O pai do atacante Neymar, Neymar da Silva Santos, divulgou uma carta nesta quinta-feira (16) em que explica a negociação do seu filho com o Barcelona, finalizada
em 2013. Ele se defendeu das acusações feitas pela DIS de que a empresa teria sido passada para trás no negócio e cobrou uma comissão do Santos referente à transferência para o clube catalão.
Segundo Neymar da Silva, o Santos o liberou para negociar o futuro do seu filho após a renovação de contrato com a equipe da Vila Belmiro até o fim da Copa do Mundo-2014. Com isso, a NN Consultoria (uma das empresas da família), representante do atleta, firmou, em novembro de 2011 um contrato com o F.C. Barcelona contendo obrigações e direitos recíprocos, fixando uma cláusula penal no valor de € 40 milhões para a parte que descumprisse os termos e condições do contrato.
"Nesse ponto, aliás, tem que ficar muito claro que o Santos F.C., DIS e Teisa não eram parte do contrato e, portanto, não participariam em conjunto com a NN Consultoria do prejuízo. Isto é, não pagariam solidariamente a multa", disse Neymar da Silva antes de cobrar do Santos 10% pela transação.
"O Santos F.C., por cláusula expressa em contrato livremente pactuado, tem a obrigação de pagar uma comissão de 10% (dez por cento), calculado sobre todo os proveitos econômico obtidos com a transação para a Neymar Sports, mas até agora não o fez. Oportunamente estes valores serão cobrados", acrescentou.
Na nota, o pai de Neymar confirmou a investigação da Receita Federal sobre seus bens. A Folha, que também teve acesso aos documentos, verificou que existem nove processos em andamento na Receita Federal envolvendo as finanças do jogador. Os bens do atacante foram monitorados pelo Fisco.
"Esse é um procedimento (arrolamento de bens) normal realizado pela Receita Federal apenas como medida preventiva de monitoramento de bens. O arrolamento fiscal apenas permite ao Fisco ter informação sobre o patrimônio, não havendo qualquer restrição sobre a liberdade de se dispor dos bens. Não há nenhuma decisão definitiva desfavorável ao meu filho e atleta agenciado, a minha família ou as empresas".
Arrolamento é uma descrição dos bens de uma pessoa. A Receita confere e monitora o patrimônio do contribuinte, como imóveis e carros, para o pagamento de uma dívida.
Tanto Neymar como o seu pai já são investigados pela Justiça da Espanha por causa da polêmica transação para o Barcelona.
No final de maio, o presidente do Santos, Modesto Roma Júnior, afirmou que o clube também entrou com um processo na Fifa contra Neymar, o seu pai, a Neymar Sport e Marketing S/S Limitada [Neymar Sports] e o Barcelona, também por causa da transferência do jogador para o clube espanhol.
A diretoria santista quer receber a diferença do valor anunciado [57 milhões de euros], no dia da transação, 31 de março de 2013, com o valor confirmado pela justiça espanhola [83 milhões de euros]. Os advogados do clube querem, inclusive, receber a diferença com juros. Vale ressaltar que o Santos terá que repassar a porcentagem dessa diferença questionada a DIS.
O Santos confirmou, na época, que recebeu 17 milhões de euros (cerca de R$ 49 milhões) por Neymar, mas terá direito somente a 9 milhões de euros (aproximadamente R$ 26 milhões), pois teve que repassar do montante 40% a DIS, braço esportivo do Grupo Sonda, e 5% a Teisa, grupo de investidores formados por conselheiros influentes no clube, que detinham porcentagem dos direitos econômicos do atleta.
Além dos 9 milhões de euros, o Santos embolsou mais 8 milhões de euros (aproximadamente R$ 23 milhões) na transação. Isso porque na venda do ex-astro santista ficou acordado que o clube espanhol pagou o valor para adquirir a preferência de compra de mais três atletas revelados nas categorias de base do alvinegro praiano -Gabigol, que segue no clube, e Victor Andrade e Giva, que já deixaram o alvinegro praiano.
Procurado pela reportagem, o clube desdenhou da cobrança feia pelo pai de Neymar e disse que não irá se pronunciar sobre o caso.
NA ESPANHA
Em abril, o juiz espanhol Pablo Ruz concluiu o processo de instrução referente à investigação a negociação e indiciou o ex-presidente do clube, Sandro Rosell, o atual presidente, Josep Maria Bartomeu, e o próprio clube por fraude fiscal.
Os três são acusados de fraudar valores de por volta de 12 milhões de euros (aproximadamente R$ 41 milhões) entre 2011 e 2014, quando supostamente teriam tentado esconder o valor real da negociação que tirou o jogador do Santos.
Fonte: Folha de São Paulo
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