No ar em "Babilônia" desde junho como o empresário Sérgio, Cláudio Lins foi escalado para novela das nove para "substituir" Marcos
Pasquim, já que Carlos Alberto seria um homossexual, mas teve sua história alterada após uma pesquisa realizada por um grupo de discussão de dramaturgia da Globo em São Paulo.
Apaixonado pelo professor de slackline Ivan (Marcello Melo Jr.), Sérgio tem dificuldade em assumir que é gay e o romance tem passado por altos e baixos. Diante do imbróglio, a ausência de carinho entre o casal é algo que tem chamado atenção dos telespectadores.
Em conversa com o UOL, Lins nega que o par não demonstre carícias, explica que existe uma forte atração entre os dois, e aos poucos tanto ele quanto o ator Marcello Melo Jr. vão acrescentando "algumas coisinhas" nas cenas. "O texto realmente não tem indicação de beijo, mas também não tem contraindicação para afagos, carinhos. Toda vez que a gente sente, colocamos uma mão, acrescentamos uma meiguice. Não acho que seja um problema. Só não tem especificado 'dão um beijo'", diz ele, que prefere não levantar bandeiras.
"Vai acontecer o que for melhor para novela e para os autores. Assim como acontece com qualquer folhetim. O melhor não está ao alcance dos atores. A novela joga com o gosto popular. Isso não é um privilégio do beijo gay, é algo que acontece com vários temas de uma trama. Percebo que os casais gays tendem a ser mais discretos em público, então acho que estamos retratando a realidade", justifica.
No entanto, nas ruas a recepção do público – pelo menos na Zona Sul carioca – tem sido positiva, e o beijo é algo cada vez mais pedido, afinal, namorados se beijam.
"Outro dia conversei com um taxista, um senhor que eu poderia supor que tinha um pouco mais de pudor, que me surpreendeu. Ele perguntou 'Quando vão beijar?'. Essa tem sido a pergunta das pessoas. Se em um primeiro momento as pessoas não tocavam no assunto sobre o relacionamento do Sérgio e do Ivan, agora isso já passou. A história do casal já está estabelecida. Rola uma empatia e isso está provocando uma torcida", conta o ator.
Ciente das polêmicas que envolviam a novela de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes -- debate sobre a homofobia, violência, prostituição --, Cláudio acredita que a simpatia em relação ao casal gay esteja relacionada pela forma como a história é contada. Ainda que a relação não seja retratada com humor, um dos atrativos para exibir a homossexualidade na televisão. "Tivemos o privilégio de construirmos aos poucos uma relação e isso foi positivo para o público se envolver com eles".
Para o ator, essa talvez seja uma das justificativas pelas quais as lésbicas Tereza (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathalia Timberg) tenham sido boicotadas pelos espectadores. No primeiro capítulo, a cena do beijo gay provocou uma "comoção nacional" contrária e os afetos do casal tiveram que ser cortados.
"Eles chegaram [autores, direção e atores] aonde todo mundo quer chegar, sem precisar contar uma história. Apostaram, e eu também apostaria, na Nathália e na Fernanda para vencerem a questão [do preconceito] de maneira ágil. Talvez isso tenha assustado o público em um primeiro momento. No caso do Ivan e do Sérgio, eles foram construindo uma relação. A gente foi colocando o público ao nosso favor desde o começo. Por isso, já esperava que as pessoas torcessem por eles", explica.
Nos próximos capítulos do folhetim, Ivan aceitará ter uma relação discreta com Sérgio e o romance tende a ganhar força, já que o empresário aos poucos sairá do armário e assumirá sua identidade.
"O Sérgio é um cara travado em relação a tudo isso que está acontecendo, mas terá uma hora que a notícia vai se espalhar e aí veremos a reação das pessoas e também do próprio casal. O Sérgio se assumindo como homossexual e se assumindo como casal, fará com que o Ivan seja um parceiro mais estável. Só essa segurança fará com ele largue a liberdade que ele conquistou", adianta.
Fonte: Uol
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