Mesmo que a mineradora Samarco volte a operar em Mariana nos próximos anos, a barragem que ruiu em 5 de novembro, deixando ao menos 17 mortos, não deverá
ser reerguida.
"Não é a nossa intenção voltar a construir naquele local, até por tudo o que esse acidente representou e representa para a empresa", afirma Ricardo Vescovi, 45, diretor presidente da Samarco.
Em entrevista concedida na quarta-feira (23), na sede da mineradora em Belo Horizonte, onde também fica a Vale (coacionista da empresa ao lado da anglo-australiana BHP Billiton), Vescovi deixou em aberto questões sobre os problemas na estrutura que ruiu e as falhas no plano de emergência.
Em pelo menos cinco ocasiões, evitou dar respostas diretas, com o argumento de que algo só será esclarecido no processo de investigação. Em outras cinco passagens, limitou-se a repisar que a mineradora cumpria no prazo tudo que lhe fora exigido de órgãos oficiais no processo de licenciamento.
Vescovi não confirmou que as barragem de Fundão, rompida, e a vizinha, Germano, estivessem sendo unificados, diferentemente do que o coordenador de meio ambiente da Samarco, Euzimar Rosado, informou no próprio dia da tragédia ao fiscais da Secretaria de Meio Ambiente, segundo auto de fiscalização do órgão.
Disse que eram trabalhos de preparação para alteamentos (elevação da parede). E negou que a pilha de rejeitos da Vale, vizinha de Fundão, tenha contribuído para desestabilizar a barragem.
Por sete vezes, respondeu que as causas da tragédia ainda estão sendo investigadas. Em dois momentos da entrevista, ficou com os olhos marejados.
O futuro da empresa, para o engenheiro, terá de ser discutido com a sociedade.
Fonte: Folha de São Paulo
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