A Fifa anunciou que Jérôme Valcke foi
afastado do cargo de secretário geral da entidade. A federação divulgou uma
nota nesta quinta-feira para comunicar o afastamento e informou também que o
dirigente
será investigado. Ele é acusado de participação em um esquema ilegal
de venda de ingressos no Mundial de 2014. Cornel Borbely, chefe do braço
investigativo do Comitê de Ética da Fifa, será o responsável pela investigação.
Mais cedo, o "Estado de S.
Paulo" e jornais de outros nove países publicaram uma reportagem com
denúncias feitas pelo empresário israelense Benny Alon. Ele acusa o francês de
lucrar indevidamente com a comercialização de uma parcela das entradas para a
Copa do Mundo no Brasil.
"A Fifa anunciou hoje
(quinta-feira) que o seu secretário-geral, Jérôme Valcke, foi afastado e
liberado de suas funções efetivas com efeito imediato e até um novo
posicionamento da Fifa. A Fifa tomou conhecimento de uma série de denúncias
envolvendo o secretário-geral e solicitou uma investigação formal pelo Comitê de
Ética."
A denúncia
Segundo as denúncias feitas por Benny
Alon e publicadas pelo Estado de S. Paulo, Valcke teria montado um esquema para
ficar com 50%¨dos lucros da comercialização de 11 mil bilhetes da edição do
Mundial de 2014 (os demais veículos falam em 8.750 bilhetes). Os tíquetes
seriam negociados por um valor até quatro vezes maior em relação ao original. O
dirigente teria arrecadado € 2 milhões (R$ 8,83 milhões, na cotação desta
quinta-feira) com a operação, acusou Alon.
O acordo teria sido firmado em março
de 2013, meses após os primeiros contatos entre as duas partes. Ainda segundo o
"Estadão", que ao lado dos outros nove jornais teve acesso a e-mails
confidenciais trocados entre Benny Alon e Valcke, eles definiram que ingressos
para jogos de muito apelo, como a final no Maracanã e todos aqueles envolvendo
a seleção brasileira, teriam essas cotas com valores quatro vezes maior.
Ainda segundo o jornal,
"desapareceram" 8,3 mil ingressos da Copa de 2014 que seriam vendidos
pela JB Marketing, de Benny Alon. Outros 2,4 ficariam com a Fifa. A empresa de
Benny Alon tinha também um acordo com a Fifa para comercializar pacotes de
bilhetes VIPs a partir da Copa das Confederações de 2013. Só que os lucros,
divididos entre a companhia de Benny Alon e Valcke, sairiam principalmente do
Mundial no Brasil.
De acordo com The Guardian, que foi
um dos 10 veículos de mídia a divulgar o conteúdo, Valcke nega as
irregularidades. O jornal britânico também diz que os mails não são conclusivos
e não provam, a priori, as denúncias.
O dirigente
Valcke, que negou todas as acusações,
iniciou a carreira como jornalista, passando por algumas das principais
emissoras da França, e chegou à Fifa em 2003 para assumir o cargo de diretor de
Marketing e TV. Três anos depois ele foi afastado do cargo, acusado de ter
mentido na negociação de patrocínio com duas grandes empresas de cartões de
crédito. O escândalo custou US$ 60 milhões à Fifa.
Mesmo com a polêmica, Joseph Blatter
o nomeou secretário geral da Fifa em 2007. Lá, o francês ganhou um papel de
protagonista, esteve à frente das organizações dos Mundiais de 2010, na África
do Sul e 2014, no Brasil, e foi até mesmo cotado para a vaga do suíço quando
deixasse a presidência da federação. No entanto, ele já havia anunciado que deixaria
a Fifa em fevereiro de 2016.
Fonte: Globo Esporte
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