O Hospital Walfredo Gurgel, maior hospital público do Rio Grande do Norte, atende, em média, 28 pacientes vítimas de acidentes com motocicletas por dia. Os dados fazem parte de um levantamento
realizado pela direção do hospital e revelam que de janeiro a setembro deste ano já foram atendidas 7.580 vítimas de acidentes de motos no Walfredo Gurgel.Segundo o levantamento, em 2005, a média de atendimento de vítimas de acidentes com motos era de 9 pessoas por dia. Em 2010, o número passou para 23 atendimentos diários.
O garçom, Adriano Leonardo Teixeira da Silva, 28 anos, está internado na enfermaria do quarto andar do hospital há cinco dias e foi vítima de uma colisão de sua moto com um carro. Pilotando há cerca de 10 anos, ele diz que já havia sofrido pequenos acidentes, mas nunca nada tão sério como agora. Ele teve trauma em ambos os pés: no direito - fratura em quatro dos cinco dedos. No esquerdo: perda de substância e partes moles (músculos e pele). Mesmo passando pela dura realidade de uma internação, Adriano não vacila quando questionado se, depois de totalmente recuperado, voltará a pilotar. “Sim. É meu meio de transporte. Não tenho condições de possuir um carro agora”, justifica.
Os dados levantados pelo Walfredo Gurgel, apesar de alarmantes, mostram apenas parte do problema. Órgãos como a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal do RN também possuem estatísticas preocupantes sobre o assunto. O Setor de Tráfego do Comando de Polícia Rodoviária Estadual (CPRE) contabilizou de janeiro a agosto deste ano um total de 1.864 ocorrências com motos. Destes, 1.125 envolvidos foram autuados.
Nas estradas federais a situação também é grave. Segundo o inspetor da PRF, Roberto Cabral, “cerca de 40% das mortes registradas nas rodovias federais do RN envolvem veículos sobre duas rodas”. Ainda segundo ele, “é preciso implementar a fiscalização nos interiores. Em muitas cidades onde ainda não há fiscalização do Estado, não se usa capacete e andam de três a quatro pessoas em cima do veículo”, diz.
Dados fornecidos pelo setor de comunicação da PRF contabilizam, do início do ano até o fim de setembro, um total de 780 ocorrências de pessoas envolvidas em acidentes com veículos sobre duas rodas (motos, motonetas e ciclomotores). Deste total, 511 sofreram ferimentos leves, 267 sofreram ferimentos graves e 50 foram a óbito.
A diretora geral do HMWG, Maria de Fátima pereira Pinheiro, vê o quadro com preocupação. “Há muito tempo estamos pedindo, apelando para os órgãos competentes e muito pouco tem sido feito. A Lei Seca, as blitz estão sendo postas realmente em prática ou não estão sendo suficientes para conter essas ocorrências no trânsito?”, questiona.
Para a diretora técnica, Hélida Maria Bezerra, a melhor forma de tentar diminuir a incidência e a letalidade desses acidentes, continua sendo a adoção de medidas coercitivas mais duras e uma maior penalidade para os infratores, principalmente para os reincidentes. “Essa é uma conta muito alta que todos nós pagamos. Além dos custos hospitalares elevados, os pacientes mais graves demandam um maior tempo de internação, por vezes, em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), há ainda o fator previdenciário que onera a União e põe uma pessoa que estava em idade produtiva, para fora do mercado de trabalho”, pondera.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!