Depois da fuga dos 33 detentos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, o Governo do Estado já tomou as primeiras providências para evitar que novos casos como esse se repitam. A principal delas é o aumento no número de revistas dentro
da unidade, exatamente para tentar evitar que novos túneis sejam construídos.
A informação foi confirmada pela diretora de Alcaçuz, Dinorá Simas. “Já fiz essa solicitação e iremos aumentar o número de revistas o mais rápido possível. O secretário (Edilson França) entendeu a necessidade desse maior rigor nas revistas. Eles tiveram pouco tempo para construir esse túnel e conseguiram escapar dessa forma. Não iremos permitir que isso aconteça novamente”. O “pouco tempo” destacado por Dinorá durou menos de uma semana, mais ou menos o tempo da última revista feita na unidade, que contou com o apoio da Força Nacional.
“Essa revista foi feita depois das rebeliões que aconteceram no Estado. O problema é que com os danos causados pelos detentos, eles ficaram “livres” dentro da unidade. Isso facilitou para eles. Um dos detentos que nós conseguimos recapturar afirmou que eles levaram apenas oito dias para construir o túnel. Por isso temos que aumentar a fiscalização dentro da unidade”, explicou a diretora de Alcaçuz. Agora Dinorá conta que o próximo passo é utilizar uma retroescavadeira para tentar entender como os detentos conseguiram construir o túnel em tão pouco tempo. “Queremos saber as dimensões desse túnel. Se eles construíram um, também podem ter feito outro. Vamos utilizar a retroescavadeira no entorno da unidade. Assim conseguiremos identificar exatamente a extensão do túnel”.
Utilizando uma rede social, o juiz Henrique Baltazar, titular da Vara de Execuções Penais do Rio Grande do Norte, destacou a importância de medidas mais rígidas no sistema prisional, principalmente diante da atuação situação de destruição dos presídios. “Para que saibam que avisei: a fuga de hoje foi a primeira mas outras acontecerão, porque os presos controlam os presídios internamente. Sem grades nas celas e sem revistas diárias eles podem cavar túneis com facilidade. A situação da Cadeia Pública de Natal e de vários CDPs é igualmente precária. Poderão ocorrer fugas em massa em alguns deles. As coisas podem mudar se o governo agir de verdade: precisa liberar dinheiro não só para reconstruir os presídios semidestruídos, mas principalmente para construir outros (e não falo só da Cadeia Pública de Ceará Mirim, cuja verba está disponível há mais de um ano), mas de vários CDPs (de verdade, não as carceragens transformadas em presídios que existem pelo RN), o que pode ocorrer em poucos meses”.
Dinorá Simas ainda explicou que até agora apenas 4, dos 32 presos que fugiram, foram recapturados. “Falaram que tinham sido cinco, mas não é verdade. Um rapaz do regime semiaberto estava indo para casa e a população viu. Eles pensaram que se tratava de um fugitivo e entraram em contato com as autoridades. O preso foi detido, mas aqui checamos que se tratava de um detento do semiaberto e não de um fugitivo de Alcaçuz”.
Coape – Diretor deixa o cargo depois de um dia
A crise no sistema penitenciário do Rio Grande do Norte fez mais uma “vítima”. Depois de apenas um dia na titularidade da Coordenadoria de Administração Penitenciária (Coape), Eider Brito deixou o cargo. O motivo, entretanto, não foi divulgado pela Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc). Ao ligar para telefone funcional da Coape, que fica com o coordenador do órgão e no qual o Jornal de Hoje tinha falado com Eider nessa segunda (6) – único dia que Eider respondeu pelo órgão – uma funcionária da Coape apenas se limitou a dizer “o Eider realmente saiu. Estamos sem nenhum coordenador”.
Eider não chegou a ser nem mesmo nomeado oficialmente para o cargo. Apesar disso, o Governo sofreu duras críticas do juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Caicó, Luiz Cândido Villaça. Ele enviou um ofício para o secretário de Justiça e Cidadania (Sejuc), Edilson França, recomendando a não nomeação de Eider.
No ofício, Villaça destacou que “questão é grave e deve ser tratada de maneira transparente”. Para o juiz, Eider não reúne os predicamentos para exercer tal cargo. O motivo seria o fato de que Eider, quando exercia o cargo de vice-diretor do Presídio Estadual do Seridó, foi denunciado pelo Ministério Público por estelionato. “Assim sendo, acreditando que não exista situação ruim o suficiente que não possa piorar, informo, por dever de lealdade, que caso o Governo do Estado insista na indicação, este magistrado, nos limites da lei e do poder outorgado pela Constituição Federal aos membros do Poder Judiciário, não poupará esforços no sentido de fiscalizar previamente todos os atos praticados pela pessoa acima mencionada no que concerne ao Presídio Estadual do Seridó, uma vez que não existe qualquer vínculo de confiança entre esse magistrado e o Sr. Eider Pereira de Brito”.
Fonte: Portal JH
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