Preocupado com o cenário eleitoral em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a liberação de recursos federais para
ajudar o prefeito Fernando Haddad, pré-candidato do PT à reeleição na capital paulista.
A administração municipal espera, desde o ano passado, o repasse de aproximadamente R$ 8 bilhões oriundos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O montante seria destinado à reurbanização de favelas e outros projetos. Mas a liberação da verba ainda não recebeu o aval da presidente Dilma Rousseff.
Nos bastidores, a avaliação é a de que, sem esses investimentos, Haddad terá ainda mais dificuldades para ser reconduzido ao comando da maior cidade do país.
Lula apresentou a demanda à Dilma em reunião na sexta (22) na Granja do Torto, uma das residências oficias da presidente, em Brasília.
O ex-presidente também cobrou que ministros petistas com base eleitoral em São Paulo desembarquem no Estado para fazer agenda política e, com isso, "ocupar espaço" em prol de Haddad.
Na avaliação interna, os R$ 8 bilhões do PAC serviriam para ajudar a criar uma "marca na periferia" para Haddad, dando impulso ao propósito de sua reeleição.
Pesquisas mostram a dificuldade do prefeito nesse estrato social. Levantamento do Datafolha apurado em fevereiro deste ano mostrou que sua gestão foi considerada ruim ou péssima por 44% dos paulistanos. A taxa é semelhante nas faixas de menor renda, onde os petistas tradicionalmente costuma ter melhor desempenho.
O cenário eleitoral é considerado "difícil". Daí o esforço para melhorar a conexão com a população mais pobre. Hoje, esse espólio ainda é da ex-prefeita Marta Suplicy, que deixou o PT para desafiar Haddad no ano que vem –a tendência é que ela se filie ao PSB para disputar a eleição.
PERIFERIA
O dinheiro defendido por Lula para a cidade de São Paulo seria usado na construção de 11 corredores de ônibus, 12 obras de prevenção de enchentes e moradias para 55 mil famílias.
Petistas já não escondem um prognóstico desanimador no ano que vem. A maioria teme uma lavada nas urnas dos grandes centros urbanos.
O desgaste é motivado pela impopularidade da gestão petista em âmbito federal, somada à rejeição crescente ao PT em diversos redutos.
O escândalo de corrupção na Petrobras, desvendado pela Operação Lava Jato, ajudou a corroer a imagem da legenda e de seus representantes.
Por essa razão, investimentos extras são considerados cruciais para dar competitividade à candidatura do petista em São Paulo.
O repasse, porém, esbarra no esforço do governo federal em apertar os cintos para economizar dinheiro do orçamento.
Na mesma sexta-feira em que Lula pedia transferências do PAC para ajudar Haddad, o governo federal anunciava um corte de R$ 25,9 bilhões no próprio programa.
Apesar do empenho do ex-presidente, ministros são céticos quanto ao sucesso da demanda. "Está difícil pensar numa ajuda assim. Talvez o prefeito precise se virar sozinho", disse um deles, sob condição de anonimato.
Fonte: Folha de São Paulo
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