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terça-feira, outubro 06, 2015

PMs presos cobravam 'dinheiro do lanche' de comerciantes, diz MP

Panfleto era distribuído para comerciantes da Zona Oeste de Natal (Foto: Reprodução/Ministério Público do RN) Os comerciantes do bairro de Cidade da Esperança, na Zona Oeste de Natal, costumavam pagar uma "contribuição para o lanche" aos policiais militares presos na operação 'Novos Rumos', deflagrada no dia 29 de setembro,
quando 12 PMs foram presos. O Ministério Público do Rio Grande do Norte afirma que os PMs distribuíam um panfleto com escalas, nomes e telefones de 12 policiais que faziam o patrulhamento na área. O MP denunciou 14 PMs por diversos crimes na sexta-feira (2).

Por meio de interceptações telefônicas e de uma escuta instalada no carro 924, pertencente ao 9º Batalhão da Polícia Militar, o MP aponta que três policiais militares aparecem nos grampos arrecadando a "contribuição" para fazer a segurança nas regiões dos estabelecimentos comerciais.

"No panfleto, há a indicação em branco do nome do estabelecimento, data e valor a ser pago, mas contém a indicação da escala das equipes que realizam a rota durante a semana, com os respectivos números de cada policial", diz o Ministério Público.

Os PMs foram denunciados por corrupção passiva, peculato-furto, receptação, prevaricação e violação de domicílio. Os crimes são previstos no Código Penal Militar. Além dos 12 presos no dia da operação, outros dois policiais foram denunciados, mas estão em liberdade.

 De acordo com as investigações do Ministério Público, os PMs receberam dinheiro, queijos e até galinhas para liberar suspeitos de cometer crimes e permitir o tráfico de drogas na região metropolitana de Natal. O conteúdo está transcrito no pedido de decretação de prisões preventivas, indisponibilidade de bens e afastamento de sigilo de dados fiscais feito Ministério Público à Justiça potiguar.

O G1 teve acesso aos documentos, que tiveram o sigilo levantado na quarta-feira (30) pela 11ª Vara Criminal.

Um diálogo travado dentro do carro 924 do 9º Batalhão da Polícia Militar é usado pelo MP para ilustrar a série de crimes praticada pelos PMs. Na conversa, os policiais afirmam que "honestidade não vale nada" e questionam por que eles deveriam ser honestos "se os políticos não são". O mesmo carro, segundo o Ministério Público, foi usado para cometer diversos crimes entre 2014 e 2015.

Para o MP, as interceptações telefônicas e escutas revelam que os crimes eram algo "rotineiro" para os policiais. Um dos casos mais emblemáticos aconteceu quando os PMs aceitaram duas galinhas e R$ 60 para liberar o suspeito de um crime. Aconteceu no dia 5 de maio deste ano, em uma abordagem de rotina em que os policiais encontram munição no carro de um homem não identificado em Parnamirim, na Grande Natal.

Depois de receberem as galinhas e o dinheiro, os PMs conversam. "Queres vender a tua? Para eu colocar lá no quintal para comer o mato", questiona um deles. O outro recusa a oferta: "Não! Vou ficar com ela! Vem Dias das Mães aí!".



Em uma das interceptações, policiais denunciados fazem gozação sobre galinhas que foram recebidas como pagamento de propina para liberar homem flagrado com munições     (Foto: Reprodução/G1)Em uma das interceptações, policiais denunciados fazem gozação sobre galinhas que foram recebidas como pagamento de propina para liberar homem flagrado com munições (Foto: Reprodução/G1)
 
Fonte: G1

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