Pesquisadores da Fiocruz de Pernambuco confirmaram a presença do vírus zika em pacientes diagnosticados com a
síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica rara e paralisante cujo aumento recente de casos também tem intrigado especialistas.
O resultado acende um alerta sobre o alto risco de complicações graves associadas à infecção pelo zika. Até recentemente, o vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, era considerado de menor perigo e de efeitos mais brandos.
Hoje, além da síndrome de Guillain-Barré, o país enfrenta um surto de casos de recém-nascidos com microcefalia, condição caracterizada pela má-formação do cérebro e que pode trazer limitações ao desenvolvimento da criança.
"É um reforço de que ele [zika] tem ação no sistema nervoso central", diz o pesquisador Carlos Brito, que participou da análise.
Foram colhidas amostras de sangue e de líquido da medula de oito pacientes atendidos no Hospital de Restauração, em Recife, referência no tratamento de doenças neurológicas.
Em comum, todos relataram manchas vermelhas e dores no corpo, sintomas característicos do zika, dias antes de terem o quadro agravado por outras complicações. Desses, seis receberam o diagnóstico de Guillain-Barré.
A situação chamou a atenção da neurologista Maria Lúcia Brito Ferreira, que estranhou o crescimento súbito de casos da síndrome e encaminhou as amostras à Fiocruz.
"No ano passado, tive 14 casos no hospital. Só até junho, já eram 40", relata.
Diante do crescimento, secretarias de Saúde estaduais passaram a contabilizar os casos suspeitos. Em Pernambuco, são ao menos 127 em investigação. Na Bahia, 64 já foram confirmados –outros 75 ainda dependem de exames. Também há casos suspeitos na Paraíba e no Maranhão.
O Ministério da Saúde diz as investigações sobre a possível relação entre o zika vírus e complicações raras continuam. A pasta considera que é preciso resultado de mais exames para chegar a uma conclusão.
O zika já tem circulação confirmada em 18 Estados.
Fonte: Folha de São Paulo
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