A busca e apreensão realizada pela Polícia Federal na residência oficial da Presidência da Câmara e em endereços do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ligam o
peemedebista a acusações de ameaça a um deputado, ao banqueiro André Esteves e ainda a contas na Suíça.
Segundo informações da Procuradoria-Geral da República enviadas ao Supremo, foram apreendidas cópias de boletins de ocorrências referentes ao deputado Fausto Pinato (PRB-SP), que acabou afastado da relatoria do processo de cassação de Cunha após manobras de aliados.
Foi encontrado no bolso do paletó do peemedebista um boletim de ocorrência referente ao crime de ameaça supostamente praticado em desfavor de Pinato.
"O fato de o Cunha guardar cópia deste boletim demonstra interesse incomum por um fato ocorrido a um terceiro que não é pessoa de sua estreita proximidade. O interesse só se justifica se as supostas ameaças dirigidas ao ex-relator do Conselho de Ética tiverem origem em ações preordenadas pelo Cunha, o que é bastante plausível, considerando que o deputado Fausto Pinato manifestou-se favorável à abertura do processo em face" do peemedebista.
O procurador também cita inclusive a entrevista do ex-relator à Folha publicada na semana passada, na qual ele disse ter recebido oferta de propina.
No quarto do casal, foi encontrado uma folha impressa "contendo informações sobre a aquisição da Petrobras do campo de Benin". Dados do Ministério Público apontam que parte do dinheiro de propina paga para viabilizar um negócio com a Petrobras na África em 2011 referente ao campo de Benin alimentou contas secretas na Suíça que pertenciam a Cunha e a familiares. Foram localizados ainda vários documentos do banco suíço no qual Cunha e familiares mantinham contas, como pagamentos.
A Procuradoria relata ainda que há dados sobre a atuação da prefeita de Rio Bonito (RJ) e ex-deputada Solange Almeida na Câmara, especialmente a apresentação de requerimentos, além de outros aliados como o deputado Hugo Motta (PMDB-PB), que comandou a CPI da Petrobras.
A ação da PF também identificou documentos sobre matérias legislativas de "grande interesse do Banco BTG Pactual", que era controlado pelo banqueiro André Esteves, que está preso acusado de participar de uma trama para atrapalhar as investigações da Lava Jato.
Há ainda depósitos para o corretor de valores Lúcio Bolonha Funaro, apontado como importante aliado de Cunha e foi delator no esquema de corrupção da Petrobras.
FROTA DE LUXO
A Procuradoria aponta que Eduardo Cunha estava por trás de requerimentos e convocações feitas a fim de pressionar donos do grupo Schahin com apoio do doleiro Lúcio Funaro. Lúcio Funaro, dizem os investigadores, pagou parte de carros em nome da empresa C3 Produções Artísticas, que pertence à família de Cunha. A empresa é proprietária de uma Pajero e Tucson.
"Tais elementos demonstram que Lúcio Funaro, direta ou indiretamente, pagou veículos no valor de pelo menos R$ 180 mil em favor da empresa de Eduardo Cunha. Não há qualquer fim lícito que justifique a referida transferência".
Fonte: Folha de São Paulo
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