O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), divulgou nesta sexta-feira (2) uma nota na qual
rebate as suspeitas de que tenha contas bancárias secretas na Suíça. No comunicado, o peemedebista reiterou as declarações que deu em depoimento à CPI da Petrobras em março, quando negou manter contas no exterior.A Procuradoria Geral da República (PGR) confirmou na última quarta-feira (30) que o Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil os autos de uma investigação sobre Cunha por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. A apuração aponta a existência de contas bancárias em nome de Cunha e de parentes dele no país europeu. O volume de recursos encontrado é mantido em sigilo e foi bloqueado pelas autoridades suíças.
Na nota, porém, Cunha não diz textualmente que não possui contas no exterior. Ele escreve apenas que "reitera o teor do seu depoimento prestado a CPI da Petrobras de forma espontânea".
Na ocasião em que foi à comissão, em março deste ano, o peemedebista foi questionado pelo deputado Delegado Waldir (PSDB-GO) sobre a existência de contas na Suíça ou em algum paraíso fiscal. Cunha negou: "Não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu imposto de renda”, disse.
Cunha foi à CPI de forma voluntária assim que saiu a lista dos políticos investigados pela Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras. As investigações do Ministério Público suíço começaram em abril deste ano, segundo informou a PGR.
Em seu depoimento à comissão, ele garantiu que não possuía nenhuma conta bancária no exterior.
Na nota, Cunha diz ainda desconhecer o conteúdo dos fatos veiculados e afirma que não se pronunciará sobre o assunto sem ter acesso ao “conteúdo real” do que vem sendo divulgado. “Assim que tiver ciência, por meio de seus advogados, o presidente se manifestará”, diz a nota.
O presidente da Câmara alega ver com "muita estranheza" o que ele classifica de "divulgação seletiva de notícias" com o objetivo de constrangê-lo. O peemedebista reproduz ainda trechos de uma nota anterior que divulgou em agosto, data em que a Procuradoria Geral da República enviou denúncia contra ele ao Supremo Tribunal Federal (STF), em que afirma que as suspeitas contra ele são "patrocinadas pelo PT e pelo governo federal" e questiona o fato de não haver ainda nenhuma denúncia contra "membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado".
Ele conclui a nota dizendo que continua "absolutamente tranquilo" e faz seu trabalho com "lisura e independência", "confiando plenamente na isenção e imparcialidade do Supremo Tribunal Federal".
Desde que veio à tona a notícia de que as autoridades suíças haviam enviado ao Brasil as informações de que ele manteria contas naquele país europeu, Cunha vinha se recusando a responder se tem ou não conta no exterior. A divulgação da nota é a sua primeira manifestação sobre o caso.
Denúncia
A Procuradoria Geral da República apresentou denúncia contra Cunha no Supremo em agosto sob a acusação de que teria se beneficiado do esquema de corrupção na Petrobras. Quatro delatores, incluindo o doleiro Alberto Youssef e os lobistas Júlio Camargo, Fernando Baiano e João Augusto Henriques, o acusam de receber propina do esquema.
Outro delator da Lava Jato, o ex-gerente-geral da área Internacional da Petrobras Eduardo Vaz Costa Musa aponta Cunha como responsável por dar a palavra final nas indicações a uma diretoria da estatal.
Em seu depoimento, Henriques confirmou ter depositado dinheiro em uma conta no exterior que veio a saber depois era de Cunha. Segundo o relato do lobista, o repasse era para pagar propina a Cunha pela aquisição, pela Petrobras, de um campo de exploração em Benin, na África.
Leia a íntegra da nota divulgada pelo presidente da Câmara:
NOTA À IMPRENSA
Com relação às notícias veiculadas acerca de supostas movimentações financeiras no exterior, atribuídas ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, esclarecemos:
1) O presidente desconhece o teor dos fatos veiculados e não tecerá comentários sem ter acesso ao conteúdo real do que vem sendo divulgado. Assim que tiver ciência, por meio de seus advogados, o presidente se manifestará.
2) O presidente reitera o teor do seu depoimento prestado a CPI da Petrobrás de forma espontânea.
3) O presidente reafirma seu posicionamento na nota divulgada no dia 20 de agosto de 2015 onde entre outras observações, destacou:
“Também é muito estranho não ter ainda nenhuma denúncia contra membro do PT ou do governo, detentor de foro privilegiado.”
“À evidência de que essa série de escândalos foi patrocinada pelo PT e seu governo, não seria possível retirar do colo deles e tampouco colocar no colo de quem sempre contestou o PT, os inúmeros ilícitos praticados na Petrobrás.”
4) Diante desses fatos causa muita estranheza a divulgação seletiva de notícias visando unicamente constranger o presidente da Câmara, em contrapartida ao silêncio sobre fatos graves que não foram objeto de divulgação alguma.
Refutamos a tentativa contínua de transformar o presidente da Câmara no principal foco da investigação.
5) O presidente continua absolutamente tranquilo realizando seu trabalho com a mesma lisura e independência, confiando plenamente na isenção e imparcialidade do Supremo Tribunal Federal.
ASSESSORIA DE IMPRENSA
GABINETE DA PRESIDÊNCIA
Fonte: G1
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