Pela primeira vez desde que o escândalo de corrupção na Fifa passou a ter desdobramentos quatro grandes patrocinadores da entidade que controla o futebol
mundial se pronunciaram de forma contundente. As multinacionais Coca-Cola (um dos cinco principais patrocinadores da entidade), McDonald's, AB InBev e Visa exigiram a saída do suíço Joseph Blatter do cargo de presidente da Fifa.Em resposta rápida, Blatter deve continuar no cargo, de acordo com comunicado oficial de seus advogados.
"Para o bem do jogo, a Companhia Coca-Cola está pedindo ao presidente da Fifa, Joseph Blatter, que se demita imediatamente para que o processo de reforma possa começar com credibilidade o mais rápido possível", escreveu a empresa. "A cada dia que passa, a imagem e reputação da Fifa continua a ser manchada. A Fifa precisa de uma reforma ampla e urgente, que só pode ser realizado com uma abordagem verdadeiramente independente", disse a Coca-Cola.
O McDonald's seguiu a mesma linha que a Coca-Cola. "Nós acreditamos que seria do melhor interesse para o esporte que o presidente da FIFA, Sepp Blatter, caia imediatamente, assim o processo de reforma poderá seguir com a credibilidade que precisa".
Com um texto muito semelhante que os outros dois patrocinadores, a InBev, maior fabricante de cervejas do mundo e empresa que controla indiretamente a Ambev, também pediu a saída de Blatter do comando da Fifa. "Seria apropriado para o senhor Blatter se demitir, pois acreditamos que sua presença continua a ser um obstáculo no processo de reforma".
Em todos os comunicados, porém, nenhuma das empresas fala em romper com a entidade caso Blatter não deixe a presidência agora.
Por sua vez, Blatter, por meio de seu advogado em Nova York, Richard Cullen. "Enquanto a Coca-Cola é um valorizado patrocinador da Fifa, o senhor Blatter, respeitavelmente, discorda com a sua posição e acredita firmemente que ele deixar o cargo agora não é o melhor para os interesses da Fifa. Não servirá para avançar o processo de reforma da entidade e, portanto, ele não vai renunciar".
No último dia 25 de setembro, as autoridades da Suíça anunciaram o início de uma investigação contra a gestão de Blatter à frente da Fifa. Uma semana antes, o secretário-geral da entidade, Jerome Valcke, havia anunciado sua renúncia.
Após o escândalo que implicou a prisão sete dirigente da Fifa e que fez o dirigente suíço desistir do novo mandato dias após ser reeleito, Blatter disse que ficará como presidente até fevereiro de 2016, quando está marcada uma nova eleição na entidade.
Pressão
Em julho, a Coca e o McDonald´s haviam aumentado a pressão para que a entidade mundial de futebol promovesse significativas reformas, em meio a um escândalo de corrupção que jogou uma grande sombra sobre o esporte.
As duas multinacionais deixaram claro que estavam profundamente infelizes na maneira com a qual a Fifa é administrada e querem grandes mudanças.
A intervenção dos patrocinadores aconteceu poucos dias antes de uma importante reunião do comitê executivo da Fifa que iria discutir tanto possíveis reformas quanto o cronograma para a eleição de um novo presidente no lugar de Joseph Blatter, que está no comando da entidade há 17 anos.
A Fifa tem sido alvo de uma série de acusações na imprensa - e em livros - há anos. O escândalo tomou maiores proporções em maio, quando promotores norte-americanos indiciaram nove representantes do mundo do futebol, a maioria deles com cargos na Fifa, além de cinco executivos de marketing e transmissão, em acusações que incluem suborno, fraude, lavagem de dinheiro e estelionato.
A Coca-Cola pediu que a Fifa, sediada em Zurique, apoiasse a criação de um órgão independente para reformar sua estrutura de comando. "Escrevemos para a Fifa e pedimos que eles apoiem uma comissão independente para reformas", disse uma porta-voz da empresa de bebidas, em julho.
Decisão de renunciar dias após vencer eleição
No dia 2 de junho deste ano, menos de uma semana após ter sido reeleito presidente da Fifa, Blatter anunciou que renunciará ao cargo. A decisão de deixar a Fifa ocorre em meio ao maior escândalo da entidade, que resultou na detenção de sete dirigentes às vésperas da eleição, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin.
Em julho, a Fifa definiu nesta segunda-feira a data de uma nova eleição presidencial. O pleito ocorrerá em 26 de fevereiro de 2016. A decisão de marcar o pleito para o próximo ano representou uma vitória para Blatter, pois, assim, o dirigente impede a UEFA, confederação de maior oposição, de agilizar o plebiscito para dificultar a indicação quase que imediata do substituto.
Fonte: Uol
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