
Ignorados 7 (0,44%)
Assassinatos por gênero Homens 1540 (93,38%)
Mulheres 109 (6,61%)
(A Coine/RN faz o monitoramento espacial dos assassinatos no RN, identificando onde a violência cresce e onde ela recua) Dados: Coordenadoria de Informações Estatísticas e Análises Criminais (Coine/RN) da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed/RN (Portal Tribuna do Norte)
Fonte: Fim da Linha
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