O governador Robinson Faria (PSD) esteve em Mossoró na última quinta-feira, oportunidade em que concedeu entrevista a vários veículos de comunicação. O Mossoroense aproveitou a
oportunidade e abordou alguns temas espinhosos como a escolha do local para iniciar o programa Ronda de Quarteirão.
O Mossoroense - O senhor está em Mossoró para anunciar a liberação de recursos para a área da agricultura?
Robinson Faria - Viemos participar das aberturas da Ficro e da Festa do Bode. Estamos lançando o Selo da Agricultura Familiar. Também anunciamos o investimento do Governo do Estado de R$ 91 milhões somente no agronegócio.
OM - Sabemos que atravessamos uma crise na saúde e em Mossoró não é diferente, mas existem recursos repassados pelo Governo Federal ao Governo do Estado na ordem de R$ 10 milhões que não foram repassados para a Prefeitura de Mossoró. O que está acontecendo que Mossoró não recebe esses repasses?
RF: A equipe do secretário (Ricardo) Lagreca esteve reunida com o prefeito de Mossoró. Nós recebemos o Estado em situação dramática, mas estamos recuperando esse investimento, esse custeio de investimento da saúde que está quase dobrado em relação ao ano passado. Estamos normalizando o abastecimento dos hospitais regionais. Agora essa demanda reprimida de pagamentos de repasses federais algumas delas estão realmente com calendário, mas temos apenas seis meses de salários atrasados. Estamos com os salários dos servidores estaduais em dia com o Brasil todo desmoronando. É um milagre um Estado que nós pegamos com R$ 1 bilhão em dívidas vencidas, com caixa zero, ainda estarmos de pé. É lógico que existem contas atrasadas e aos poucos nós vamos passar um tempo honrando. Já pagamos muitas. Mas é impossível você em seis meses manter o calendário dos servidores em dia; manter em andamento obras importantes na área hídrica como Adutora do Alto Oeste, a Barragem de Oiticica, a Barragem de Carnaúba dos Dantas... ou seja: todas obras fundamentais para acabar com o colapso do abastecimento de água. Estamos saneando Natal para deixar a capital 100% saneada. Temos muitas metas para comemorar. Agora não existe milagre. É lógico que vamos ter contas do Governo passado que estão sendo cobradas todas as horas. São demandas atrasadas que o nosso Governo vai aos poucos cumprindo um calendário para normalizar. Aqui em Mossoró mesmo nós finalizamos os viadutos que estavam inacabados há muito tempo e era objeto de reclamação do povo. Eu nem vim aqui inaugurar, mas estão sendo de serventia pública.
OM - Com relação às greves da saúde e da Uern. Qual a solução?
RF - Eu gostaria de encerrar até mesmo em respeito aos servidores. Eu tenho um carinho especial e compromisso desde a eleição de ter uma parceria estreita com o servidor público. Tenho procurado atender as demandas. Ontem mesmo anunciei a contratação de 900 professores para a rede estadual de educação. No começo do mandato eu contratei 400 professores. Agora mais 900. Isso em apenas seis meses. Agora existem situações de notificações que eu estou recebendo como governador que infelizmente eu não posso atender porque quando eu tomei posse eu me deparei com um Estado acima do limite legal. Quem entende de lei sabe que quando se encontra nessa situação o Estado fica impedido de encaminhar qualquer mensagem de aumento para a Assembleia Legislativa sob pena de responder por crime de responsabilidade ou de improbidade ou os dois. Existe um inquérito já aberto no Ministério Público Estadual e também no Ministério Público Especial junto ao TCE para fiscalizar os atos do governador para saber se ele está concedendo aumentos em um momento em que a lei não autoriza. Eu disse isso várias vezes. Eu me reuni com a Uern três, quatro, cinco vezes. A mesma coisa com o Sindsaúde. De dez metas eu atendi oito. Só faltam duas. Fiz um apelo a eles para voltarem e esperarem o Estado avançar. Conseguimos aumentar a arrecadação, mas, infelizmente, caiu a arrecadação do FPE. Fomos o segundo estado do Brasil que mais arrecadou. Fomos o primeiro do Nordeste. Os royalties da Petrobras também caíram não só da produção como também do preço. Então o Estado tem que reequilibrar. Estamos fazendo um milagre de estarmos na normalidade. Pernambuco, Estado tão aclamado pelo então governador Eduardo Campos, está com salário atrasado. O Rio Grande do Sul, Estado rico da Federação, está atrasado. São Paulo está com dificuldades, Salvador que tem o prefeito mais bem avaliado do Brasil atrasou os salários. Sergipe também. O governo do Rio de Janeiro vendeu as contas do Judiciário para pagar salários. Há um quadro dramático no Brasil. Eu acabei de ir a uma reunião semana passada com a presidente Dilma onde foram os 27 governadores do país. Cada um fez um relato pior que o outro. Temos uma equipe técnica, honesta, que trabalha com metas e reduziu o custeio em seis meses economizando R$ 180 milhões. Graças a essa economia pudemos pagar a folha em dia, aumentar o investimento no custeio da saúde, pagar a diária operacional do policial, dar a contrapartida de algumas obras como a adutora do Alto Oeste. Retomamos obras paradas que não podíamos pagar porque não tínhamos contrapartida. Já pudemos pagar isso em seis meses. Veja que são comemorações para prestar contas à população.
OM - Com relação aos aposentados. O senhor reduziu o pagamento das aposentadorias de quem recebia um salário maior por ter recebido e contribuído mais com as gratificações. Não seria contraditório continuar descontando a mais de quem...
RF - ... Mas a questão é que existe uma investigação dos órgãos de controle que estamos discutindo. É porque tudo o governo é culpado. O Executivo é o poder mais cristianizado, o mais sacrificado e o mais cobrado. Mas não tem problema. Estamos aqui para isso. Estamos aqui para prestar contas. Todas as demandas começam e terminam no Poder Executivo. Todas as demandas começam e terminam no Executivo estadual. É o órgão que arrecada, que passa a demanda para os demais poderes e no final todos os poderes fiscalizam o Executivo que é o arrecadador. Mas faz parte da engenharia brasileira... faz parte do nosso arcabouço jurídico. Não vamos reclamar disso. O importante é que possamos separar e interpretar quando o Executivo é responsável ou não por determinada ação ou medida.
OM - O senhor começou a cumprir uma promessa de campanha que é a implantação do Ronda Cidadã. Mas sofreu críticas do deputado Kelps Lima por ter implantado no bairro onde o senhor mora. Qual a sua opinião sobre esse posicionamento?
RF - Essa pergunta sua é uma pergunta desinformada. Talvez fosse uma pergunta feita pelo candidato de oposição que perdeu a eleição. No debate, ele poderia ter feito essa pergunta... ele até nesse bairro também mora. A Ronda Cidadã começou no bairro de Mãe Luiza...
OM - ... Mas estou dizendo que foi uma crítica do deputado Kelps Lima. Perguntei qual a sua opinião sobre essa crítica. A pergunta foi baseada numa informação do deputado.
RF - ... Estou respondendo a quem criticou (resposta que contradiz reação à pergunta). Até respondi isso em Natal. O Ronda Cidadã atende a quatro bairros e onde está a maior concentração é em Mãe Luiza onde estava ocorrendo assaltos, mortes e de lá saindo pessoas para assaltar o comércio da Afonso Pena (avenida do centro de Natal), de Ponta Negra e fazendo arrastão em restaurantes. Essa foi uma escolha do serviço de inteligência que identificou as manchas criminais de Natal. Isso não foi feito de forma aleatória. É muito bom criticar... eles estão com raiva porque em seis meses eu implantei o Ronda Cidadã que já está sendo um sucesso. O Ronda Cidadã está hoje em Petrópolis, um bairro que reclamava de assaltos, e agora acabou-se arrastão lá e nos outros quatros bairros. Eu hoje nem moro mais lá. Moro em Pirangi. O deputado está desinformado, porque nem lá eu estou morando mais. Abri mão da casa oficial, economizando 100 mil reais por mês para o Estado. Talvez seja o único governador do Brasil a abrir mão dessa regalia. Não só da casa e de outras mordomias. Portanto, o Rio Grande do Norte tem um governador que sabe o que é renunciar a essas mordomias e dá valor a cada centavo dos cofres estaduais. Estamos fazendo um governo cumprindo a palavra do povo que o elegeu. Não vou impedir que tenham críticas. É normal que tenha. É bom que tenha oposição. Até porque na história recente quem governou sem oposição fracassou.
OM - Com relação ao Ronda Cidadã, ainda, o que o senhor tem a dizer a quem cita o exemplo do Ceará para desconfiar do projeto?
RF - Você está reeditando o debate da campanha passada. Acho que você gravou o debate... o candidato Henrique...
OM - ... Eu assisti o debate (risos)...
RF - ... Pelo visto você gravou as perguntas do deputado Henrique e não gostou das minhas respostas. Mas agora vou responder a você: o Ronda Cidadã é um projeto que começou lá atrás em Nova Iorque pelo então prefeito Rudolph Giuliani que lançou o livro que eu li chamado "Tolerância Zero", um bestseller sobre segurança pública.Esse projeto dele que se chama polícia de proximidade foi copiado em vários países dentre eles a Colômbia que virou um case de sucesso em segurança pública. A Colômbia era um país perigosíssimo quase ninguém ou ninguém visitava a Colômbia para fazer turismo. Hoje o país disputa com Argentina e Chile como o principal destino de turismo da América do Sul porque venceu a batalha da insegurança por conta desses projetos. O Ceará, quando o então candidato pela primeira vez Cid Gomes teve a mesma curiosidade que eu tive de conhecer esse projeto ele adotou no Ceará e foi um sucesso até que agora, recentemente, começou a acontecer falhas no sistema. Só que nós tivemos o cuidado de investigar porque começou a acontecer essas falhas no Ceará e foi facilmente identificado. O governador Cid Gomes criou um status diferenciado para o policial do Ronda Cidadã que até a roupa foi elaborada por um estilista famoso do Brasil. A roupa era mais bonita, os carros melhores, 4x4, fazendo uma distinção de status do policial do Ronda Cidadã e o restante da corporação. O que aconteceu? O restante da corporação desmotivou-se. Ficou o Ronda sozinho para fazer a segurança pública. No nosso Estado corrigimos esse erro. Quem trabalha no Ronda Cidadã ganha a mesma coisa de quem não trabalha. Os carros são os mesmos para todos, a roupa é a mesma. Não há diferença de status. Essa é a metodologia que está sendo implementada. É o Ronda aperfeiçoado que estamos oferecendo ao povo do Estado. Vamos aguardar os resultados que ele está funcionando há apenas 15 dias. Está muito cedo para você achar que vai dar errado.
OM - O senhor sente união da classe política em torno do HUB da TAM?
RF - Estou fazendo a minha parte como govenador. Eu convoquei uma reunião em Natal. Quero agradecer à classe política, às entidades classistas patronais e todos que compareceram. Exceção do ministro do Turismo. Mas todos os demais compareceram. O prefeito de Natal, o de São Gonçalo do Amarante, os três senadores compareceram, toda a bancada federal e estadual, o prefeito de Mossoró estava lá representando a Femurn, eu acho que estamos unidos e temos uma grande condição de ganhar o HUB da TAM. Só estamos nessa disputa, agora vou aqui prestar contas nessa sua pergunta, porque no começo do meu mandato eu fui a São Paulo e candidatei o meu Estado que não era nem cogitado, eram apenas Pernambuco e Ceará. E você me pergunta por que o Rio Grande do Norte não era cogitado? Porque não tinha o programa de incentivo fiscal que eu dei da redução do querosene de aviação. A partir desse compromisso meu com a TAM Natal foi incluída para disputar a sede do HUB da TAM. Foi um toque de ousadia nosso. Natal disputa com muita chance de vitória.
OM - Como o senhor analisa essa ausência do ministro Henrique Alves?
RF - Tem que perguntar a ele.
OM - O PT é seu principal aliado no Rio Grande do Norte. Como o senhor analisa todos esses escândalos do partido?
RF - O PT do Estado não tem nenhuma denúncia. O PT do Estado tem o deputado Fernando Mineiro que tem uma conduta ética... a senadora Fátima Bezerra. Nacionalmente que se resolva lá em Brasília. O importante é viver aqui no Estado.
Fonte: O Mossoroense
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