O policial norte-americano Michael Brelo, de 31 anos, foi absolvido neste sábado (23) da acusação de matar dois suspeitos negros desarmados em Cleveland, nos Estados Unidos, em 2012.
Segundo a agência de notícias Reuters, Brelo não foi considerado culpado por ter matado a tiros os dois suspeitos após uma perseguição de carro em alta velocidade. O juiz John O'Donnell disse que o policial agiu razoalmente quando atirou nos suspeitos em cima do capô do seu carro, disparando através do pára-brisa, quando eles já estavam cercados.
A perseguição policial, que começou no centro de Cleveland após relatos de tiros vindos do veículo em que o homem e a mulher se encontravam, se estendeu por várias cidades, com velocidades que chegaram a 145 km/h, e terminou após o disparo de 137 tiros por 13 policiais.
Russell foi atingido por 24 tiros e Malissa por 23. Nenhuma arma foi encontrada no carro ou ao longo do trajeto percorrido, e especialistas forenses testemunharam que o carro, fabricado em 1979, estava sujeito a produzir disparos pelo escapamento.
"Brelo estava agindo em condições difíceis até mesmo para funcionários experientes", disse o juiz ao dar a sentença.
"A acusação neste caso não poupou e foi de fato implacável. Foi um caso clássico de David vs Golias", disse o advogado de Brelo, Patrick D'Angelo.
Outros cinco supervisores policiais foram indicados por contravenção e abandono do dever e o julgamento está programado para julho. Sessenta e quatro oficiais doram punidos.
A prefeitura de Cleveland pagou US$ 1,5 milhão de dólares a cada uma das famílias das vítimas para encerrar um processo por morte indevida.
Brelo, que renunciou ao seu direito a um julgamento com júri, teria enfrentado de 3 a 11 anos de prisão se fosse condenado.
Protestos por mortes de negros
Alguns manifestantes se reuniram em frente ao tribunal, em Cleveland, para protestar contra o veredito, gritando "não há justiça, não há paz", enquanto policiais da tropa de choque monitoravam a situação. Houve uma forte reação contrária ao veredito em redes sociais.
O julgamento, iniciado em 6 de abril, ocorreu em meio a um clima de forte criticismo contra os agentes de segurança pública dos EUA, devido ao uso de força letal contra grupos minoritários. O caso foi examinado em seguida a uma série de mortes de homens negros desarmados em confrontos com policiais brancos, em vários Estados norte-americanos.
Na última quinta-feira (21), um policial de Olympia, no estado de Washington, atirou e feriu dois homens negros desarmados suspeitos de tentar roubar cerveja de um supermercado local. Depois que a notícia do incidente se espalhou, vários protestos pequenos tomaram conta de Olympia, uma cidade de cerca de 48 mil habitantes onde apenas 2% da população é negra, de acordo com dados do Censo dos EUA.
Em Baltimore, segundo a polícia local, quase 500 pessoas foram presas e mais de 100 policiais ficaram feridos desde o início dos protestos na cidade, em 23 de abril. As manifestações começaram após a morte de Freddie Gray, um jovem negro de 25 anos que foi ferido enquanto estava sob custódia policial.
Em fevereiro deste ano, a cidade de Pasco, no estado de Washington, nos Estados Unidos, viveu um clima de tensão reprimida, após a morte de um cidadão mexicano a tiros durante ação policial. Policiais de Pasco dispararam várias vezes contra Antonio Zambrano, um morador de rua de 35 anos. Segundo a versão oficial, ele estava atirando pedras nos agentes.
No fim de 2014, os Estados Unidos tiveram períodos de tensão quando grandes cidades do país Nova York, Chicago, Miami, Washington e Ferguson, no estado do Missouri, tiveram protestos após diversos casos de cidadãos negros mortos por policiais em circunstâncias que ainda não fora totalmente esclarecidas.
Em novembro de 2014, a cidade de Fergunson, no estado de Missouri, teve vários dias de tensão por causa de protestos pela morte de Michael Brown.
Fonte: G1
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