sábado, maio 09, 2015

Trama simples de “Alto Astral” levanta o moral do horário das sete da Globo

Sérgio Guizé e Nathalia Dill (Foto: Raphael Dias/ Gshow)E “Alto Astral”, hein? Quem diria! Uma novela despretensiosa – que começou meio assim, como quem não quer nada, pedindo permissão para entrar – foi comendo pelas beiradas e acabou conquistando o
público.

Repleta dos mais batidos clichês do folhetim: personagens maniqueístas, vilões doentios que se deram mal no final, amores impossibilitados, vinganças, duplas identidades, segredos do passado, disfarces, mistérios, a luta do bem contra o mal, vida além da morte. Só não teve o malfadado “quem matou?”. A bem da verdade, sem novidade alguma, ou pretensão de inovar. Nada além de tudo que já vimos e esperamos de uma novela.

Contudo, bem produzida e dirigida (Jorge Fernando e equipe), elenco bom, e roteiro com um humor que – levemente – remeteu aos áureos tempos do horário na década de 1980. Uma novela simples que teve lá o seu sucesso. Prova de que um arroz com feijão bem feitinho também agrada.

E a Globo não podia errar! Preferiu não apostar no duvidoso (entende-se ousadias como “Além do Horizonte” e “Geração Brasil”, as duas tramas anteriores) e andou por caminhos já conhecidos. Acabou que “Alto Astral” levantou o Ibope (e o moral) das sete horas em 3 pontos. Veja:

“Sangue Bom” (2013) – média final 25 pontos
“Além do Horizonte” (2013-2014) – 20
“Geração Brasil” (2014) – 19
“Alto Astral” (2014-2015) – 22 (colaboração de Fábio Dias)

Parece pouco se considerarmos que as duas últimas novelas ficaram abaixo do esperado pela emissora. Mas é bastante, já que “Alto Astral” enfrentou o pior período para uma estreia: início do horário de verão + festas de final de ano + verão, época em que – comumente – todas as audiências da televisão despencam. E ainda desbancou a trama das nove, “Babilônia” – na realidade, isso nem é um mérito de “Alto Astral”, mas um demérito de “Babilônia”.

E assim, o novato Daniel Ortiz estreou na Globo com o pé direito. Ele tem experiência com novelas na América Latina e Oriente Médio, foi colaborador de Silvio de Abreu em “Passione” (2010) e no remake de “Guerra dos Sexos” (2012-2013). E Silvio supervisionou seu texto em “Alto Astral”, trama escrita a partir de uma sinopse deixada por Andrea Maltarolli (1962-2009).

O texto de “Alto Astral” não seria o suficiente para cativar, não fosse o bom elenco. Destaque para os veteranos Leopoldo Pacheco, Elizabeth Savalla, Christiane Torloni  e Silvia Pfeifer. Ainda Sérgio Guizé, como o protagonista Caíque, um herói romântico com jeito de bobalhão, um tipo que poderia não convencer, não fosse vivido por um ótimo ator. Outro caso semelhante: o estreante Gabriel Godoy, como Afeganistão, um bronco que falava errado. Já tivemos vários outros personagens semelhantes em nossas novelas (Tancinha de “Sassaricando”, Tony Carrado de “Mandala”), mas a aposta no talentoso Gabriel foi certeira.

Mônica Iozzi, de apresentadora de TV a atriz. E ela surpreendeu, outra boa revelação da novela. Sua Scarlet/Cidinha transitava facilmente entre o drama e a comédia. Ainda bem que aquela caracterização horrível e mal feita de Scarlet, de quando a personagem surgiu, foi por pouco tempo. Uma peruca loura das mais fakes que fez a gente preferir a Scarlet disfarçada de Cidinha.

“Pelo brilho da lhama dourada, saaabe!”

E a impagável dupla Samanta Paranormal e Pepito – Cláudia Raia e Conrado Caputo, que mostraram uma química perfeita. Tanto que pareciam uma série, dentro da novela, isolada da trama principal. Ainda que Claudia Raia tenha demorado para “entrar na personagem”. Mas quando engrenou, fez bonito. Samanta em nada lembrou a Jaqueline de “Ti-ti-ti” (2010), a última personagem cômica da atriz. Caricata? Sim, mas essa era a ideia. E Samanta não seria ninguém sem o peruano deslumbrado Pepito – Conrado Caputo, outra boa revelação da novela.

Ainda que a proposta de “Alto Astral” tenha sido cursar pela simplicidade e a despretensão, a novela acabou por afastar o público mais “exigente”, que torceu o nariz para o seu roteiro propositalmente “clichezento” e a considerou “bobinha demais”. No desfecho da trama (exibido nesta sexta-feira, 08/05) o autor exibiu um festival de “clichês de último capítulo de novela'' de fazer Glória Magadan chorar.

Bem… ainda bem que existe novela para todos os gostos, saaaabe!

Fonte: Uol

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