Em entrevista publicada no último domingo (24) na Coluna Vertical S/A, o ex-presidente da TAM, David Baroni Neto, minimizou indiretamente as chances de Natal
conseguir atrair o hub da TAM, que ela disputa com Fortaleza e Recife.
Hoje presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Baroni afirmou que já estudou o caso, mas não revelou o que concluiu. Apesar disso, deixou pistas.
Uma primeira crítica atinge em cheio o aeroporto de São Gonçalo do Amarante e o argumento dos gestores locais de que ele vai desenvolver a região.
“Essa teoria de que vou fazer o Aeroporto e depois as coisas se desenvolvem em volta não funciona. Este é um equívoco que se faz. Ah, eu ponho um aeroporto na cidade e todo mundo em volta vai se movimentar. Não vai. Isso foi assim no passado. Com portos antigos era assim. Gênova, Lisboa, Rio, faziam com que cidades grandes ficassem em volta. Durante muitos anos acreditou-se na aviação como porto. Põe o aeroporto e nasce cidade em volta. Já se provou que por estatísticas e estudos que isso não acontece mais. Porque as cidades estão tão desenvolvidas e a logística tão complexa que não basta ter ao aeroporto para atrair. Precisa ter condições fiscais, condições de transporte terrestre, energia elétrica, residência para os funcionários, serviços. Não é trivial. No Nordeste deve-se ter dois HUBs. Passageiros e um de cargas bem feito.
Outro ponto negativo para Natal é o baixo PIB (R$ 12 bilhões), em comparação ao de Recife (R$ 30 bi) e Fortaleza (R$ 42 bi). “A carga tem que estar a 100 , 200 km no máximo do aeroporto. Muito simples. Carga com valor agregado. Pode até ser pesada, mas com valor agregado. Commodity tem custo de transporte maior do que a margem. Normalmente é produto eletrônico, flores, animais vivos. É pegar cinco seis produtos com mais capacidade de produção. Bota no mapa e o aeroporto tem de estar perto. Exemplo: nunca se imaginou que o aeroporto de Salvador fosse exportar vinho. Uma produção ali no Vale do são Francisco com valor agregado, cuja produção sai por Salvador. O Vinho não foi feito ali por causa do aeroporto. São 3.200 km de rio. Foi feito lá porque o rio está lá”, disse.
Fonte: Portal JH
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