Após um ano do início do funcionamento do Aeroporto Internacional Aluízio Alves, na Grande Natal, os acessos ao terminal não estão 100% concluídos. A obra, de
responsabilidade do Governo do Estado, já teve dezenas de prazos estipulados e não cumpridos. No acesso Norte, a BR-406 deveria ter um trecho de seis quilômetros duplicado, mas não tem. E ainda há um viaduto, cuja construção foi retomada a poucos dias. Já no acesso sul, o serviço parou na terraplanagem. Os usuários criticam os acessos.
O aeroporto de Natal recebeu o primeiro voo às 9h40 do dia 31 de maio de 2014. O Consórcio Inframérica (Engevix e Corporación America), responsável pela administração, investiu R$ 500 milhões na construção do terminal. Este foi o primeiro aeroporto brasileiro administrado exclusivamente pela iniciativa privada.
Para chegar ao aeroporto, a opção é pegar a BR-406. Na entrada da estrada de acesso ao terminal o motorista se depara com a obra do viaduto no meio da via e precisa passar por um desvio improvisado. "O que foi de responsabilidade da iniciativa privada ficou pronto. O aeroporto tem uma boa estrutura. O problema é para chegar até aqui. Tem uma obra de um viaduto no meio do caminho, está mal sinalizado, tá complicado", disse o educador Raimundo Melo, que mora em Natal e estava no terminal para embarcar para Fortaleza.
Viaduto sobre a BR-406 não foi concluído (Foto: Fernanda Zauli/G1)
De acordo com o diretor do departamento de Estrada de Rodagem do Rio Grande do Norte (DER), Jorge Ernesto Pinto Fraxe, as obras do viaduto que ligam a BR-406 ao acesso norte foram retomadas este mês e devem ser concluídas em julho. Já a duplicação dos seis quilômetros da rodovia - que vão da rotatória de Extremoz até a entrada para o aeroporto - está prevista para ser concluída somente em dezembro.
A situação da BR-406 é um dos maiores motivos de reclamações dos motoristas. O empresário Marcio Paulino, de 42 anos, conta que já teve um pneu furado quando passou por um buraco. "A pista está toda esburacada. E não são buracos pequenos. Tá perigoso mesmo. É uma vergonha que a porta de entrada da nossa cidade, o primeiro lugar por onde o turista passa quando chega, esteja nestas condições", disse.
Buracos na BR-406 são uma das principais reclamações dos motoristas (Foto: Fernanda Zauli/G1)
O acesso sul está mais atrasado. No local, nenhum sinal de obra. Apenas uma estrada de terra aberta em meio à mata. O diretor do DER explicou que lá as obras devem ser retomadas apenas no segundo semestre deste ano e que a meta é concluir o acesso no final de 2016. "Essa é a nossa meta, e esses acessos estão sendo tratados como prioridade pelo governador", disse Fraxe.
A obra dos acessos foi licitada em 2009, mas só teve início em agosto de 2013. O projeto, orçado em R$ 73 milhões, previa a construção de 33,7 quilômetros de estrada duplicada, ligando o aeroporto à BR-406 pelo acesso norte e às BRs 304 e 226 pelo acesso sul. O valor do contrato já teve vários reajustamentos por causa dos contantes atrasos. O diretor do DER preferiu não revelar quanto já foi gasto na construção dos acessos até o momento, mas sabe-se que o valor já está bem acima do previsto inicialmente.
Acesso Sul não foi sequer iniciado (Foto: Fernanda Zauli/G1)
Terminal tem avaliação positiva
Enquanto os acessos são motivo de reclamação, a estrutura do terminal recebe muitos elogios. O casal Camila Melo Martins, de 24 anos, e Fernando Oliveira de Almeida, de 22 anos, esteve em Natal pela primeira vez e aprovou o aeroporto. "Achei a estrutura muito boa, tudo novinho. Tem caixa eletrônico, tudo o que a gente precisa em um aeroporto", disse Camila. "Tudo novinho. Está aprovado", afirmou Fernando.
Em uma pesquisa realizada e divulgada em abril deste ano pela Secretaria de Aviação Civil, o Aeroporto Internacional Aluízio Alves ficou na 8ª posição no país com uma média geral de 4,12 pontos para notas de 1 a 5.
Dos 48 itens analisados, o Aluízio Alves teve nota acima de 4 em 36 deles. Em seis, a nota ficou acima de 3; e em outros seis, acabou com nota superior a 2. Os itens mais bem avaliados, destacados entre os dez mais relevantes da pesquisa, foram Conforto e Limpeza Geral (4,66), Sala de Embarque (4,55) e Devolução das Bagagens (4,42).
Estrutura do aeroporto agrada usuários (Foto: Fernanda Zauli/G1)
Hub
O Rio Grande do Norte está na disputa com o Ceará e Pernambuco para sediar o Hub da Tam. O secretário de Turismo do RN, Ruy Gaspar, garante que o estado parte na frente nesta disputa quando se compara os aeroportos das três capitais. "Nosso aeroporto é o único que permite pousar o Airbus A 380, maior do mundo, e é o único onde se pode construir uma pista igual à que já temos. Também temos uma área patrimonial e capacidade de cargas três vezes maior que a dos outros dois. Temos produção de querosene de aviação em Guamaré a apenas 120 km, onde obviamente temos que ter o custo do frete bem menor que Fortaleza e Recife. E este custo do QAV representa mais de 40% nos custos das companhias aéreas", afirmou.
Em um ano de funcionamento, o novo aeroporto teve anunciado quatro novos voos. Campinas, Belo Horizonte, Buenos Aires e Milão são os destinos. Há ainda a perspectivas de novos voos para Santiago (Chile), Bogotá (Colômbia), Roma (Itália), Estocolmo (Suécia) e Frankfurt (Alemanha) para o próximo ano.
O G1 solicitou à Inframérica o número de voos e passageiros neste primeiro ano de operação do terminal, mas até a publicação desta matéria o consórcio não havia respondido.
Aeroporto de Natal pode se tornar um hub (Foto: Fernanda Zauli/G1)
Fonte: G1
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