A partir de setembro, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) terá que reduzir para 10 m³/s o volume de
água captado do Sistema Cantareira. Isso significa queda de 25,9% na atual vazão liberada para abastecimento da população na Grande São Paulo, de 13,5 m³/s, a partir de junho. Antes da crise, a Sabesp chegou a retirar 33 m³/s do manancial.
Na prática, a redução da vazão não deve causar cortes no fornecimento de água porque a principal obra do governo paulista contra a crise hídrica este ano - a interligação da Represa Billings ao Alto Tietê - vai ampliar em 4 m³/s a produção de água para a região metropolitana e vai compensar a diminuição de volume de água tirado do Cantareira. A obra deve ser entregue até o começo de setembro, segundo o governador Geraldo Alckmin.
Já a liberação de água do Cantareira para a bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), no interior paulista, vai aumentar em 40%, dos atuais 2,5 metros cúbicos para média de 3,5 metros cúbicos a partir do próximo mês. Um metro cúbico (m³) corresponde a 1 mil litros.
As decisões sobre as novas vazões foram tomadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e o Departamento de Água e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE) na manhã desta segunda-feira (25) durante reunião na sede da Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, na capital paulista, para definir a operação do Cantareira no período de junho a novembro. Representantes dos comitês das bacias hidrográficas do Alto Tietê e do PCJ também participaram do encontro.
A redução da retirada do Cantareira, manancial que mais sofreu com a crise hídrica desde o ano passado, fará com que o reservatório chegue até o período de chuva em 2015/2016 de maneira estável. Mas, segundo o superintendente do DAEE, Ricardo Borsari, o sistema ainda vai depender da sua reserva técnica, conhecida como volume morto e usada há um ano.
“Tendo em vista que há uma redução significativa da retirada do Sistema Cantareira, se você tiver cenários tão restritivos [de chuva] como em 2014, nós ainda chegamos em relação ao volume de água existente no Sistema Cantareira em uma situação mais confortável. Na verdade, a redução da retirada é que permite que o reservatório tenha um comportamento mais estável nesse período”, explicou o presidente da ANA, Vicente Andreu.
Principal obra para crise
Em setembro, o governo paulista prevê que a interligação da Represa Billings ao Sistema Alto Tietê esteja em operação. Essa é a principal obra do governo contra a crise hídrica este ano e irá aumentar em 4 m³/s a produção de água para a região metropolitana. O bombeamento fará com que regiões que hoje recebem água do Cantareira possam ser atendidas pelo Alto Tietê, ajudando a aliviar o manancial em crise.
A interligação estava prevista para estar concluída em maio, no início do período de seca, mas atrasou por causa que liberações de licenciamento ambiental, segundo o governo, e começou no início deste mês. O novo prazo para início das operações é fim de agosto ou começo de setembro.
O superintendente do DAEE, Ricardo Borsari, disse que a redução de retirada do Cantareira está relacionada ao cumprimento dos prazos para a entrega das obras de ligação da Billings ao Alto Tietê.
O Cantareira, manancial que passa pela situação de seca mais crítica, chegou a abastecer 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, mas por causa da queda do nível dos reservatórios desde o ano passado, o sistema atende hoje 5,4 milhões.
Também ficou definido que a ANA e DAEE poderão autorizar, se necessário, aumento da liberação para a bacia do Alto Tietê, na Estação Elevatória de Santa Inês, após solicitação dos Comitês PCJ ou da Sabesp. Até fim de agosto, os órgãos reguladores vão reavaliar a situação do Cantareira de acordo com as vazões de entrada e retirada de água.
Outras obras
Outra grande intervenção prevista é a ligação do Rio Paraíba do Sul com o Sistema Cantareira, o mais prejudicado pela crise hídrica. A obra já foi autorizada pela Agência Nacional de Águas, mas deve ficar pronta apenas no ano que vem. Essa é a principal intervenção direta no Sistema Cantareira.
As outras obras já em andamento vão socorrem os outros sistemas e ajudar o Cantareira de forma indireta. Isso porque a Sabesp fez modificações na rede e aumentou o número de consumidores abastecidos pelo Sistema Guarapiranga, por exemplo.
Em abril, a Sabesp anunciou, por exemplo, que uma nova adutora permitiu que o Sistema Rio Grande passasse a abastecer bairros na região de Pedreira, Zona Sul de São Paulo. A obra desafoga o Guarapiranga, que atendia essas áreas anteriormente. Com isso, o Guarapiranga pode passar a abastecer áreas que recebem água do Cantareira.
A ligação do Rio Guaiaó ao Sistema Alto Tietê, orçada em R$ 28,9 milhões, está em fase de conclusão e deve transferir à Represa de Taiaçupeba 0,8 metros cúbicos/segundo. Também para o Sistema Alto Tietê, a Sabesp prevê a captação de 2,1 metros cúbicos no rio Itatinga à Represa Jundiaí.
Fonte: G1
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