Fundador do PT, o advogado paulista Hélio Bicudo, 93, apresentou nesta terça-feira (1º) à Câmara dos Deputados pedido de impeachment contra a presidente
Dilma Rousseff (PT).
O documento é endereçado ao presidente da Casa Legislativa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e foi protocolado no início desta tarde pela filha do jurista, Maria Lúcia Bicudo, e pela advogada Janaina Paschoal, que também subscreve o pedido.
Por conta de sua idade e de seu estado de saúde, o advogado não participou da entrega do documento. Em 2010, ele sofreu um um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e permaneceu internado na capital paulista.
Segundo a filha de Bicudo, a iniciativa partiu do próprio advogado e não tem relação nem com partidos políticos nem com movimentos favoráveis ao impeachment da presidente.
Na carta, o fundador do PT afirma que o país está "mergulhado em profunda crise" e que a atual situação econômica é, na verdade, uma crise moral.
Ele argumenta que a presidente cometeu crime de responsabilidade e elenca, entre outros motivos para o seu afastamento, as chamadas "pedaladas fiscais", manobras do governo federal para adiar pagamentos e usar bancos públicos para cobrir as dívidas.
"Houve uma maquiagem deliberadamente orientada a passar para a nação (e também aos investidores internacionais) a sensação de que o Brasil estaria economicamente saudável e, portanto, teria condições de manter os programas em favor das classes mais vulneráveis", disse.
O documento também cita a Operação Lava Jato e a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras e diz que, pela Polícia Federal ter investigado pessoas próximas à presidente, houve a desconstrução de sua "aura de profissional competente e ilibada, criada por marqueteiros muito bem pagos".
Ele ainda lembra de pedido do vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, à Procuradoria-Geral da República para que apure eventuais crimes que possam motivar uma ação penal pública.
"O Tribunal Superior Eleitoral, em longo e minucioso processo, tem apurado inúmeras fraudes, verdadeiros estelionatos, encetados para garantir a reeleição da Presidente da República, tendo o ministro Gilmar Mendes aduzido que, se soubesse, anteriormente, do que sabe na atualidade, não estariam aprovadas as contas de campanha", afirma.
Segundo ele, diante dos fatos apresentados, é reforçado o entendimento de que a presidente "agiu com dolo" pelo fato de ela "sempre se mostrar muito consciente de todas as questões afetas ao setor de energia, bem como aquelas relacionadas à área econômica e financeira".
"Resta também imperioso que se tenha nítido que, em nenhuma medida, considerar a possibilidade de impeachment representa golpe. Muito ao contrário, o que uma verdadeira República não pode admitir é que o governante lance mão de todo tipo de desmando, até com o fim de garantir sua reeleição, ficando blindado à devida ação dos demais poderes", conclui.
No PT, o advogado foi deputado federal (1991-1994) e vice-prefeito de São Paulo no mandato da atual senadora Marta Suplicy (sem partido-SP).
Fonte: Folha de São Paulo
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