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quinta-feira, dezembro 10, 2015

Mais sete pessoas são mortas durante paralisação da Segurança

Policiais e servidores da Segurança Pública fazem paralisação em Goiás (Foto: Murillo Velasco/G1)Mais sete homicídios foram registrados na Grande Goiânia entre a noite de quarta-feira (9) e a madrugada desta quinta-feira (10), em Goiânia, durante a paralisação de 24 horas de policiais e
servidores da Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO). Com esses novos casos, o número de assassinatos já chega a 13 no período, sendo 10 na capital e três em Aparecida de Goiânia.
Um dos crimes aconteceu no Setor Morada do Sol, na região noroeste de Goiânia, por volta das 21h. Segundo a Polícia Militar, um jovem de 20 anos foi morto a tiros no meio de uma praça. Testemunhas relataram que um homem em uma bicicleta se aproximou da vítima e efetuou vários disparos.
O jovem não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local. Ainda de acordo com a PM, a vítima já tinha três passagens, sendo uma por roubo, posse ilegal de arma de fogo e uso de drogas.
Por volta das 22h, outro homicídio foi registrado no Jardim Novo Mundo.  A vítima foi um adolescente de 17 anos, atingido por vários tiros na cabeça. Segundo a PM, o menor já tinha passagens por roubo e tráfico.
Outro homicídio ocorreu no Residencial Monte Pascoal, na região oeste de Goiânia. Um homem,  cuja idade não foi revelada, foi morto a tiros na frente de uma casa. Os portões das residências vizinhas ficaram com várias marcas dos disparos.
Durante a noite também ocorreu uma morte no Residencial Vale do Sol e outra na Chácara São Pedro, em Aparecida de Goiânia. Os casos não foram investigados, mas, segundo o Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) da cidade, existem suspeitas de que as mortes tenham ligação.
Já por volta de 1h desta quinta-feira dois homens foram mortos a tiros no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia. Segundo a PM, testemunhas relataram que eles estavam em uma motocicleta, quando foram perseguidos pelos assassinos. As vítimas não resistiram aos ferimentos e morreram nos locais.
Outros seis homicídios já tinham sido registrados desde a manhã de quarta-feira. A paralisação dos servidores, que está deve ser encerrada nesta manhã, atrasou a investigação dos crimes, bem como o recolhimento dos corpos ao Instituto Médico Legal (IML).

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO), Paulo Sérgio Alves, disse ao G1 que os números de homicídios são considerados "dentro da média".


Marcas de tiros ficaram espalhadas por portões no Setor Morada do Sol, onde rapaz foi morto, em Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)Marcas de tiros em portões no Setor Morada do Sol, onde jovem foi morto (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Suspensão
Na tarde de quarta-feira, a desembargadora Maria das Graças Carneiro Requi, em decisão monocrática, determinou a suspensão total da paralisação sob pena de multa diária no valor de R$ 20 mil em caso de descumprimento. Ela alegou que o movimento poderá acarretar enormes prejuízos à população, pois coloca em risco a vida dos cidadãos.

Em entrevista coletiva, o secretário de Segurança Pública, Joaquim Mesquita, minimizou a paralisação e afirmou que possíveis "transgressões disciplinares" de servidores que não trabalharam serão apuradas.

"A PM está funcionando integralmente. Tivemos um ou outro problema pontual no sistema prisional e nas polícias Civil e Técnico-Científica, mas que já foram prontamente resolvidos", disse. Questionado se sabia o número de homicídios ocorridos nesta quarta-feira, ele disse: "Não tenho essa informação".

A fala do secretário contradiz famílias que aguardam a liberação de corpos no IML de Goiânia. Parentes do comerciante Antônio Marques de Amorim, de 41 anos, morto em um assalto, aguardava por horas para que a necrópsia fosse feita, sem sucesso.

"Eu acho que isso é uma falta de respeito com o cidadão. Não é culpa dos funcionários, mas do governo, que permite isso. A gente fica muito prejudicado. Quando você precisa do estado para uma assistência mínima, nunca tem", disse ao G1 o estudante Saulo Machado de Oliveira, de 18 anos, sobrinho da vítima.


Policiais e servidores da Segurança Pública fazem paralisação em Goiás (Foto: Murillo Velasco/G1)Policiais e servidores da Segurança Pública fizeram ato por reposição salarial (Foto: Murillo Velasco/G1)

Paralisação
Policiais e demais servidores da SSP-GO iniciaram uma paralisação, por volta das 8h de quarta-feira. Segundo um comitê, formado por 14 entidades que representam a categoria, nenhuma ocorrência será registrada até esta manhã.
De acordo com os manifestantes, a “Operação Padrão Atividade Zero” é um protesto contra o não pagamento, pelo governo estadual, da segunda parcela da reposição salarial, de 12,33%, que deveria ter sido feito em novembro para os policiais civis e em dezembro para os demais servidores.
Além dos policiais civis e militares, também participam do ato bombeiros, peritos criminais, médicos legistas, agentes prisionais, delegados e papiloscopistas.

O presidente do Sinpol-GO, Paulo Sérgio Alves, disse ao G1 na quarta-feira que mais de 25 mil policiais civis e militares estão paralisados. "Queremos ter a sociedade do nosso lado, mostrando que nós somos importantes. A sociedade deve pedir pelos policiais, tem que sair e defender os servidores que estão a serviço dela e, se fica ruim para a gente, fica ruim pra todos", destacou.

Já o presidente da Associação dos Cabos e Soldados (ACS), Gilberto Candido de Lima, disse à TV Anhanguera que, até as 10h de quarta-feira, a PM havia recebido mais de 20 ocorrências de roubo de carro, três de furto, três de roubo a casa e outras de tentativa de homicídio. Ele destacou que as equipes até saem nas ruas, mas, por conta da paralisação, não vão atender nenhuma ocorrência.

A SSP-GO informou que a Polícia Militar está trabalhando normalmente e divulgou imagens sobre os trabalhos.  O órgão disse que ainda fará um levantamento sobre a situação das delegacias e vai se pronunciar mais tarde.

Apesar disto, o sargento Sérgio Goiano, da PM, disse que está sim em paralisação. " Nós não vamos atender nenhuma ocorrência, nem fazer nenhum flagrante", afirmou o sargento. Ele falou também sobre os problemas que as equipes da corporação estão passando.

"Está difícil essa defasagem salarial e falta de investimentos. Estamos trabalhando muito e o desgaste já está no limite", desabafou.
Sobre a informação de que a PM não está registrando as ocorrências, a assessoria da corporação negou e disse que os serviços são feitos como de costume.

Reivindicações
O presidente do Sinpol-GO, Paulo Sérgio Alves, explicou que os servidores precisam de melhores condições de trabalho e, por isso, as entidades que representam as categorias decidiram se unir e fazer a paralisação.

"O objetivo é alertar a sociedade de Goiás que a segurança pública passa por um problema grave. O principal deles é a falta de contingente, de quase 6 mil policiais civis, em 1998, passamos pra pouco mais de 3 mil hoje. Ou seja, quase dobramos a população do estado e diminuímos pela metade o número de servidores, isso não dá", disse.

"Tanto na policia civil quanto militar, não aguentamos mais, estamos ficando doentes com a sobrecarga, e isso reflete na qualidade da segurança, já que não conseguimos investigar crimes e proteger a sociedade por completo e gera insegurança da população, que tem a impressão de que não há ninguém por ela", ressaltou o sindicalista.


SSP-GO diz que policiais militares trabalham normalmente, em Goiás (Foto: Divulgação/SSP-GO)SSP-GO diz que policiais militares trabalham normalmente, em Goiás (Foto: Divulgação/SSP-GO)

Em nota, a SSP-GO informou que “nenhuma entidade representativa dos servidores da pasta comunicou oficialmente sobre a realização de atos reivindicatórios nesta data”. Contudo, “diante de informações veiculadas pelos órgãos de imprensa, a secretaria tomou todas as medidas necessárias para garantir a prestação de serviços e a tranquilidade à população”.

Ainda segundo a nota, entre o ano passado e este ano, “os servidores obtiveram reajustes da ordem de 32,2%, mais que o dobro da inflação do período. Para os próximos três anos, a previsão é de mais 37,5%”.

Além disso, a secretaria diz que, desde 2011, “13.096 policiais militares, 2.349 bombeiros militares, 569 policiais civis, 1.052 servidores do sistema prisional e 429 servidores da Polícia Técnico-Científica foram promovidos. Em 2015, 1.739 policiais civis, 422 servidores da Polícia Técnico-Científica e 358 servidores do sistema prisional obtiveram progressão na carreira – o que redunda em valorização na remuneração”.

Por fim, a SSP-GO destacou que, “diante desse quadro, e no contexto da grave crise econômica pela qual o país atravessa, a secretaria confia que prevalecerá o bom senso e o compromisso dos servidores, que não tomarão qualquer medida que venha a prejudicar a população goiana e nem acarretar medidas disciplinares contra os mesmos”.

Fonte: G1

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