Gerente do mercado do Distrito Federal que denunciou à polícia o eletricista desempregado Mário Ferreira Lima, que tentou furtar carne para alimentar o filho, Ednaldo Belém Silva disse ao G1 reconhecer que o homem passa necessidades, mas questionou a intenção dele. O crime aconteceu na quarta-feira (13), Lima foi solto depois de agentes da Polícia Civil se comoverem e pagarem a fiança.
"Se ele quisesse só uma carne para ele comer, ele ia pedir 1 kg de carne, mas pedir duas peças de carne, de uma das melhores carnes que tem [coxão duro]? Eu acho que ele já vem fazendo isso outras vezes. Não acho que era só por necessidade", afirmou.
De acordo com o gerente, a postura de Lima já havia causado suspeitas em outras duas idas ao mercado. Ele disse ainda que o eletricista "passou como vítima".
"Não acho que ele tinha que ficar preso, [tinha mesmo que] pagar a fiança realmente e ser liberado, ou ficar um dia, dois dias lá, e se arrepender do que fez", afirma. "Para mim foi caso pensado, não foi desesperado."
Lima foi preso depois de ser flagrado por câmeras de segurança do mercado, em Santa Maria , com 7 kg de carne escondidos dentro da mochila. Ele disse em depoimento que praticou o crime para alimentar o filho, de 12 anos.
O homem cria o menino sozinho desde que a mulher se mudou para a casa de um filho mais velho, de outro casamento, para se recuperar das sequelas de um acidente. O eletricista se disse arrependido do crime e classificou a própria situação como "desespero". "A pior que coisa existe na vida da gente é não poder alimentar o próprio filho", disse.
O presidente da Comissão de Ciências Criminais e Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil, Alexandre Queiroz, disse que a defesa pode buscar enquadrar o caso do eletricista como "estado de necessidade", se ficar comprovado que ele não tinha mesmo outras condições de conseguir alimento.
O advogado disse, no entanto, ser importante que as autoridades fiquem alertas às mazelas sociais e que casos como esse não sejam estimulados.
"A meu ver os policiais agiram acertadamente, até porque eles cumpriram com as formalidades. E é importante deixar isso claro, eles cumpriram com as formalidades. Como cidadãos foi que eles se sensibilizaram e pagaram a fiança, e o policial, pelo tipo de trabalho que exerce, tem essa sensibilidade de enxergar as pessoas. Mas não se pode esquecer que houve um crime", declarou.
Fonte: G1
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