“Não queremos vingança. Queremos justiça”. Dez anos depois da morte do marido, é este o sentimento da dona de casa Margareth Ferreira Monteiro, viúva do então prefeito da cidade de Grossos João Dehon da Costa Neto, de 37 anos. Dehon
Caenga, como era mais conhecido, e o motorista da prefeitura, Márcio Sander Martins, foram baleados por policiais civis no dia 23 de junho de 2005. A ação, considerada desastrosa pela própria Polícia Civil, aconteceu na BR-304, na entrada de Santa Maria, cidade distante a pouco mais de 50 quilômetros de Natal.O Tribunal de Justiça do RN confirmou que os seis policiais acusados pelo Ministério Público começam a ser julgados a partir das 8h desta quarta-feira (30). Em razão do clamor popular – e por uma questão de segurança – o júri poular foi desaforado da comarca de São Paulo do Potengi e será realizado no Fórum Desembargador Miguel Seabra Fagundes, em Natal.
“Pela quantidade de tiros, para mim está mais do que provado que se tratou de uma execução. Não vejo outra explicação”, desabafa Margareth. Ao G1, a viúva também relembrou das dificuldades que passou com os filhos do casal. “Nossos dois filhos eram pequenos. Um, com dois anos na época, até hoje chora e sempre pergunta pelo pai. O outro, que tinha 8 anos, precisou de acompanhamento de um psicólogo. Até hoje, para todos nós, é muito difícil tudo o que aconteceu”, ressaltou.
O caso
Já era noite quando João Dehon voltava de Natal para Grossos com o motorista, um contador e o tesoureiro da prefeitura. A picape se aproximava da cidade de Santa Maria quando foi atingida por vários tiros de pistola e fuzil disparados por uma equipe da Delegacia Especializada de Defesa da Propriedade de Veículos e Cargas (Deprov). Além da morte do prefeito e do motorista, os outros dois servidores ficaram gravemente feridos. Sem controle, a Hilux ainda invadiu um posto de gasolina.
Foram denunciados por homicídio duplamente qualificado os policiais civis João Maria Xavier Gonçalves, João Feitosa Neto, Newton Brasil de Araújo Júnior, Railson Sérgio Dantas da Silva, Gildvan Fernandes de Oliveira e José Wellington de Souza. Os seis aguardam o julgamento em liberdade.
Fonte: G1
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