A mais longa greve registrada na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) caminha para um desfecho. Não por entendimento entre servidores e
Governo do Estado. E sim pela via judicial. Hoje terá uma audiência de conciliação para buscar um acordo entre as partes e pôr fim à paralisação. O encontro será na 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJ/RN), em Natal.
A audiência de conciliação foi agendada pelo desembargador Cornélio Alves, que é relator da ação de pedido de ilegalidade da greve na Universidade, impetrado pelo governador Robinson Faria.
Na ação cível, o governo pedia que fosse determinada "a imediata suspensão do movimento paredista". No entanto, antes de apreciar o pedido de liminar sobre a ilegalidade e abusividade da greve na Universidade, o desembargador optou por ouvir as partes envolvidas.
Participarão da audiência representantes da administração da instituição, membros da Associação dos Docentes da Uern (Aduern) e Sindicato dos Técnicos Administrativos da Uern (Sintauern), e representantes do Governo do Estado. Os assessores jurídicos das respectivas instituições também acompanharão as discussões.
Para o diretor da Aduern, Lemuel Rodrigues, hoje será um dia decisivo para o movimento grevista. "Estamos confiantes que o Judiciário confirmará que a greve da Uern é resultado da falta de compromisso do Governo do Estado às justas reivindicações da categoria", avalia.
De acordo com o reitor Pedro Fernandes, que acompanha as negociações entre servidores e governo desde o início das discussões da campanha salarial, não há outra expectativa da audiência de conciliação senão um acordo para encerrar a greve. "Estamos confiantes de que a audiência possa representar um entendimento entre as partes", destaca o reitor.
Os servidores da Uern estão em greve desde o dia 25 de maio. A categoria reivindica o cumprimento do acordo feito com o governo no ano passado. Entre os pontos pleiteados estão o reajuste salarial de 12,035% para este ano, a realização de concurso público e a conclusão das obras inacabadas da Universidade.
Alunos são prejudicados com paralisação de mais de quatro meses
Do início da mobilização na Uern até hoje são 144 dias. Mais de quatro meses com a maioria das atividades acadêmicas paralisadas devido ao impasse entre Governo do Estado e servidores. Entre todos os prejudicados com a morosidade para se chegar a um entendimento e encerrar a greve, os alunos acabam sendo os mais penalizados.
A estudante Paula Rocha, que está no último período do curso de Comunicação Social, relata que a paralisação das aulas está trazendo prejuízos não apenas acadêmicos, mas também profissional.
"Atuo como estagiária em uma empresa e aguardo apenas a colação de grau para ser efetivada. Porém, enquanto a greve se prolongar, fica mais distante conquistar o diploma e crescer profissionalmente. Sem contar no prejuízo de conteúdo. Não culpo os professores, eles estão no seu direito. Mas torço que o Governo se sensibilize e essa paralisação possa chegar ao fim", declara.
O estudante Eduardo Paiva, que está no último período no curso de Direito, enfrenta o mesmo dilema de Paula por causa da paralisação. "Como sou concluinte, a greve faz com que eu atrase meus planos de começar a advogar no início do ano que vem, bem como impede que eu possa fazer seleção para mestrado. Porém, apesar da insatisfação pessoal, entendo que a greve é legítima e justa, com o objetivo de trazer benefícios para toda a comunidade acadêmica. É uma luta não só dos professores e servidores, mas também de nós, alunos da instituição".
Conforme o reitor Pedro Fernandes, tão logo encerre o movimento grevista, o Conselho Universitário (Consuni) irá se reunir para definir um novo calendário acadêmico. "Infelizmente, os alunos já estão sendo penalizados. Mas vamos discutir junto com o Conselho e com os professores a melhor maneira de dar prosseguimento ao calendário acadêmico de modo a minimizar ao máximo os transtornos decorrentes à paralisação", diz.
Fonte: O Mossoroense
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