Para evitar o andamento de um processo que pede R$ 350 mil de indenização, um empresário que se apresentava como dono do jatinho usado por Eduardo Campos na campanha presidencial de 2014
diz, agora, que "nunca foi proprietário ou explorador da aeronave acidentada".
Em resposta à ação de três moradores de uma propriedade destruída na queda do avião, em agosto passado, a defesa do pernambucano João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho alegou à Justiça que ele iniciou a compra do avião, mas que a Anac não concluiu os trâmites para a transferência da aeronave.
Os advogados afirmam que, com a não concretização da transferência, os pagamentos foram convertidos em horas de voo. Por isso, dizem, no momento do acidente a operação do voo ainda era de responsabilidade do grupo A. F. Andrade, antigo dono do jato.
"Toda intervenção técnica era realizada pela A. F. Andrade, destacando-se, por exemplo, a escolha do comandante", argumenta, na contestação à ação, o advogado Carlos Gonçalves Júnior.
O avião caiu em Santos em agosto do ano passado e matou o presidenciável e mais seis pessoas. Após o acidente, João Lyra assumiu que estava comprando o jato Cessna do grupo A. F. Andrade –que está em recuperação judicial.
Até este ano, João Lyra e Carlos Gonçalves Júnior negociavam acordos extrajudiciais para indenizar as famílias que tiveram propriedades destruídas na queda do avião.
À Folha o próprio Gonçalves havia dito que seu cliente "está assumindo os prejuízos e se propondo a fazer as indenizações e depois vai atrás dos responsáveis pelo acidente, ao final das investigações".
Com base nessa mudança de posição, o representante das pessoas que pedem indenização, Luiz Roberto Stamatis de Arruda Sampaio, pretende responder a João Lyra na Justiça.
"Realmente a transferência [da aeronave] não se concretizou, mas ele é quem estava explorando o uso do avião. Se não tem responsabilidade, por que procurou um monte de gente para pagar indenização?", questionou o advogado dos proprietários.
Procurado, Carlos Gonçalves Júnior não quis comentar a mudança de posição de seu cliente e disse que tudo o que tinha a falar estava nos autos do processo.
A A. F. Andrade não respondeu à solicitação de entrevista da reportagem.
Fonte: Folha de São Paulo
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