A Polícia Civil de São Paulo quer que o tio do menino Ezra, encontrado morto dentro de um freezer, venha ao Brasil para liberar o corpo da criança que está no IML (Instituto Médico Legal) há uma
semana.
O corpo foi encontrado na última sexta-feira (4) em um apartamento na Rua Santo Amaro, no Centro da capital paulista. Ezra morava com a mãe, o padrasto e duas irmãs.
Câmeras do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, registraram o casal e as duas filhas no Aeroporto de Cumbica. A gravação mostra Lee Ann Finck e Mzee Shabani passando pelo saguão com as duas filhas no dia 3 de setembro, pouco antes de embarcar em um voo para a África, um dia antes do corpo do menino ser encontrado.
"Nós já solicitamos à Polícia Federal as informações do destino da mãe e do padrasto do menor que foi brutalmente assassino", afirmou o secretário de Segurança Pública Alexandre de Moraes, na manhã desta sexta-feira (11).
De acordo com Moraes, o tio foi localizado na África do Sul após a polícia acionar o Consulado do local.
"Já entramos em contato anteontem com o Consulado da África do Sul para pegar novas informações, inclusive gerou um contato com o tio da vítima para que ele venha até o Brasil e possa autorizar a liberação do corpo do menor e um enterro digno", justificou Moraes.
Para o secretário de Segurança Pública, o casal é considerado foragido. Ele não descarta pedir ajuda da polícia internacional.
"Obviamente o casal é foragido, agora está fora do território nacional. Estando fora do território nacional o que a Polícia de São Paulo pode fazer é continuar as investigações, trocar essas informações, verificar pra onde foram e eventualmente a partir de tratados internacionais não só pedir o auxílio da Interpol, mas pedir via Ministério da Justiça a extradição dessas duas pessoas", disse.
O DHPP aguarda o laudo necroscópico para saber a causa e a data da morte do menino.
Freezer é carregado para dentro de apartamento no Centro de SP (Foto: Reprodução/TV Globo)
Imagens de câmeras de segurança do prédio onde morava a família mostram que, no dia 28 de agosto, o freezer foi carregado da loja de doces de Mzee, no térreo, até o apartamento deles. No local moravam o menino, a mãe dele, o padrasto de 26 anos e duas irmãs, filhas do casal, segundo o boletim de ocorrência.
Seis dias antes, no dia 22, as mesmas câmeras registraram o Ezra entrando no hall do prédio e, em outro momento, cumprimentando um vizinho.
Histórico de problemas
O Conselho Tutelar informou que Ezra foi atendido em junho de 2014 após receber denúncia que a criança apresentava sinais de espancamento. A mãe declarou, segundo o conselho, que batia "no intuito de educar, e não machucar".
No mesmo ano foi concedida uma liminar de acolhimento, suspendendo o convívio familiar de Ezra com o padrasto e a mãe. Em 15 de janeiro deste ano, o juiz Rodrigo Vieira Murat permitiu o retorno do menino ao convívio com o casal e determinou que o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) acompanhasse a família por seis meses.
O desembargador do Tribunal de Justiça, Antônio Carlos Malheiros, disse que o menino foi acompanhado durante seis meses e depois devolvido à família após pedido da própria criança.
Sepultamento
Como nenhum familiar procurou o IML (Instituto Médico Legal) para liberar o corpo da criança, o delegado que investiga o caso prorrogou o prazo de três dias para reconhecimento para que o menino não seja enterrado como indigente.
A polícia informou que entrou em contato com o consulado da África do Sul para tratar de liberação do corpo de Ezra.
Depois da descoberta do corpo de Ezra, a loja de doces da família foi arrombada e saqueada, segundo os vizinhos.
A Polícia Civil disse que a investigação está em andamento, com coleta de imagens, depoimentos, levantamento de informações com a Polícia Federal e com a Delegacia do Aeroporto, bem como de ligações telefônicas recentes.
Caso
A família tinha loja de doces no térreo do edifício e morava no primeiro andar. Por volta das 18h40 de sexta (4), vizinhos ligaram para a polícia para verificar se havia algo estranho no apartamento.
O primo do padrasto do menino contou à polícia ter estranhado o fato de o vendedor de 26 anos ter deixado a loja fechada naquele dia. Ele foi até o apartamento e, na porta, sentiu um cheiro muito forte.
O homem chamou o proprietário do imóvel e lá encontraram, no freezer, o corpo do menino enrolado em um lençol e em sacos plásticos, segundo o boletim de ocorrência. Segundo o primo, Ezra era filho da companheira do vendedor.
Prédio onde menino foi encontrado morto dentro de um freezer no Centro de SP (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)
Fonte: G1
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