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terça-feira, setembro 01, 2015

Cadeirante terá conta bloqueada com parcelamento e pode parar tratamento

Leandro ao lado da filha Lívia. Ao fundo, o andador usado pelo cadeirante (Foto: Felipe Truda/G1)O parcelamento dos salários anunciado nesta segunda-feira (31) pelo governo do Rio Grande do Sul colocou servidores e pensionistas do estado em situação financeira delicada. É o caso de Leandro Rosa
de Oliveira, de 32 anos. Além de ter de negar os pedidos da filha de cinco anos, o agente penitenciário aposentado por invalidez corre o risco de interromper a fisioterapia, o que pode causar consequências imediatas no seu tratamento.
"Hoje entrou esse valor de R$ 600, e não cobriu nem o cheque especial que estou usando. Amanhã entra um débito de R$ 4 mil, de um crédito que eu havia pego no mês passado, com a esperança de que neste mês já estivesse normalizada a situação. Então amanhã a minha conta tranca. O transtorno é muito grande. As dificuldades têm sido imensas. Até o lado psicológico ao fazer a fisioterapia é afetado", lamenta Leandro, que após um acidente de trânsito teve de se locomover em cadeira de rodas.
Conforme anúncio feito nesta segunda pelo governador José Ivo Sartori, pagamento aos servidores vinculados ao Executivo será feito em quatro parcelas. Além dos R$ 600 depositados nesta segunda, mais R$ 800 serão pagos até o dia 11 de setembro. Já no dia 15 está programado o crédito de R$ 1.400. A parcela complementar para quem ganha acima de R$ 2.800 será creditada até dia 22.
Leandro perdeu os movimentos das pernas em um acidente de trânsito em 2011, enquanto se deslocava a trabalho. Desde então, vive com o dinheiro da aposentadoria, e tem a guarda da filha Lívia, de 5 anos, compartilhada com a ex-mulher. Além da pensão, recebia uma verba do estado para realizar fisioterapia. O dinheiro, no entanto, não chega há dois meses. Mesmo sem pagar, ele continua fazendo o tratamento, mas não sabe até quando. O certo é que, para manter a saúde, ele não pode parar.
Rampa foi colocada no pátio para Leandro entrar em casa (Foto: Felipe Truda/G1)Rampa foi colocada no pátio para Leandro entrar
em casa (Foto: Felipe Truda/G1)
"O lesado medular tem uma característica dura de ouvir: precisa de fisioterapia pelo resto da vista. Se para de fazer, começa a atrofiar as pernas e ter espasmos. As pernas começam a se mover involuntariamente, e a gente não dorme de noite. Ainda estou fazendo, mas não tenho garantia nenhuma de que a dona da clínica vai permitir que eu continue, pois dois meses de atraso geram um prejuízo para ela", afirma.
Além de não saber até quando poderá continuar na fisioterapia sem poder pagar, Leandro precisa lidar com as dificuldades financeiras decorrentes do parcelamento. Para isso, conta com a compreensão da pequena Lívia. "Quando ela vem comigo ao mercado e pede um iogurte ou um chocolate, eu explico a ela que no momento não posso comprar. Procuro lidar com transparência. Graças a Deus ela entende, apesar de ter apenas cinco anos. É bem consciente", diz.
Apesar de ficar sem poder fazer compras até receber as outras parcelas do salário, Leandro sabe que não vai passar fome graças aos amigos que fez quando trabalhou na Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) e na Brigada Militar. "Se eu for passar necessidade, terei colegas que são como irmãos, que provavelmente darão um jeito de se reunir e me ajudar, assim como já fizeram para comprar a cadeira de rodas e me dar apoio quando eu precisei", conta.

Fonte: G1

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