O relacionamento amoroso entre um padre de uma igreja católica de Campo Grande e uma adolescente de 16 anos, coroinha na mesma paróquia, foi denunciado à Polícia Civil como estupro, mas até o
momento não é considerado crime, segundo a delegada Daniella Kades. Ela informou ao G1 que a situação é mais imoral que ilegal e disse que investiga se a garota foi coagida pelo padre.“O fato, na verdade, ganhou repercussão por envolver um líder religioso, mas não por ter uma adequação típica [penal], bem dizer, pelo fato da vítima já ter mais de 14 anos e não se enquadrar num estupro de vulnerável. Na realidade seria mais uma imoralidade do que uma ilegalidade”, explicou.
O padre é da paróquia Santa Rita de Cássia e foi afastado das funções pela Arquidiocese de Campo Grande. Quando a gravidez foi descoberta pela família, a coroinha inventou que tinha sido estuprada, mas contou a verdade depois de ser questionada. Em depoimento à polícia, o padre confessou o sexo e disse que os dois se encontravam em motéis, durante a tarde, período em que a adolescente falava para a família que estava na igreja.
Segundo Daniella, a adolescente disse que as relações sexuais com o padre começaram depois que ela completou 16 anos e foram de comum acordo entre os dois, por isso, não é considerado estupro de vulnerável de acordo com o artigo 217 do Código Penal.
Apesar da garota negar ter sido forçada a se relacionar com o padre, a polícia investiga se a ela foi coagida pelo líder religioso, como denunicou a mãe da garota. Os dois trocavam mensagens pelo celular e, segundo a família da coroinha, o padre mandava fotos e vídeos pornográficos para ela. O celular da menina foi apreendido para análise das mensagens.
“A mãe da adolescente, num segundo depoimento prestado à polícia, nos informou que, a menor teria relatado a algumas tias que, de alguma forma, ela teria se sentido coagida a ter esses relacionamentos com o padre [...] e que tais fatos poderiam ser corroborados por essas mensagens a serem degravadas a partir do telefone de aparelho celular da vítima. Caso isso se verifique, através dos depoimentos, das mensagens e de uma possível segunda oitiva da vítima, aí sim, poderá ser mudada a tipificação penal, caso reste configurado que a vítima, de fato, foi coagida ao ato”, ressaltou Daniella.
As duas tias da garota, citadas pela mãe, foram intimidas pela polícia e devem prestar depoimento nesta semana. Para a polícia, o padre disse que vai assumir o filho e que prestará a assistência necessária à adolescente e ao bebê.
O caso foi denunciado como estupro pela família da garota no dia 25 de setembro e o inquérito instaurado pela Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) cinco dias depois. Até o momento, foram ouvidos a coroinha, mãe e a irmã da adolescente e o padre e, por enquanto, não foi constatado crime.
Entrada ilegal
Os motéis onde o padre e a garota se encontraram poderão ser responsabilizados e ter as atividades suspensas, segundo a delegada, já que não impediram a entrada da adolescente no local.
"Ficou verificado que a pessoa responsável pela entrada desses estabelecimentos não solicitaram o documento de identidade da menor, tanto que ela adentrou no local juntamente com o padre, então será instaurado procedimento apartado para verificar a não observância de dispositivo legal que exige a exibição de documento para evitar que menor entre nesse tipo de estabelecimento", explicou.
Afastamento
A Arquidiocese de Campo Grande anunciou, no dia 29 de setembro, o afastamento do padre, que exercia funções na paróquia Santa Rita de Cássia, por suspeita de envolvimento amoroso com adolescente, que está grávida. O comunicado de afastamento foi assinado pelo arcebispo de Campo Grande, Dom Dimas Lara Barbosa.
Segundo a publicação, o padre vai oferecer assistência à adolescente e ao bebê. Ainda conforme o comunicado, ele era membro da Província Nossa Senhora Conquistadora dos Padres e Irmãos Palotinos de Santa Maria (RS) e até então exercia funções de vigário paroquial da Paróquia Santa Rica de Cássia, na capital de Mato Grosso do Sul, ecônomo da Arquidiocese e secretário executivo do regional oeste 1 da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil).
Fonte: G1
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