A Casa Civil informou nesta segunda-feira (7) que o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), entregou sua
carta de demissão do cargo.
Ele deixa o comando da pasta em meio a uma turbulência que vive o governo, com o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff aceito pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Considerado “braço direito” do vice-presidente Michel Temer, Padilha assumiu a secretaria em 1º de janeiro deste ano, quando Dilma tomou posse para o segundo mandato.
O peemedebista fará declaração à imprensa na sede do PMDB, na Câmara dos Deputados, sobre o assunto. Padilha se reuniu nesta tarde com o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner.
Segundo assessores presidenciais, na reunião com Jaques Wagner, Eliseu Padilha disse ao chefe da Casa Civil que, mesmo deixando o governo, manterá relacionamento "respeitoso" com a presidente Dilma Rousseff daqui para frente. O G1 não conseguiu confirmar o teor da conversa com a assessoria de Padilha.
Na carta de demissão entregue ao governo, Padilha alega ter "razões pessoais" para pedir exoneração (veja a íntegra mais abaixo). Ele também afirma que a decisão foi tomada "em caráter irrevogável". No documento, o peemedebista também diz demonstrar "profundo agradecimento" à presidente Dilma Rousseff por ter feito parte de seu governo.
Na semana passada, Padilha já havia comunicado à direção do PMDB sua decisão de sair da Aviação Civil. Interlocutores de Michel Temer têm demonstrado “forte constrangimento” com a “pressão”, pelo Palácio do Planalto, para que Temer faça defesa pública de Dilma – o que ainda não ocorreu.
Confiança em Temer
Mais cedo, após se reunir com juristas contrários ao impeachment, Dilma foi questionada sobre o comportamento do vice e de seu partido, o PMDB. A presidente, então, respondeu e disse que não tem motivos para desconfiar “um milímetro” de Michel Temer.
"Eu prefiro ter a posição que sempre tive com relação ao Temer. Ele sempre foi extremamente correto comigo e tem sido assim. Não tem motivo para desconfiar dele nem um milímetro", afirmou a presidente na ocasião.
Inicialmente, Temer cumpriria duas agendas em São Paulo nesta segunda, uma na Fecomércio e outra, no prêmio “Líderes do Brasil”. O segundo compromisso, porém, foi cancelado e, segundo a assessoria, o vice-presidente desembarcará em Brasília entre 20h30 e 21h – ainda não há confirmação oficial sobre reunião entre ele e a presidente Dilma.
Atuação no governo
Nomeado na Aviação Civil em janeiro, Eliseu Padilha passou parte do ano auxiliando o vice-presidente Temer na condução da articulação política do governo. Em abril, o então ministro da extinta Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, deixou o cargo e Temer acumulou as funções.
O vice-presidente, então, passou a contar com os trabalhos de Padilha para conduzir a articulação. O ministro da Aviação Civil dedicava parte do dia a despachos do quarto andar do Palácio do Planalto, mesma sala que era até então ocupada por Pepe Vargas.
Diariamente, assim como Temer, Padilha recebia parlamentares e articulava com eles votações de interesse do governo.
Na mesa do ministro, era possível ver diversas planilhas com indicações dos partidos que compõem a base aliada para os chamados segundo e terceiro escalões do governo, como presidência de autarquias e direção de departamentos ligados aos ministérios.
Em agosto, quando Temer decidiu deixar o chamado "varejo" da articulação política e passou a dedicar-se ao que chamava de "macropolítica", Padilha o encontrou no Planalto e, após a reunião, afirmou que o peemedebista havia acertado em sua escolha.
Leia abaixo a íntegra da carta de exoneração de Eliseu Padilha:
Brasília, 1 de dezembro de 2015
Excelentíssima Senhora Presidenta da República
DILMA ROUSSEFF
Brasília - DF
Senhora Presidenta,
Registrando profundo agradecimento pela oportunidade de participar do governo que nossos partidos, o PT e o PMDB, partidos aliados conquistaram, tendo Vossa Excelência como Presidenta da República e o Presidente do meu partido Michel Temer como Vice-Presidente, venho por meio desta apresentar-lhe meu pedido de exoneração do honroso cargo de Ministro Chefe da Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, em caráter irrevogável, por razões pessoais.
Renovo, por Vossa Excelência, meu respeito e admiração.
Eliseu Lemos Padilha
Carta de demissão do ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha (Foto: Reprodução)
Fonte: G1
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