A Câmara Municipal de Mossoró viveu ontem seus piores momentos. Tudo por conta daquela que deveria ser a discussão do projeto que cria o estatuto da
Fundação Aldenor Nogueira, que tem por finalidade gerir a TV Câmara.
Com minoria pontual em relação a esse assunto, o presidente da Câmara Municipal, Jório Nogueira (PSD), que deseja ser presidente da Fundação, perdeu a esportiva declarando encerrada a sessão antes da hora.
Alterado, Jório chegou a mandar suspender as transmissões dos trabalhos e ligar ameaçando o prefeito Francisco José Júnior (PSD). "Escolha ou eu ou eles (vereadores dissidentes). Mande eles votarem o projeto do jeito que está", vociferou. Após a conversa, Jório fez um alerta intimidador aos colegas de bancada dando "tapinhas" nas costas e proferindo o termo típico das ruas: "Você vai se lascar".
O parlamento está dividido. Os cinco vereadores da oposição estão alinhados aos seis governistas que estão querendo diluição de poder do presidente Jório Nogueira (PSD) que, ao invés de presidir a Fundação, crie um conselho deliberativo com cinco parlamentares para gerir a entidade de forma colegiada.
Os parlamentares querem aprovar uma emenda ao organograma da Fundação. A autoria é conjunta de Genilson Alves (PTN), Celso Lanches (PV), Heró Alves (Pros), Alex do Frango (PV), Lucélio Guilherme (PTB) e TássyoMardonny (PSDB).
Não há nenhum questionamento a respeito da criação da entidade. "A questão é estrutural. Ninguém sabe quem seria do conselho. Estávamos votando como a Fundação seria gerida", explicou o vereador Genivan Vale (Pros).
Genivan explicou ainda que Jório até tentou encerrar a sessão, mas não teve condições regimentais para isso. Quando a sessão foi reaberta o projeto da Fundação não estava mais lá. "Não havia nenhum dos itens previstos no regimento e decidimos continuar a sessão, mas sumiu o projeto. Esse é um exemplo que a classe política deve dar à sociedade", frisou.
Ex-presidente da Câmara Municipal, o vereador Francisco Carlos (PV) se mostrou surpreso com a atitude. "Esse é um fato que nunca aconteceu, o Regimento Interno não prevê um caso dessa natureza. Nunca aconteceu um projeto sumir e tentamos votar com a cópia do projeto que é um caso omisso", acrescentou.
Para Tomaz Neto (PDT), a Câmara Municipal chegou ao fundo do poço. "Até hoje eu nunca tinha visto no Poder Legislativo desaparecer um projeto do plenário. Isso é vergonhoso e o povo tem razão quando xinga os vereadores. Eu não credito mais que essa casa legislativa possa ter crédito e respeito do povo de Mossoró. Está bom de parar com isso", disse o parlamentar que chegou a cogitar prestar queixa contra o sumiço do projeto em uma delegacia.
Entre os governistas o sentimento era de revolta. "Nunca aconteceu de sumir projeto da casa. A gente aceita de coração partido", lamentou Lucélio Guilherme.
O vereador Alex do Frango (PV) lamentou a tentativa de Jório jogar parte da base contra o prefeito. "A gente tamos aqui (SIC) para defender o prefeito e a gestão. Hoje a dificuldade é com a Câmara e não com o prefeito. Infelizmente ele (Jório) não pode tomar essa decisão perante os vereadores e o executivo", criticou.
A reportagem fez contato com a vereadora Izabel Montenegro (PMDB) que disse não se surpreender com os fatos de ontem. Ela estava ocupando a primeira secretaria no momento em que o projeto sumiu. "Eu não faço esse tipo de coisa (dar sumiço em projeto). Não sei qual o interesse desse povo nessa Fundação que tem somente o objetivo de viabilizar a TV Câmara. Mas não me surpreende que o projeto desapareça. Na Câmara já sumiu as contas do exercício de 2011", disse a parlamentar que acrescentou que a convivência interna da Câmara é péssima.
Por meio da assessoria de comunicação, Jório Nogueira informou que não estava mais presidindo a sessão e voltou após ser citado em pronunciamento que o acusava de dar sumiço ao projeto. Ele alegou que suspendeu a sessão porque os ânimos estava exaltados.
O presidente informou que o projeto será votado hoje.
Antes do fechamento desta edição estava programada uma reunião entre o prefeito e a bancada governista para discutir o assunto.
Fonte: O Mossoroense
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