quarta-feira, setembro 16, 2015

Árbitro relata ameaça de morte de filho de prefeito em jogo do Paulista

Prefeito teria feito diversas ofensas ao trio de arbitragem do confrontoA súmula publicada por Magno de Sousa Lima Neto, árbitro vinculado à Federação Paulista de Futebol, causou polêmica ao relatar
ameaças de morte feitas pelo filho do prefeito de Presidente Prudente, Milton Carlos de Mello, além de diversos xingamentos feitos pelo político e pelo presidente do Grêmio Prudente, José Bueno Fernandes Neto.

O problema aconteceu após o empate por 1x1 entre Grêmio Prudente e Assisense, no estádio Prudentão (a 558km de SP), no último final de semana. Válido pela segunda fase do Campeonato Paulista da Segunda Divisão (equivalente a quarta divisão).

O confronto tomou proporções exageradas quando, segundo o juiz, após o término da partida, a equipe de arbitragem, que também conta com os assistentes Rafael Cesar Fernandes, Alessandro da Mata Lemos e Bruno Alexandre Soto, foi alvo de críticas pelo prefeito de Presidente Prudente, Milton Carlos de Mello. Além disso, o filho do político, Murilo Mello, que é vice-presidente do presidente do Grêmio Prudente foi acusado de ameaçar de morte o assistente Rafael Fernandes.

As reclamações foram direcionadas especificamente ao assistente Rafael Cesar Fernandes por supostos erros cometidos durante a partida. Com o empate, o Grêmio Prudente possui apenas quatro pontos, ficando na quarta colocação do Grupo A5, ainda com chances de acesso.

Segundo relato de Magno Neto, o político disparou duras críticas contra Rafael, dizendo que ele "jogou o projeto da cidade no lixo" e que não iria sair do vestiário da arbitragem por ser o prefeito da cidade.

"Sou o prefeito da cidade e ele não pode vir aqui e fazer o que ele fez e sair como se nada tivesse acontecido, são pessoas como vocês que afundam o futebol, por isso que a Federação Paulista está do jeito que está, eu sou inimigo declarado da Federação Paulista de Futebol, e pode falar lá que sou oposição ao Marco Polo Del Nero, que está acabando com o futebol do interior", escreveu o árbitro na súmula sobre as atitudes do político.

A situação se tornou ainda mais alarmante no caminho para o carro da Federação Paulista de Futebol, que iria leva-los de volta para casa, quando o assistente começou a ser acusado de ladrão, inclusive recebendo ameaça de morte do filho do prefeito, que segurava um celular enquanto proferia as palavras.

"Você vai morrer, seu filho da p*, estou vendo aqui seu filho de uma p* covarde, que você tem filho e esposa, teve filho agora, né seu c*? Você não merece ter filho e esposa, seu ladrão", escreveu Magno Neto, incluindo diversos outros xingamentos sofridos por ele e pelos seus assistentes.

O árbitro ainda destacou que, enquanto se dirigiam rumo ao carro da FPF, os assistentes seguiram sendo hostilizados pelos homens, enquanto policiais assistiam à cena "de forma passiva".

Vale ressaltar que esta não é a primeira vez que o prefeito se envolve em polêmica por reclamar do trabalho da equipe de arbitragem. Confira no vídeo o momento em que o prefeito (com a camisa número 10 do Grêmio Prudente) parte para cima do trio de arbitragem em um outro confronto para reclamar de supostos erros contra o clube.

Filho de prefeito nega ameaças

Ao UOL Esporte, Murilo Mello, filho do prefeito e vice-presidente do Grêmio Prudente, que também é citado na súmula, confirmou que teve uma ríspida conversa com o árbitro, mas negou que tenha feito qualquer tipo de ameaça. Mello também afirmou que seu pai, o prefeito de Prudente, tampouco ameaçou o juiz de qualquer maneira.

 "No calor do momento, falamos sim alguns palavrões, mas não fizemos nenhum tipo de ameaça. Isso não é verdade. O que fizemos foi cobrar a postura dele (árbitro), que errou muito dentro do jogo", disse Mello.

O vice-presidente do Grêmio Prudente contou ainda que sua maior cobrança é para que a Federação Paulista de Futebol preste mais atenção nas arbitragens em Presidente Prudente. "O coronel Marinho (presidente da comissão de arbitragem da FPF) vai a jogos em outras cidades, mais próximas a São Paulo, mas não vem a Prudente, que fica a 600 quilômetros da capital. Então, os árbitros vêm aqui, e o estádio não está cheio, eles pensam que podem fazer qualquer coisa, prejudicar o Grêmio Prudente e saírem sem serem cobrados. Nossa obrigação com os torcedores é cobrar uma arbitragem justa", defendeu Mello.

Confira a súmula com todos os palavrões publicada pelo árbitro na íntegra:

"Ao término da partida o prefeito da cidade de Presidente Prudente se dirigiu ao vestiário da arbitragem e parado de frente à porta do vestiário que estava aberta proferiu as seguintes palavras: " Eu quero falar com o bosta do assistente Rafael que jogou o projeto de uma cidade no lixo, e não vou sair daqui sem falar com esse bosta, porque eu sou o prefeito da cidade e ele não pode vir aqui e fazer o que ele fez e sair como se nada tivesse acontecido, são pessoas como vocês que afundam o futebol, por isso que a federação paulista está do jeito que está, eu sou inimigo declarado da federação paulista de futebol e pode falar lá que vou que sou oposição ao Marco Polo Del Nero que está acabando com o futebol do interior", neste momento eu me dirigi à porta do vestiário, e o avisei que iria fechá-la para continuarmos realizando o nosso trabalho.

Ao deixarmos o vestiário da arbitragem e nos dirigirmos ao estacionamento para pegar o carro da FPF, e durante todo este trajeto o prefeito da cidade Sr. Milton Carlos de Mello, vulgo "Tupã", juntamente com o seu filho e o presidente do Grêmio Prudente, Sr. José Bueno Fernandes Neto, provocavam e insultavam o assistente nro 2 Sr. Rafael César Fernandes, onde o prefeito proferiu as seguintes palavras: "Ta contente...ta contente, seu vagabundo, sem vergonha, filha de uma puta, você tinha que ter vergonha na sua cara pra poder fazer isso seu filho da puta, seu filho nasceu esse ano e você tinha que ter vergonha de ser ladrão deste jeito seu cuzão, seu bosta, vagabundo, você é um bundão e seu nome já está na mão do Reinaldo, sabe porque, porque você acabou com o projeto de uma cidade, seu bosta, seu merda", enquanto isso o filho do prefeito proferia as seguintes palavras em posse de um celular em suas mãos "Você vai morrer seu filho da puta, estou vendo aqui seu filho de uma puta covarde, que você tem filho e tem esposa, teve filho agora né seu cuzao, você não merece ter filho e ter esposa seu ladrão, você é um bosta, volta pra sua casa agora desse jeito seu filha da puta, seu filho não merecia ter nascido de você e sua mulher deve estar com outro agora seu bosta", e o presidente do clube também se dirigindo ao assistente nro 2 proferia as seguintes palavras: "Você já veio aqui mal intencionados seu vagabundo, já liguei para o Reinaldo e o Cel. Marinho pra falar da merda que você fez aqui hoje, você ta deixando 50 pessoas desempregadas seu cuzão, e o Cel. Marinho vai até Santos no Jabaquara e não tem coragem de vir aqui". Ao colocar as malas no porta-malas do carro da FPF que conduzia a equipe de arbitragem o prefeito continuou com as ofensas ao Sr. Rafael Cesar Fernandes, falando muito próximo ao seu rosto com o dedo em riste proferia as seguintes palavras "Seu bosta, seu bosta, seu monte de merda, você acabou com o projeto de uma cidade, seu monte de merda", quando o assistente já estava dentro do carro ele tentou forçosamente abrir a porta que estava travada, proferindo as seguintes palavras "Você não é machão, sai aqui fora seu machão, bundão do caralho, você acabou com o projeto seu monte de bosta, filho da puta", foi no momento que entrei dentro do carro e saímos do estádio.

Relato ainda que durante todo o assédio do prefeito, do seu filho e do presidente do Grêmio Prudente ao Sr. Rafael César Fernandes, não revidou com palavras ou gestos, se mantendo todo o tempo em silêncio durante as agressões verbais recebidas e o policiamento atuou de forma muito passiva não contendo em nenhum momento a ação dos mesmos".

Fonte: Uol

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