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segunda-feira, agosto 17, 2015

Três grupos com 10 pessoas atuaram em Osasco e Barueri, diz secretário

Familiares batem palma no enterro de Eduardo Bernardino Cesar (Foto: Paula Paiva Paulo/G1)O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, afirmou nesta segunda-feira (17) que três grupos formados por dez pessoas atuaram na série de
ataques em que dezoito pessoas morreram_dois em Osasco, um em Barueri.
Em Osasco, Peugeot da cor prata com 4 pessoas e uma moto com 2 pessoas são apontados como os grupos suspeitos de terem particpado do ataque.
Segundo Moraes, um carro preto com 4 pessoas atuou em Barueri. As armas utilizadas nos dois eventos em que três pessoas morreram em Barueri são as mesmas, o que mostra que um grupo só atuou na cidade. "Não só os estojos, mas os projéteis encontrados nos corpos das vítimas".
"É uma necessidade importante de verificar se há uma relação entre Barueri e Osasco", disse o secretário no DHPP. 
O Departamento Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) começou ouvir testemunhas e familiares de vítimas da chacina nesta segunda. Colegas do policial militar que foi morto no último dia 7 em um posto de gasolina de Osasco por dois homens que assaltaram o local também devem ser ouvidos. Segundo Moraes, nenhum policial foi ouvido ainda.
A principal hipótese da chacina é a vingança da morte do policial. A Corregedoria da Polícia Militar (PM) de São Paulo foi acionada para apurar a suspeita de participação de policiais na série de ataques.
Na sexta-feira (14), o secretário da SSP, Alexandre de Moraes, já havia antecipado à imprensa que uma das linhas de investigação seria a presença de PMs nos assassinatos. "Não descartamos nenhuma hipótese", disse o secretário, naquela ocasião.
Recompensa
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, informou na manhã desta segunda que o governo vai oferecer R$ 50 mil a quem repassar informações que esclareçam a série de ataques que deixou 18 mortos na noite de quinta-feira em Barueri e Osasco.
"Quem der uma indicação que levará ao esclarecimento do crime receberá R$ 50 mil", disse Alckmin. As informações devem ser registradas no site webdenuncia.org.br
As denúncias ficaram sob sigilos e os denunciantes protegidos por programa de proteção.
"Toda a polícia está empenhada na investigação e na elucidação dessa chacina, na prisão dos criminosos", completou.
Sobre suposto envolvimento de policiais, Alckmin disse que todas as hipóteses estão sendo investigadas. "Nenhuma hipótese está descartada, mas há que se fazer a investigação. E isso que está sendo feito. Precisamos ter segurança para fazer afirmações".
Segundo o governador, a investigação avançou. "Há muitos avanços, mas não devemos colocá-los para não prejudicar a investigação. A polícia que fala sobre a investigação"
Instituto de Criminalística (IC) de São Paulo informou que assassinos utilizaram armas de calibres 380, 38, 45 e 9 mm nos ataques. A Polícia Civil já havia levantado a informação sobre o uso de armas restritas às forças de segurança nos crimes. Uma das possíveis motivações levantadas pelas investigações é a de vingança de PMs e guardas-civis pelas mortes de um policial e de um GCM, ambos de folga.
Segundo nota da Secretaria da Segurança Pública (SSP), projéteis daquelas armas foram encontrados em oito dos dez pontos onde ocorreram os crimes na quinta-feira (13). Os calibres 38 e 380 são usados pela Guarda Civil; o 9 mm, por integrantes da PF e das Forças Armadas. Policiais civis e militares de São Paulo usam em serviço munição calibre ponto 40, que não foi encontrada nas cenas dos crimes. Armas ponto 45, um dos calibres achados pelo IC, podem ser portadas por agentes de segurança de folga desde 2013.
Naquele ano, o Comando do Exército autorizou policiais militares, policiais civis e bombeiros a comprarem e portarem, para uso pessoal, pistolas de calibre ponto 45. A ponto 45 é também usada pela Polícia Federal como arma corporativa, nas ruas.
As Polícias Militares dos estados e do Distrito Federal, porém, continuam proibidas de usar o mesmo calibre no policiamento. Segundo o Exército, pela legislação, as armas de dotação das PMs no país são exclusivamente o revólver calibre 38 e a pistola ponto 40.
“Assim que o material dos últimos dois locais for periciado, o IC poderá concluir a análise conjunta e indicar quais as mesmas armas que foram utilizadas em diversos locais”, informa comunicado da SSP.
Um dos seis feridos teve alta no Hospital Municipal de Barueri na tarde deste domingo (16). Ele tomou um tiro no abdome e passou por cirurgia para retirar a bala. Os feridos no ataque devem ser ouvidos pela investigação.
Feridos
Segundo o hospital, por meio de sua assessoria de imprensa, três baleados nos ataques foram encaminhados para o hospital entre a noite e a madrugada de sexta-feira. Além do homem que teve alta, um chegou com três tiros, dois no peito e um no abdome, e morreu logo após a cirurgia de hemorragia (não há confirmação se essa morte está contabilizada nas 18). O terceiro, que levou dois tiros perto da coluna, foi transferido para o Hospital Geral de Itapevi.
Funcionário do Hospital Geral de Itapevi informou que um homem baleado na série de ataques segue internado. A Secretaria Estadual da Saúde, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não pode dizer quantas vítimas da chacina estão internadas no hospital e que só pode falar sobre o estado de saúde mediante autorização da família.
Força-tarefa
Osasco e Barueri receberam reforço de 83 policias militares e 43 viaturas após a série de ataques. De acordo com a SSP, os agentes das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), Força Tática e Comando de Operações Especiais (COE) patrulhavam as ruas dessas regiões neste sábado (15).
O governo de São Paulo determinou também a criação emergencial de uma força-tarefa,  para investigar a autoria dos crimes. A equipe montada pela SSP possui 50 policiais civis, sendo 30 do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro) e 20 do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Serão 12 peritos e 8 médicos legistas. As delegacias de Osasco e Barueri também participam das investigações.
O Ministério Público estadual designou três promotores para acompanhar a investigação: Marco Antonio de Souza e Helena Bonilha, de Osasco, e Vitor Petri, de Barueri, todos do Tribunal do Júri.
Também acompanharão a investigação o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – Núcleo São Paulo – e o Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (Gecep).

Enterros
A maioria das vítimas foi enterrada neste sábado (15). O G1 acompanhou nesta manhã o velório e sepultamento de seis pessoas no cemitério Santo Antônio, em Osasco. Presley Santos Gonçalves, de 26 anos, Deividson Lopes Ferreira, 26, Igor Silva Oliveira, 19, Jonas dos Santos Soares, 33, Eduardo Bernardino Cesar, 25, e Rodrigo Lima da Silva, de 17. Neste sábado também ocorreram enterros em Barueri, Itapevi, São Paulo, no litoral paulista e um no Piauí. Seis pessoas ficaram feridas.
Durante o velório e sepultamento, familiares das vítimas diziam-se revoltados com a falta de segurança em seus bairros e que seus parentes assassinados não tinham qualquer ligação com o mundo do crime.

Vingança
Uma das linhas de apuração aponta para crimes de vingança que teriam sido cometidos por policiais militares. Os ataques seriam uma retaliação ao assassinato de um policial militar na semana passada em Osasco. O cabo Avenilson Pereira de Oliveira, de 42 anos, foi vítima de um assalto num posto de combustível, no último dia 7. Dois suspeitos do crime foram identificados pelo DHPP, que pediu a prisão deles à Justiça.
As execuções seguiram um padrão: homens encapuzados em carros e em motos desciam dos veículos perto de bares, perguntavam para as pessoas quem já havia tido ficha criminal e atiravam nelas. "Não descartamos nenhuma hipótese", disse o secretário Alexandre de Moraes.

18 vítimas
Os ataques começaram às 20h30 de quinta, em um bar no Jardim Munhoz Júnior, em Osasco, já perto do limite com Barueri. Quatro pessoas baleadas morreram no bar. Outras seis morreram pouco depois ao serem socorridas. Uma testemunha contou ao Bom Dia São Paulo como foi a ação dos criminosos.
"Chegaram dois carros com vários indivíduos, em frente ao bar. Não procuraram por ninguém. Chegaram aqui, bateram em todo mundo que eles viram e saíram correndo rapidamente, saíram rua abaixo e chegaram aqui embaixo, onde deram mais tiros em um pessoal que estava parado lá, também não acertou ninguém, mas foram embora", relatou a testemunha, que não quis se identificar.
Vários ataques ocorreram nas horas seguintes em outras ruas de Osasco: Moacir Sales D'Ávila, Suzano, Vitantônio de Abril e Professora Sud Menucci e nas avenidas Eurico Cruz e Astor Palamin. Segundo testemunhas, os ataques aconteceram até as 22h na cidade.
Já em Barueri, uma pessoa foi morta por volta das 22h15 na Rua Carlos Lacerda. Cerca de uma hora depois, outros dois homens foram assassinados a tiros na Rua Irene. "Esses dois indivíduos baleados estavam sentados tomando uma bebida quando pessoas saíram do carro e passaram a atirar contra eles", disse o sargento da PM Flávio Sabino.

Fonte: G1

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