Pelo menos 59 cidades em todos os Estados brasileiros e o Distrito Federal participaram neste domingo (16) da terceira grande manifestação nacional do ano
contra o governo da presidente Dilma Rousseff, com público geral calculado pelas Polícias Militares estaduais em 795 mil pessoas. Dilma, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT foram novamente os principais alvos dos atos, que pediram o impeachment da presidente.
Na primeira manifestação, no dia 15 de março deste ano, o público estimado pelas PMs dos Estados foi de 2 milhões. Em 12 de abril, ao menos 560 mil participantes foram para as ruas, segundo as PMs. As corporações do Rio de Janeiro e de Pernambuco não divulgaram estimativa de público neste domingo (16). As PMs também não registraram nenhum grave incidente de violência ou vandalismo pelo país.
Dois dos principais nomes da oposição no Brasil participaram pela primeira vez das manifestações nas ruas. Em Minas Gerais, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que não aceita "tanta impunidade, corrupção e mentira" e foi carregado nos ombros por populares. Já em São Paulo, onde ocorreu a maior manifestação, na avenida Paulista, com 135 mil pessoas segundo o Datafolha e 350 mil segundo a PM, o senador José Serra (PSDB-SP) foi muito assediado e teve o nome conclamado pelos ativistas.
Na semana que antecedeu os protestos, a presidente Dilma manteve uma agenda de eventos em que tentou se reaproximar de movimentos sociais. Outra reação do governo foi apoiar a chamada Agenda Brasil, relações de propostas elaborada por senadores governistas e ministros para tentar ajudar na recuperação econômica do país.
O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, disse, por meio de sua assessoria, que o governo "viu as manifestações dentro da normalidade democrática". Segundo o blog do Fernando Rodrigues, Dilma mandou os ministros não concederem entrevistas. Na tarde deste domingo, a presidente se reuniu com seus ministros da articulação política para avaliar os protestos.
Um dos principais alvos das manifestações, o ex-presidente Lula ainda não é investigado pela Lava Jato, apesar de seu envolvimento com o empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso pela operação. Um boneco inflável de Lula vestido de presidiário foi colocado na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Cerca de 1.500 pessoas participaram neste domingo de um ato em solidariedade ao ex-presidente na frente do seu instituto, na zona Sul de São Paulo. Em resposta às críticas recebidas pelos manifestantes, o Instituto Lula disse que o ex-presidente "jamais cometeu qualquer ilegalidade antes, durante ou depois de seus dois governos".
Enquanto o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi alvo de críticas em algumas capitais, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não foi diretamente criticado pelas organizações dos eventos. Ambos também tiveram seus nomes citados na Lava Jato este ano. Após assumir oposição a Dilma, Cunha está analisando na Câmara pedidos de impeachment contra a presidente.
'Anticomunismo' e apoio a Moro
Em São Paulo, a avenida Paulista ficou toda tomada por manifestantes. Os grupos Vem Pra Rua, Revoltados On Line e Movimento Brasil Livre foram os principais organizadores.
Palavras de ordem contra Dilma, o PT e os ideais de esquerda do partido foram a tônica do ato. "Quem acha que comunismo deve ser crime no Brasil?", diz um homem sobre o carro de som dos Revoltados Online. "Eeeeeu", responde o público. "O comunismo matou mais do que o nazismo", diz o discurso. O Vem Pra Rua chegou a puxar uma vaia para Renan Calheiros e entoou gritos de "pé na bunda dela porque o Brasil não é a Venezuela".
Em Curitiba, cerca de 60 mil pessoas participaram dos atos, que também deram apoio ao juiz federal Sergio Moro em razão de sua atuação na operação Lava Jato. Outro nome elogiado foi o secretário de Segurança do Estado de São Paulo, Alexandre de Moraes, que esteve na avenida Paulista em um veículo da tropa de choque da Polícia Militar e foi saudado pelos manifestantes com gritos de "Viva a PM".
Fonte: Uol
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